Votação de projeto que institui piso de farmacêutico é adiada para quarta

Decisão aconteceu depois de divergências entre deputados

Mayara Bueno e Leonardo Rocha

Ficou para quarta-feira (9) a votação do projeto de lei que institui o piso salarial dos farmacêuticos de Mato Grosso do Sul. Prevista para hoje, a discussão não aconteceu, pois relator e autor da proposta se desentenderam sobre o parecer.

Conforme a presidente do CRF (Conselho Regional de Farmácia), Kelle Slavec, atualmente existem pisos diferentes e intenção do projeto é unificá-los, tendo como base o salário de R$ 3.748 para 40 horas semanais.

A remuneração, se aprovada, vai abranger profissionais que atuam em hospitais, laboratórios e farmácias. São 3 mil atuantes em MS.

Nesta manhã, o plenário estava lotado de profissionais aguardando a votação do projeto. Semana passada, os deputados aprovaram o regime de urgência da medida.

Discussão – O problema começou porque o relator do projeto, deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia, Beto Pereira, afirmou que, para votar hoje precisaria de seu parecer, mas o regimento dá o prazo de 48 horas para elaboração, o que gerou vaias do público. “Como o tema é importante, eu não poderia emitir neste momento, então vou usar este tempo para depois me manifestar”.

Contrariado, o deputado Paulo Siufi (PMDB) lembrou que já votou outros projetos em regime de urgência, medida prevista no regimento. “Como houve esta decisão, eu declaro que estou saindo da base do governo, se não for votado o projeto”.

Para encerrar a discussão, o presidente da casa de leis, deputado Junior Mochi (PMDB), deu prazo de 24 horas para que Beto emita o parecer. Desta forma, a votação da matéria está prevista para amanhã.

Afirmando ter saído da base, Siufi deixou a Assembleia junto com os farmacêuticos, afirmando que iria na Governadoria para comunicar a decisão ao governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB).

Governo de PE tem 72 horas para comprar rol de medicamentos contra HIV e Aids

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/05/2017 13:22
A Justiça de Pernambuco concedeu uma liminar de ação civil pública proposta pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), determinando que o governo do estado de Pernambuco realize, no prazo de 72 horas, a compra imediata do rol de medicamentos constante no Programa de Infecções Oportunistas da Secretaria Estadual de Saúde, em quantidade suficiente para atender às pessoas vivendo com HIV/Aids da rede do Sistema Único de Saúde em Pernambuco (SUS/PE) para 30 dias; bem como, no prazo de 15 dias, a providência do estoque suficiente para 180 dias.

A decisão, tomada nesta segunda-feira, determina ainda que a empresa ALCLOG Serviços e Consultoria LTDA cumpra, no prazo de 48 horas, os termos do contrato celebrado com o Poder Público, no que diz respeito à gestão, armazenamento e distribuição dos medicamentos antirretrovirais (ARV), sem prejuízo do cumprimento das demais cláusulas contratuais, sob pena de multa, além da já fixada no referido contrato.

Os antirretrovirais e demais remédios do rol de medicamentos constante no Programa de Infecções Oportunistas da Secretaria Estadual de Saúde são essenciais ao tratamento das pessoas vivendo com HIV/Aids e a falta de sua dispensação pode inclusive levar os pacientes a óbito.

O MPPE, por meio das 11ª e 34ª Promotorias de Justiça com atuação na Defesa da Saúde da Capital, ajuizou na sexta-feira passada, na 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital, a referida ação civil contra o Estado de Pernambuco, ALCLOG Serviços e Consultoria LTDA e CEASA-PE/OS – Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco, objetivando a regularização da distribuição de medicamentos antirretrovirais e aqueles destinados a doenças oportunistas que acometem os pacientes portadores de HIV/Aids em Pernambuco.

