Desenvolvimento Econômico aprova logística reversa para a cadeia produtiva de medicamentos

Billy Boss/Câmara dos Deputados

Lucas Vergilio: destinação final adequada dos medicamentos é uma cobrança da população, preocupada com o impacto ambiental destes produtos e com o risco de reutilização de remédios descartados

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços aprovou proposta que obriga os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos a adotarem a logística reversa para os resíduos de remédios, os produtos em desuso e os impróprios para o consumo, todos provenientes dos consumidores.

Os custos da logística reversa serão assumidos pelas empresas da cadeia produtiva de medicamentos.

Caberá ao governo definir, em regulamento próprio, a classificação de risco e a destinação ambientalmente correta dos medicamentos e embalagens.

Nova versão
O projeto de lei original (PL 2121/11) foi apresentado pelo deputado Walney Rocha (PEN-RJ). Ao texto foram apensadas outras 13 propostas legislativas (PLs 2148/11, PL 2494/11, 5705/13, 6160/13, 7064/14, 5152/16, 1109/15, 8278/14, 893/15, 2674/15, 7251/17, 6776/16 e 7464/17). Todas foram analisadas pelo relator na comissão, deputado Lucas Vergilio (SD-GO), que apresentou um substitutivo.

A nova versão inclui a obrigatoriedade de logística reversa no setor farmacêutico na lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10). O PL 2121 cria uma lei autônoma sobre o assunto.

A logística reserva está prevista na lei e trata da destinação final dos produtos pós-venda e pós-consumo. Atualmente, a norma exige a logística reversa para fabricantes e revendedores de pilhas e baterias, óleos lubrificantes, pneus, lâmpadas e produtos eletroeletrônicos.

Responsabilidade compartilhada
A versão aprovada determina que os consumidores deverão devolver os produtos, com as embalagens, para as empresas da cadeia produtiva. Esta responsabilidade compartilhada já é prevista para os demais produtos sujeitos à logística reversa.

Para o relator do projeto, a criação de instrumentos para a destinação final dos medicamentos é uma cobrança da população, preocupada com o impacto ambiental destes produtos e com o risco de reutilização de medicamentos descartados.

Lucas Vergilio afirmou que a logística reversa para medicamentos já vinha sendo debatida por representantes da cadeia farmacêutica, com a participação do Ministério do Meio Ambiente.

Tramitação
Os projetos tramitam em caráter conclusivo e serão analisados agora nas comissões de Seguridade Social e Família; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:
PL-2121/2011PL-2148/2011PL-2494/2011PL-5705/2013PL-6160/2013PL-7064/2014PL-8274/2014PL-893/2015PL-1109/2015PL-2674/2015PL-5152/2016PL-6776/2016PL-7251/2017PL-7464/2017
Reportagem – Janary Júnior
Edição – Newton Araújo

Prefeitura de Porto Velho garante que estoque de medicamentos está em dia

Ao assumir em janeiro, a atual gestão encontrou um estoque bastante defasado, com pouco medicamentos e materiais básicos para atender satisfatoriamente à população.
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Até o final deste ano, a prefeitura vai investir cerca de R$ 5 milhões na aquisição de remédios

Depois de muita insistência para vencer os entraves burocráticos a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) conseguiu, finalmente, dar início às compras de medicamentos para repor os estoques das unidades de saúde. Ao assumir em janeiro, a atual gestão encontrou um estoque bastante defasado, com pouco medicamentos e materiais básicos para atender satisfatoriamente à população, algo totalmente incompatível com práticas mínimas que se aproximem de uma gestão responsável.

Contudo, primando pelo respeito à vida das pessoas e zelo pelos recursos públicos, o prefeito dr Hildon Chaves determinou ao secretário Alexandre Porto, da Saúde municipal, que se esforçasse para vencer o desafio de repor os estoques básicos. A partir da primeira compra. a prefeitura de Porto Velho vem tentando manter regularizada a compra de remédios para abastecer as farmácias nas Unidades Básicas de Saúde e atender bem a população.

Ligia Fernandes Arruda, da Divisão de Assistência Farmacêutica do Município, disse que 85% do último lote comprado pela gestão do prefeito dr Hildon Chaves já foi entregue. “Alguns remédios que eventualmente faltam, se deve ao fato de que os processos para aquisição esbarram em questões como a falta do princípio ativo de algumas marcas, atraso na entrega por parte do fornecedor ou até mesmo o cancelamento da compra, no caso da empresa ser notificada várias vezes e mesmo assim não cumprir com as cláusulas do contrato”.

Ligia esclareceu que no início da gestão do dr Hildon foram cancelados 13 processos de compras, abertos na administração anterior, por apresentarem falhas, o que obrigou a abertura de processo emergencial. Até o final deste ano, a prefeitura vai investir cerca de R$ 5 milhões na aquisição de remédios. O trabalho é feito com base na Relação Nacional de Medicamentos (Rename), divulgada pelo Ministério da Saúde e que especifica o que é de competência do Município, do Estado e da União.

