Situação dos genéricos no País

17/01/18 | Equipe Online – online@jcruzeiro.com.br

Mário Cândido de Oliveira Gomes

Os genéricos são medicamentos que têm a mesma fórmula química do produto de marca, assim como a mesma bioequivalência (dose). Então, por que existem barreiras que impedem o aumento na prescrição e no consumo desses produtos? Em 2003, a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos) divulgou pesquisa realizada entre médicos, balconistas de farmácias e consumidores, para conhecer os dois mais sérios problemas enfrentados pelos genéricos: troca de produto do receituário por similares nos pontos de venda e falta de confiança dos consumidores.

As principais conclusões do estudo foram:

A – Médicos: 95% têm confiança nos genéricos, mas não estão bem informados, por falta de divulgação do governo e laboratórios; 81% discordam de promoções de similares feitos pelos balconistas, pois induzem a bonificação, com prejuízo para o paciente; 85% da classe não têm restrições à troca pelos farmacêuticos do medicamento de referência; 85% dos médicos ou seus familiares já tomaram genéricos, porém não prescrevem; 77% têm restrições à prescrição de similares, que não apresentam testes de bioequivalência e equivalência farmacêutica; 75% aguardam mais informações sobre os medicamentos para aumentarem suas prescrições; 61% afirmam não ter qualquer tipo de restrição; 53% sequer dispõem de uma lista de genéricos no consultório e somente 20% acessam as listas disponíveis na internet. Ainda, 52% confiam no governo para divulgar os medicamentos para a população e, finalmente, 59% acreditam que o preço é a única diferença entre genéricos e medicamentos de marca.

B – Consumidores: 98% conhecem o termo "genérico", 78% desconhecem o nome "medicamento de referência" e 30% nunca ouviram falar em "similar"; 89% associam os genéricos à eficácia terapêutica e preço acessível, enquanto 84% gostariam de mais informações; da mesma forma, 78% sugerem mais campanhas pelo governo e 76% informam que preço é o fator decisivo; todavia, 67% alegam que os médicos não receitam (17% dos médicos fazem como primeira escolha) e somente 47% confiam nesses produtos.

C – Balconistas de farmácias: 78% apresentam o similar e náo o genérico como alternativa à receita (prática ilegal por lei). sendo que 34% oferecem medicamentos diferentes dos prescritos pelo médico e outros 34% sugerem a opção de troca espontaneamente pelo genérico. Finalmente, apenas 25% das farmácias têm lista atualizada dos genéricos para consulta dos balconistas e consumidores.

Para concluir, a pesquisa evidenciou: 1 – Embora médicos e consumidores confiem nos genéricos, precisam de melhor informação; 2 – O Ministério da Saúde e a iniciativa privada devem assumir juntos o papel de responsáveis pela divulgação dos genéricos, para modificar a cultura da prescrição de medicamentos de marca pelos médicos e acesso a produtos de qualidade e mais baratos para a população carente. 3 – Intensificar a fiscalização dos pontos de venda.

Como se pode observar, todos os pontos da cadeia de utilização dos genéricos apresentam problemas que impedem a prescriçáo e o consumo desses medicamentos em nosso país. As providências devem partir do governo.

Artigo extraído do livro Doenças – Conhecer para prevenir (Ottoni Editora), de autoria do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos, no dia 6 de junho de 2013.

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