No entendimento das promotoras de Justiça Helena Capela (34ª) e Maria Ivana Botelho (11ª), os medicamentos em questão não têm sido corretamente dispensados aos pacientes, em função de falhas e equívocos no planejamento e distribuição das entregas por parte do Estado de Pernambuco e pela empresa ALCLOG. Foi constatado, por meio do inquérito civil instaurado em 2014 (para apurar a falta de distribuição desses medicamento), que a falta da medicação não se daria pela ausência de repasse do Ministério da Saúde, uma vez que enviou todos os pedidos feitos pelo Estado de Pernambuco.

O MPPE constatou ainda que a inexistência de vários remédios se daria por falha técnica no próprio requerimento dos pedidos, através da alimentação do sistema usado para a requisição, bem como por erros no sistema logístico de distribuição, além do extravio de medicamentos, dada a divergência entre o número que o Ministério da Saúde informou ter remetido e aquele que consta como efetivamente recebido pela segunda ré, responsável pela sua distribuição.

Moradores reclamam de demora e falta de remédios na Farmácia Cidadã de Vila Velha

Eles dizem que esperam horas no local e, às vezes, saem sem o que queriam. Governo diz que problemas pontuais estão relacionados a fornecedores.

Por Tatiane Braga, TV Gazeta

09/05/2017 15h46

VC no ESTV: clientes da farmácia cidadã na Grande Vitória reclamam de desorganização

Aqueles que precisam pegar remédio na Farmácia Cidadã de Vila Velha, Grande Vitória, reclama da falta de respeito quanto à espera de horas, a falta de lugar para sentar e, muitas vezes, a ausência de medicamentos.

O aposentado Darcy Lenke é diabético e sofre de anemia grave. Ele está à espera de um transplante de rins e depende de medicamentos para contornar os problemas de saúde, mas, há 40 dias, está sem um deles, porque não consta na farmácia cidadã.

“Eles alegam que estão aguardando o remédio, mas não chega. Se quiser comprar, tem que ter dinheiro, porque custa caro, em torno de R$ 1,6 mil cada ampola. Eu não tenho condições de comprar”, disse.

Quem aguarda atendimento garante que a espera dura horas. “A minha senha é a 150 e, agora, está na faixa de 42. Eu não saio daqui antes das 14h. Lá dentro, tem gente de cadeira de rodas, gente de muleta, gente com fome, está entupido, os banheiros não têm papel, falta copo descartável e, principalmente, falta respeito a quem precisa”, falou o autônomo Ângelo Correa.

Mesmo depois de esperar, muitas pessoas saem do local em o que foram buscar. “É a terceira vez que está em falta. Eu não posso comprar esse remédio, que é para depressão. O jeito é aguentar”, disse o aposentado José Freitas.

A corretora de saúde Zenilda Gomes apela às autoridades. “Semana passada, eu não consegui. O da minha mãe, mês passado, tive que comprar, porque não tinha a medicação. Eu acho que os nossos governantes deveriam olhar mais pra gente, porque, se a gente está aqui nessa fila, é porque a gente não tem condições de comprar medicação cara”, declarou.

Governo

A gerente de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Gabriele Freitas, falou que os problemas pontuais estão relacionados ao Ministério da Saúde e a fornecedores.

“Eles não têm entregado as medicações na data correta. A gente pede, notifica, multa esses fornecedores, mas, mesmo assim, a gente não consegue a resposta em tempo hábil. A gente está fazendo uma programação ainda maior para essas medicações, mandando para o ministério, de fato, qual é nossa necessidade. E a gente também tem feito ações internas, de tentar remanejar com outros locais, ver com outros estados se tem a possibilidade de fazer o empréstimo”, explicou.

Quanto às reclamações sobre a estrutura dos locais, a gerente disse que já há conversas em andamento para a substituição dos espaços físicos.

“A secretaria tem ciência e, por isso, estamos correndo atrás, junto aos secretários de saúde municipais. De Vitória e da Serra, a gente já está conseguindo uma conversa para tentar trocar o espaço físico. Quanto a Vila Velha, existem boas notícias, porque a gente já conseguiu preparar todo o esboço da troca do lugar e a gente acredita que até o final do ano a gente consiga fazer essa troca”, afirmou Gabriele.