Porto Velho ainda conta com o trabalho de uma comissão formada por médicos, enfermeiros, odontólogos e farmacêuticos, dentre outros ligados a saúde, “que discute as necessidades, conforme o perfil epidemiológico e os medicamentos necessários para abastecer as farmácias”, explica.

LISTA

Nesse contexto, foi definida uma lista com 352 itens que são adquiridos pela prefeitura da Capital. Desse total, 198 são para dispensação ao público nos postos de saúde. Os demais são utilizados em pronto atendimentos de urgência e emergência, inclusive unidades hospitalares.

“A prefeitura agora está primando pela celeridade dos processos. Temos processos em andamento e outros que estão sendo finalizados. O importante é manter a rede municipal abastecida de medicamentos e materiais”, enfatizou.

SISTEMA

Um sistema informatizado inovador (Sisfarma) foi desenvolvido pela própria Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), no qual são registrados os remédios entregues ao público e a quantidade necessária de cada marca para repor o estoque. A novidade serve para otimizar o trabalho e dar mais transparência nas ações.

Atualmente a prefeitura dispõe de 65 unidades de farmácias para atender a população. Com a implantação do novo sistema elas serão divididas por regiões para que o acompanhamento do estoque seja online.

O sistema já está sendo implantado nas unidades José Adelino da Silva e Hamilton Gondim, na zona Leste; Manoel Amorim de Matos, zona Sul; Pedacinho de Chão, zona Norte; Ana Adelaide e Rafael Vaz e Silva na região central da cidade. “A partir da próxima semana poderemos contar com essa tecnologia nessas unidades de saúde”, comemora.

CAPACITAÇÃO

Na quarta-feira (14), servidores municipais que trabalhavam no programa de Farmácia Popular participaram de um treinamento para atendentes de farmácia da rede municipal. O curso foi específico sobre o sistema Sisfarma da prefeitura, que faz o controle interno de estoque e dispensação de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde.

“O sistema atende toda logística de entrada e saída de remédios, inclusive a origem da prescrição, tudo vinculado ao cartão do SUS do paciente”, explica Ligia Fernandes.

No link Assistência Farmacêutica disponibilizado no endereço www.portovelho.ro.gov.br o público pode obter mais informações de tudo que a prefeitura faz nesse setor. Ali tem toda parte explicativa sobre como funciona, disponibilidade de medicamentos na rede municipal, a lista de todos os remédios disponíveis e o que é preciso para ser atendido, entre outras informações.

Autor: Assessoria
Fonte: O Nortão

Acordo do Mercosul permitirá redução de gastos com compra de medicamentos

16/06/2017 19h47 Monica Yanakiew – Correspondente da EBC

O Brasil e os demais membros fundadores do Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai) assinaram nesta sexta-feira (16) um acordo para reduzir de forma significativa os gastos com a compra de medicamentos para a saúde publica.

De acordo com o ministro da Saúde do Brasil, Ricardo Barros, ao negociarem como bloco com a indústria farmacêutica os quatro paises podem conseguir descontos maiores, de ate 83%.

O Brasil já participou, em 2015, de uma experiência de negociar com a indústria farmacêutica em forma conjunta, com a compra do medicamento Darunavir, usado no tratamento do HIV.

Com esse acordo, do qual participaram Argentina, Chile, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, o governo brasileiro conseguiu uma redução de US$ 14,2 milhoes na aquisição do remédio.

O novo acordo permitirá a compra conjunta, este ano, de outros medicamentos para tratamento de artrite reumatoide, câncer e Hepatite C. 

Segundo Ricardo Barros, alem de reduzir gastos, o Brasil está investindo em pesquisa e na transferência tecnológica para ampliar a produção farmacêutica no país.

Edição: Armando Cardoso

Anvisa determina suspensão de uso e distribuição de vacina contra rotavírus

16/06/2017 16h52 Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da distribuição e do uso de 16 lotes da vacina Rotarix, imunizante oral utilizado para a proteção contra diarreia e vômito causados pela infecção por rotavírus humano. A decisão foi publicada hoje (16) no Diário Oficial da União (DOU). De acordo com a agência foi identificada desvio de qualidade na vacina em decorrência da “perda de integridade das bisnagas, durante o processo de fabricação, que resultou no vazamento das bisnagas contendo a vacina”.

As vacinas, fabricadas pela empresa GlaxoSmithkline, na Bélgica, são distribuídas no país pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos. Além da suspensão, a Anvisa também determinou o recolhimento dos lotes com data de validade vigente que ainda estiverem disponíveis no mercado.

