De acordo com dados da Kantar Worldpanel, divulgados pela empresa, a categoria tem presença em apenas 9,5% dos lares no País, enquanto os básicos estão em cerca de 84,6% nos domicílios
São Paulo – A Vigor quer ampliar as vendas de queijos especiais e espera repetir, na categoria, o mesmo movimento dos ramos de café e cerveja, que apresentaram alta nas vendas de itens com maior valor agregado.
No entanto, para crescer a fabricante sabe que terá que lidar com duas barreiras: o conhecimento e o preço. "Estudamos muito o mercado nos últimos anos e também como se deu o boom de cervejas especiais no Brasil para recriar isso em queijos e percebemos que a estratégia da indústria junto com o varejo, em cervejas, foi descomplicar. Ao invés de adotar um discurso chato de explicar com o que cada cerveja combina, eles convidaram os brasileiros a experimentar para descobrir o que mais gostam", contou ao DCI o diretor da unidade de queijos da Vigor, Luis Bueno.
Para ele, como a maior parte da população brasileira não conhece os queijos especiais, o caminho mais rápido para ampliar a demanda é estimular essa experimentação e, para isso, a companhia tem investido para promover a degustação dos produtos no varejo. De acordo com dados da consultoria Kantar Worldpanel fornecidos pela Vigor, a categoria de queijos especiais tem participação em apenas 9,5% dos lares brasileiros, enquanto os queijos básicos têm uma presença de 84,6% no País. A frequência de compra dos queijos especiais também é baixa, média de duas compras por ano.
Com uma participação ainda tímida no mercado, a categoria de queijos especiais registrou crescimento de 45% no último ano e, na avaliação de Bueno, continuará apresentando esse ritmo de expansão nos próximos anos.
"O Brasil ainda é o país da mussarela e percebemos que, naturalmente, haveria essa expansão para os especiais. O que fizemos foi criar uma divisão específica para queijos na Vigor em 2015 e, desde então, temos estudado muito o mercado para acelerar o crescimento dessa categoria e nos preparar para o boom de demanda", explicou ele.
Na visão do diretor, a esperada expansão já está em andamento, na opinião dele. "Em um país na situação [econômica] como a do Brasil, produtos crescendo a uma taxa de dois dígitos são um boom".
O preço, outra barreira para ampliar as vendas, também entrou na estratégia da Vigor e a solução encontrada é simples: ofertar os queijos em embalagens menores.
"Os brasileiros ainda têm, de maneira geral, a percepção de que os queijos especiais são muito caros, que custam R$ 200 o quilo, mas fica em torno de R$ 60 e ninguém vai comprar um quilo de gorgonzola de uma vez. Geralmente, a demanda é por uma porção de 100 gramas e as pessoas estão mais dispostas a desembolsar menos de R$ 10 para experimentar um novo produto", afirmou o executivo.
A companhia tem investido ainda nas embalagens menores e compartilhado a estratégia com os varejistas. "Temos buscado não comunicar primeiro o preço por quilo nos supermercados, para não assustar as pessoas", disse ele.
Portfólio maior
De acordo com o diretor da unidade, junto com as estratégias para estimular a demanda, a companhia tem lançado novos produtos e em diferentes faixas de consumo
"Trabalhamos com quatro marcas diferentes. A marca Danúbio é de lácteos brancos e tem um posicionamento de produtos premium. Temos lançado nessa marca os cremes de queijos, como cream cheese, frescal, ricota e cottage, uma categoria que vem crescendo muito nos últimos anos, porque tem o apelo da saudabilidade", explica.
Dados da consultoria Nielsen, divulgados pelo executivo, mostram que a marca Danubio assumiu a liderança no segmento de cream cheese no Brasil este ano, com uma fatia de 27,6% desse mercado.
Já a marca Faixa Azul conhecida pelo queijo parmesão, incorporou novos produtos a sua linha e, agora, também conta com os queijos do tipo gouda, gruyère, emmental, brie, camembert e blue cheese, sendo os três últimos importados em uma parceria com a dinamarquesa Arla Foods.
"Com isso temos um portfólio bastante amplo de Faixa Azul, mas temos ainda a marca Serra Bela, outra que tem no portfólio queijos especiais, mas com um preço mais acessível e ela tem esse posicionamento com o objetivo de convidar o brasileiro que ainda não entrou na categoria de queijos especiais a conhecer esses produtos", acrescenta.
Já o selo Serra Bela tem produtos do tipo gouda, gruyère, emmental, brie, camembert e gorgonzola no portfólio. Segundo Luis Bueno, os queijos parmesão, gorgonzola e provolone são considerados produtos de entrada para a categoria de especiais.
"E a nossa quarta marca é a Jong, de queijo do tipo reino, que tem 90% das nossas vendas concentradas no Nordeste do País", revelou o executivo. Popular em estados nordestinos, o queijo Jong é tradicionalmente consumido no fim do ano. "O Jong naquela região é o equivalente ao panetone no Natal do Sudeste, as pessoas consomem muito nessa época e também comprar para presentear", destacou. Cerca de 80% das vendas de Jong ocorre entre os meses de outubro e dezembro, informou ele.
A Vigor detém cinco unidades de fabricação de queijos no Brasil, sendo quatro delas no Estado de Minas Gerais e uma em São Paulo (apenas produtos Danubio).
Jéssica Kruckenfellner