Ela disse ainda que, para não perder a viagem procurando o medicamento, é só telefonar ou entrar no site da farmácia. Os telefones são 3636-8417 e 3636-8418 e o site é www.farmaciacidada.es.gov.br. As informações no site são atualizadas duas vezes por semana.

Regufe defende PEC de sua autoria que isenta remédios de impostos

Da Redação e Da Rádio Senado | 09/05/2017, 16h48 – ATUALIZADO EM 09/05/2017, 17h44

O senador Reguffe (sem partido-DF) defendeu, em pronunciamento nesta terça-feira (9), proposta de emenda à Constituição (PEC 2/2015) de sua autoria que proíbe a cobrança de impostos sobre remédios. Ele informou que a matéria poderá ser votada na próxima semana na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

O parlamentar afirmou que a relatora da proposta, senadora Simone Tebet (PMDB-MS) propôs uma forma escalonada na redução dos tributos sobre os medicamentos. Começaria com um desconto de 20% em 2018 até chegar à isenção total em 2022.

Reguffe ressaltou que há famílias que gastam mais de R$ 3 mil mensais na compra de medicamentos e que cerca de 37,5% desse valor são impostos.

– O correto seria o governo distribuir remédios gratuitamente para toda a população, mas na impossibilidade financeira do governo fazer isso, o mínimo que o Estado brasileiro devia fazer é não tributar esses medicamentos – disse.

Agência Senado

Problemas de segurança em um de cada três fármacos nos EUA (estudo)

AFP
09.05.17 – 20h56

Quase um de cada três novos fármacos aprovados nos Estados Unidos apresenta um problema de segurança após sua saída ao mercado ser autorizada, disseram na terça-feira pesquisadores americanos.

Embora raramente estas questões sejam suficientemente sérias para decidir pela retirada do medicamento do mercado, os pesquisadores disseram que os novos produtos deveriam ser monitorados durante anos depois de serem disponibilizados ao público.

Terapias de vanguarda conhecidas, como produtos biológicos, medicamentos psiquiátricos e remédios que saíram pela via rápida da agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA) eram mais propensos a requerer advertências de segurança adicionais após a aprovação, disse o estudo publicado na revista Journal of American Medical Association (JAMA).

Para o estudo, pesquisadores da Universidade de Yale analisaram 222 novos medicamentos aprovados entre 2001 e 2010, acompanhando-os ao longo de 2017.

No total, 32% (71) dos novos remédios tiveram um resultado deficiente de segurança após a aprovação, segundo a pesquisa.

Três fármacos foram retirados por motivos de risco para a saúde: Valdecoxib, um anti-inflamatório; Tegaserod, utilizado para o tratamento da síndrome do intestino irritável; e Efalizumab, uma droga usada para tratar a psoríase.

“Muito raramente há uma retirada de drogas (do mercado), mas existe, mais comumente, uma caixa preta de advertência, ou um comunicado para avisar sobre a segurança de um fármaco emitido pela FDA”, disse Joseph Ross, professor de medicina e saúde pública na Universidade de Yale.

Aberta seleção para gerente de medicamentos

Processo seletivo para gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos recebe inscrições de profissionais com ou sem vínculo com a Administração.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 09/05/2017 15:37
Última Modificação: 09/05/2017 18:00

As inscrições para o processo seletivo de Gerente-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa estarão abertas entre os dias 15 e 19 de maio. Os profissionais interessados em participar da seleção devem preencher e enviar o formulário disponível no link: http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.php?id_aplicacao=31699.

O processo seletivo está aberto a profissionais com ou sem vínculo com a Administração Pública seleção e será composto por duas fases: análise curricular e entrevistas comportamental e técnica. O cargo é de livre nomeação e exoneração.

