Associação denuncia falta de medicamentos

Os remédios são destinados a transplantados com anemia e devem ser utilizados diariamente

Em dezembro do ano passado, pacientes denunciaram ao Diário do Nordeste distribuição fracionada dos medicamentos para transplantados

01:00 · 03.03.2018

A Associação Cearense de Renais e Transplantados denunciou, ontem (2), a falta de medicamentos para pessoas com transplante renal no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Segundo o presidente da entidade, Agnel Conde Neto, o remédio "alfaepoetina", utilizado por pacientes com anemia, está há dias indisponível na unidade. A Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) e o Ministério da Saúde negam a carência do produto.

Cerca de duas semanas atrás, após entrar em contato com a farmácia do Hospital, Agnel constatou que o medicamento já estava em falta e foi informado de que não havia previsão de chegada. Na última quinta-feira (1º), o presidente da Associação relata que voltou a checar a disponibilidade do remédio e continuou recebendo negativas.

Ele afirma que o medicamento é destinado a transplantados com anemia e deve ser utilizado diariamente. Dependendo do caso, a prescrição é para uso várias vezes por dia. Diante das orientações, Agnel alerta para a necessidade de manter o estoque do medicamento em dia. "Paciente transplantado não pode passar três dias sem tomar. Meu filho tem mais de 25 anos de transplante e passou muito tempo sem precisar, mas agora voltou. É algo imprevisível", diz.

Recorrente

A falta do medicamento, conforme o presidente da entidade, é recorrente, tendo sido alvo de denúncias à Defensoria Pública da União (DPU) e ao Ministério Público do Estado (MPCE).

Agnel destaca que não há outras formas de obter o medicamento a não ser na rede pública. "Não vende em farmácia, é proibido por lei. Então não tem outro meio", diz. "O Ministério da Saúde manda fazer o transplante, que é o mais caro, mas quando chega na hora de tomar os remédios, não tem", critica.

O caso se soma às denúncias feitas nos últimos meses sobre falta de medicamentos e insumos para transplantes na rede estadual de Saúde. Em dezembro do ano passado, pacientes que passaram por transplante do coração no Hospital Doutor Carlos Alberto Studart, em Messejana, relataram não estarem recebendo remédios na unidade de saúde.

No mesmo mês, um paciente morreu na fila de espera por um transplante de coração no mesmo hospital em virtude da carência de material hospitalar e de um medicamento necessário para o pós-cirúrgico.

Ainda em dezembro, pessoas transplantadas denunciaram o fracionamento de remédios em hospitais da Capital. A distribuição restrita nas unidades obrigou pacientes a retornar em busca de novos lotes a cada 10 dias.

Resposta

Em nota enviada ao Diário do Nordeste, a Sesa informou que a alfaepoetina é de repasse do Ministério da Saúde e que "o estoque está regular". Por sua vez, o Ministério comunicou que "a distribuição dos medicamentos Alfaepoetina 2.000UI e 4.000UI para a Secretaria Estadual de Ceará está regular". De acordo com a Pasta, no mês de fevereiro foram repassadas ao Estado 25.500 unidades da alfaepoetina 2.000UI e 99.000 da alfaepoetina 4.000UI, referentes ao primeiro trimestre de 2018.

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