Sindicato de propagandistas pede investigação do MPT

ENTIDADE que representa 1,8 mil profissionais no Estado afirmou que categoria não compactua com práticas agressivas reveladas por ZH

Após a série de reportagens de Zero Hora sobre irregularidades na indústria farmacêutica, o Sindicato dos Propagandistas do Rio Grande do Sul (Sinprovergs) encaminhou, ontem, representação para o Ministério Público do Trabalho (MPT) pedindo a abertura de inquérito “para a punição das empresas e das pessoas envolvidas nos fatos relatados”.

Nesta semana, Zero Hora publicou reportagens mostrando que laboratórios utilizam dados sigilosos das receitas para pressionar médicos, que recebem brindes, amostras grátis e até inscrições em congressos, em troca de prescrições. A reportagem também participou de um curso que descreve ambiente de machismo e pressões para entrar e fazer carreira no setor.

O Sinprovergs, que representa 1,8 mil profissionais no Estado, informou, em nota, que a categoria não compactua com irregularidades e que o trabalho de ZH demonstra “a prática agressiva e antiética de determinadas indústrias farmacêuticas na consecução dos seus objetivos comerciais e, principalmente, demonstra a falta de respeito em relação aos direitos dos trabalhadores à intimidade, à liberdade de credo, ao respeito a sua integridade pessoal”.

– São situações que a gente sabe que ocorrem. Não dá para negar, mas isso é muito pequeno. O representante, quando faz, é porque é pressionado. Faz para preservar o emprego. O propagandista estuda e se prepara muito para visitar o médico e levar informações técnicas e científicas. A escolha (do medicamento) é soberana do médico – afirmou o presidente do Sinprovergs, Silvio Luiz Nassur Ferreira.

Segundo ele, a entidade trabalha “incessantemente” para coibir práticas ilegais no meio, porém, sem êxito: “quando recebemos denúncias contra algumas empresas, estas não atendem os nossos pedidos de esclarecimento e de cessação das condutas ilegais, adotando as estratégias de negar e omitir tais práticas”, explicou o sindicato, também em nota.

Nelson Mussolini, presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Sindusfarma), que representa 95% do mercado de medicamentos no Brasil, afirmou, em nota, que “a atualização profissional é fundamental em qualquer atividade e mais ainda na área médica e farmacêutica”. O texto ainda destaca que, “no caso da prescrição de medicamentos, é o acesso a informações científicas fidedignas que valida, do ponto de vista clínico, a escolha deste ou daquele produto para o tratamento de enfermidades. É nessa perspectiva que devem ser entendidos os contatos dos propagandistas dos laboratórios com médicos e profissionais da saúde”.

CREMERS COGITA ABRIR SINDICÂNCIA

Presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Fernando Matos disse que a categoria vê “uma batalha grande dos laboratórios”, que tentam convencer os médicos a prescreverem seus produtos. Matos afirmou que denúncias podem ser encaminhadas à entidade, que pode abrir sindicância para apurar eventuais desvios na relação entre médicos e propagandistas.

cleidi.pereira@zerohora.com.br
CLEIDI PEREIRA

A cobertura do tratamento da Amiotrofia Espinhal Progressiva pelos planos de saúde

Marcos Paulo Falcone Patullo

O presente artigo pretende trazer reflexões sobre a obrigatoriedade de cobertura do medicamento SPINRAZA pelas operadoras de planos de saúde.

terça-feira, 9 de maio de 2017

A Amiotrofia Espinhal Progressiva é uma rara e grave doença hereditária, que afeta o desenvolvimento neurológico de crianças a partir dos seis meses de vida e que, em seus estágios mais avançados, pode levar a comprometimento motor grave e até morte do paciente.

O tratamento da referida doença sofreu uma revolução em dezembro de 2016, uma vez que o FDA (Food and Drug Administration) aprovou a utilização do medicamento "SPINRAZA" para o tratamento da Amiotrofia Espinhal Progressiva nos Estados Unidos. Segundo consta em literatura médica especializada, o mencionado medicamento demonstrou comprovada eficácia contra a degeneração motora causada pela Amiotrofia Espinhal Progressiva e, atualmente, é considerado o único tratamento eficaz contra esta doença.

Em matéria publicada no site do próprio FDA no dia 23 de dezembro de 2016, o diretor da Divisão de Produtos de Neurologia do FDA Billy Dunn explica que "há muito tempo que se espera por um tratamento para a Amiotrofia Espinhal Progressiva, que é a mais frequente causa de morte genética em crianças e uma doença que pode pessoas em qualquer estágio da vida. (…) O FDA é comprometido em auxiliar o desenvolvimento e aprovação medicamentos seguros e efetivos para doenças raras e nós trabalhamos duro para rapidamente analisar esse requerimento. Nós não poderíamos estar mais satisfeitos em ter aprovado o primeiro tratamento para essa doença debilitante." (tradução livre, clique aqui, acesso em 23.2.17). O medicamento SPINRAZA vem justamente suprir esta lacuna no tratamento desta grave doença, e hoje constitui a única alternativa disponível no mercado.

O presente artigo pretende trazer reflexões sobre a obrigatoriedade de cobertura do medicamento SPINRAZA pelas operadoras de planos de saúde. Com efeito, as operadoras alegam que, por não ter sido aprovado pela ANVISA, nem incluído no Rol de Procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o tratamento com o referido medicamento seria considerado "experimental" e, assim, estaria excluído de cobertura contratual.

A aludida negativa, no entanto, é considerada abusiva pelo Poder Judiciário. Com efeito, o Rol da ANS deve ser interpretado de forma extensiva, de modo que o simples fato de um tratamento ou medicamento não constar nesse rol não pode justificar a negativa de cobertura.

Aliás, essa questão já foi amplamente debatida no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o qual, inclusive, editou a súmula 102, com o seguinte teor: "Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS" (Súmula 102, TJ/SP).

Ademais, no caso do tratamento da Amiotrofia Espinhal Progressiva, faz-se necessário considerar que o medicamento SPINRAZA é o único tratamento disponível no mercado e, portanto, a esperança de cura para os pacientes portadores de AEP. O Superior Tribunal de Justiça, em decisão recente, fundamentou a obrigatoriedade da cobertura de medicamento importado, justamente em razão da inexistência de tratamento convencional eficaz, senão vejamos:

"A interpretação conjunta dos arts. 10 e 12 da lei 9.656/98 conduz à compreensão de que, na hipótese de existir tratamento convencional, com perspectiva de resposta satisfatória, não pode o paciente, às custas da seguradora ou operadora de plano de saúde, optar por tratamento experimental. Por outro lado, nas situações em que os tratamentos convencionais não forem suficientes ou eficientes, fato atestado pelos médicos que acompanham o caso, existindo, no País, tratamento experimental, em instituição de reputação científica reconhecida, com indicação para a doença, a seguradora ou operadora deve arcar com os custos do tratamento, na medida em que este passa a ser o único de real interesse para o contratante, configurando o tratamento mínimo garantido pelo art. 12 da lei. Assim, a restrição contida no art. 10, I, da lei 9.656/98 somente deve ter aplicação quando houver tratamento convencional eficaz para o segurado".

A decisão transcrita é muito interessante, posto que o STJ restringe a incidência do art. 10, inc. I, da lei 9.656/98 (que autoriza a exclusão de tratamentos experimentais) aos casos em que há tratamento convencional eficaz à disposição do paciente. A interpretação sugerida pelo STJ aproxima esse dispositivo legal dos valores constitucionais fundamentais, notadamente da proteção da dignidade da pessoa humana, que é fundamento da nossa Constituição Republicana (CF, art. 1.º, inc. III).

Portanto, considerando que a doença "Amiotrofia Espinhal Progressiva" possui cobertura contratual obrigatória, conforme disposto no art. 10, caput, da Lei dos Planos de Saúde, bem com que a única opção terapêutica disponível é o medicamento SPINRAZA, é forçosa a conclusão que os planos de saúde possuem o dever – contratual e legal – de fornecer esse fármaco para os pacientes acometidos por essa rara doença.
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*Marcos Paulo Falcone Patullo é advogado, mestre em Direito Político e Econômico, professor e sócio do escritório Vilhena Silva Advogados.

Medicamentos inovadores são prioridade para registro

Registro de medicamentos inéditos no país e de genéricos inéditos tem recebido mais atenção para aumentar a oferta de tratamentos no mercado.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 09/05/2017 18:13
Última Modificação: 09/05/2017 18:23

No Brasil existem cerca de 25 mil medicamentos no mercado, sendo que, desses pouco mais de 12 mil foram comercializados no ano passado. Ou seja, apenas metade dos produtos registrados pelos laboratórios farmacêuticos, foram colocados no mercado no ano passado. Por isso, a Anvisa tem investido no registro daqueles medicamentos que trazem mais impacto para a saúde da população, seja aumentando a concorrência de mercado, que puxa os preços para baixo, ou aprovando tratamentos inéditos no país.

Em geral, há dois tipos de produtos que trazem mais benefícios para os pacientes quando ganham o registro. O primeiro é o genérico inédito, quando a Anvisa autoriza o registro de um genérico concorrente de outro produto que antes estava sozinho no mercado. A segunda situação é a aprovação de medicamento novo, que amplia as opções de tratamento à disposição de médicos e pacientes.

Somente em 2016, a Anvisa registrou 61 medicamentos novos e 28 genéricos inéditos no país. Veja alguns produtos novos aprovados, com a principal indicação terapêutica de cada um:

Medicamento

Indicação

Praluent® (alirocumabe)

controle do colesterol

Eloctate® (alfaefmoroctocogue)

controle de hemorragias como substituto do fato VIII

Upelior® (diaspartato de pasireotida)

tratamento da doença de Cushing

Repatha® (evolocumabe)

controle do nível de colesterol

Inovelon® (rufinamida)

tratamento de convulsões

Zurampic® (lesinurade)

tratamento da gota

Entresto® (sacubitril/valsartana)

insuficiência cardíaca crônica sintomática com fração de ejeção reduzida

Em 2017, a Agência já aprovou alguns tratamentos importantes. No último mês de abril, foram aprovados medicamentos para câncer, o Blincyto (blinatumomabe), e hemorragias, o Praxbind (idarucizumabe). Ambos são medicamentos biológicos novos.

Você confere a lista completa de medicamentos novos aprovados em 2016 no Relatório de Atividades da Gerência-Geral de Medicamentos (GGMED).

O que é prioridade na aprovação de medicamentos?

Atualmente a Anvisa está reavaliando os critérios de prioridades para registro de medicamentos. Isso porque a Lei nº 13.411, de 28 de dezembro de 2016 definiu novos critérios e prazos para o registro de medicamentos.

A Resolução RDC nº 37/2014, que disciplinava os critérios e a pontuação para obtenção de priorização de análise de petições de medicamentos e produtos biológicos foi revogada no dia 29 de março de 2017, para permitir a adequação aos novos critérios.

A lei prevê que a Anvisa definirá os critérios de enquadramentos de petições como “prioritárias” ou “ordinárias”, especificando prazos próprios para resposta da Anvisa em cada caso.

Novos genéricos dão mais opções de tratamento

Os genéricos inéditos são os primeiros medicamentos desta categoria para determinada molécula. Ou seja, a Anvisa dá prioridade para o registro de genéricos que vão entrar em mercados onde o consumidor ainda não conta com opções.

Seguindo a lei da oferta e da procura, o registro desses produtos força uma concorrência de preços que é benéfica para o consumidor.

O genérico inédito cria uma concorrência real em segmentos nos quais antes não havia disputa de mercado. Por lei, o genérico entra no mercado com um preço, no mínimo, 35%, menor que o valor do medicamento de referência, levando a uma redução geral nos preços dos medicamentos concorrentes. Além dos 28 genéricos inéditos de 2016, a Anvisa aprovou ainda 7 genéricos com concentrações ou formas inéditas.

Consulte a lista completa de todos os medicamentos genéricos inéditos registrados de 2010 a 2016.

Alguns números do registro de medicamento em 2016:
28 genéricos inéditos 61 medicamentos novos 317 similares 404 genéricos 882 medicamentos registrados

Análise: Aumenta a janela para IPOs de biotecnologia nos EUA

09/05/201714h20

Max Nisen

(Bloomberg) — Por mais de um ano, cada vez que se abria um pouco a janela para uma oferta pública de ações de biotecnologia nos EUA, a reversão era rápida. Mas um aumento recente nas transações e o período de relativa estabilidade no mercado sugerem que talvez agora seja diferente.

No ano passado, o número de IPOs (sigla para initial public offering) de empresas de biotecnologia foi o menor desde 2012: 36 colocações que levantaram aproximadamente um terço do valor captado nos bons anos de 2014 ou 2015. Recentemente a situação parece ter melhorado.

O segundo trimestre não está nem na metade e as companhias do ramo já captaram quase tanto quanto em qualquer trimestre de 2016.

Na semana passada, a BioHaven Pharmaceutical Holding realizou a segunda maior IPO de biotecnologia farmacêutica desde o começo do ano passado. A Ovid Therapeutics, que estreou no dia seguinte, levantou US$ 75 milhões. Na quarta-feira, foi a vez de a UroGen Pharma realizar uma oferta de US$ 58 milhões.

Essas empresas trabalham com abordagens variadas de biotecnologia. A BioHaven espera colocar à venda rapidamente medicamentos dos quais outras farmacêuticas desistiram. A Ovid está em fase de testes de medicamentos neurológicos e terapias para doenças raras. A UroGen fabrica um gel capaz de aplicar quimioterapia na bexiga.
O ano não completou nem cinco meses e seis companhias de biotecnologia farmacêutica realizaram IPOs avaliadas em pelo menos US$ 75 milhões cada, já se equiparando ao número de operações desse montante em todo o ano passado.

A tendência é que o movimento continue.

Isso é muito importante em um setor com uma infinidade de pequenas empresas ávidas por dinheiro de investidores para bancar suas pesquisas. E o apetite desses investidores tem muito a ver com o sentimento de pessimismo ou otimismo.

As polêmicas sobre os preços de remédios que, em 2016, criaram um ambiente tão desfavorável para novas ações de biotecnologia não desapareceram. A PTC Therapeutics recentemente reduziu o preço de uma medicação à base de esteroides após duras críticas em praça pública. E a pressão das seguradoras e gestoras de benefícios farmacêuticos ainda prejudica o poder de definição de preços por parte das fabricantes.

Porém, faz tempo que o presidente Donald Trump não critica os preços dos remédios. Antes disso, investidores já desconfiavam que, nesta questão, ele seria um cão que ladra, mas não morde. Representantes do setor se reuniram com Trump nesta segunda-feira e o tom dele foi bem mais amigável do que o demonstrado durante um encontro no início do ano. A legislação de saúde de seu Partido Republicano não faz qualquer gesto para afetar os preços dos medicamentos e empurrou o debate sobre custos para muito longe das companhias farmacêuticas.

Assim, as empresas parecem confiantes para voltar a sentir o apetite do mercado. Se o cessar-fogo a respeito dos preços dos remédios for mantido e se houver aquisições e sucessos em testes clínicos, o interesse pelo setor aumentará e a janela para ofertas de ações de biotecnologia pode se abrir muito mais.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião da Bloomberg LP e seus proprietários.