Perivasc

A Anvisa também determinou a suspensão da importação, distribuição, comercialização e uso do medicamento Perivasc (diosmina + hesperidina), utilizado no tratamento das manifestações da insuficiência venosa crônica, como varizes, sequelas de tromboflebites e úlceras varicosas.

O medicamento é fabricado pela empresa espanhola Kern Pharma e importado para o Brasil pela Eurofarma Laboratórios S.A. Segundo a Anvisa, a inspeção realizada no período de 6 a 20 de janeiro deste ano considerou insatisfatórios os procedimentos para a elaboração do produto. O laudo para a suspensão da importação, distribuição e comercialização do produto se baseou nas “não conformidades detectadas durante inspeção para verificação de Boas Práticas de Fabricação na empresa”. Com a decisão, a empresa importadora deverá recolher os medicamentos que ainda estiverem em circulação no mercado.

Álcool Flop's

Outro produto que teve suspensa sua distribuição, comercialização e uso foi o Álcool Flop’s 46, fabricado por Indústria e Comércio de Produtos Químicos Tangará Ltda. Laudo da Fundação Ezequiel Dias (Funed-MG) verificou que o lote 003 apresentou resultado insatisfatório em ensaio de teor alcoólico, aspecto e rotulagem. O estoque do lote do produto deverá ser recolhido pelo fabricante.
Edição: Amanda Cieglinski

Remédios demoram quatro anos para chegar ao Brasil

Inovações que podem prolongar a vida dos pacientes passam por longo processo de análise

Rafaela Mansur

Os brasileiros chegam a esperar mais de quatro anos para ter acesso a medicamentos já disponíveis em outros países, conforme pesquisa da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). A análise dos remédios demora, e nem sempre os produtos aprovados são incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS) devido ao preço alto. Segundo especialistas, drogas mais inovadoras, que podem oferecer mais tempo de vida a pacientes com doenças como câncer, não costumam ser disponibilizadas.

A pesquisa aponta que os medicamentos similares são os que mais demoram a ser analisados, com média de 1.548 dias – mais de quatro anos de espera. Para medicamentos sintéticos, o tempo médio de espera é de 597 dias. Para agilizar o processo, em dezembro passado foi sancionada uma lei que determina que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emita parecer sobre os medicamentos em, no máximo, 365 dias e, em caso de remédios prioritários, em 120 dias. Drogas urgentes têm 90 dias para ser analisadas.

“Para um medicamento chegar ao paciente, há um longo caminho. Começa no desenvolvimento do produto, quando é feito o pedido de patente. As empresas fazem um dossiê com todas as informações sobre o medicamento, protocolam na agência do país de origem, que emite um parecer, aprovando ou não”, explicou o diretor de Acesso da Interfarma, Pedro Bernardo.

Em caso de aprovação, o registro do remédio pode ser solicitado no Brasil. Antes de ser comercializado, o remédio precisa, ainda, passar pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Vencidas essas etapas, uma nova análise é feita antes da incorporação da droga ao SUS.

De 2007 até o dia 9 deste mês, a Anvisa recebeu 24 solicitações de registros de medicamentos biológicos oncológicos, sendo que 15 foram aprovados, e nove não tiveram análise concluída. Quanto aos medicamentos sintéticos, foram 66 pedidos de registro desde 2010, tendo sido 32 deferidos.

Na rede suplementar, também há dificuldades no acesso aos remédios, e muitos não são fornecidos pelos convênios. O rol de medicamentos orais é atualizado a cada dois anos. “Tem muita droga nova que sai nesse intervalo e precisa esperar a próxima atualização”, disse a presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz.

Rol. A revisão do rol de procedimentos da saúde suplementar é feita por de órgãos de defesa do consumidor, planos de saúde, conselhos e associações profissionais, entre outros.

Justiça é o caminho para conseguir medicamentos

A morosidade no processo de registro de medicamentos e incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) obriga muitos pacientes com câncer a recorrer à Justiça para conseguir remédios. Somente em 2016, o Ministério da Saúde gastou cerca de R$ 10,2 milhões para atender demandas judiciais que determinaram a compra de 44 tipos de medicamentos para tratamento oncológico. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, em maio, a suspensão de todos os processos judiciais em tramitação no país que pedem o fornecimento de remédios que não estão na lista oficial do SUS. A decisão não impede que os juízes concedam liminares em demandas urgentes.

Para a integrante da comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Minas), a advogada Kátia Rocha, a judicialização é “sinal de que a gente não tem a política pública construída de maneira adequada, profissionais de saúde engajados da maneira adequada”, afirmou. “Não é pelo valor que a gente tem que categorizar a o que o cidadão tem direito ou não”.

A servente escolar Lucineia Aparecida Santos, 34, que O TEMPO mostrou ontem, buscou auxílio na Defensoria Pública para tentar conseguir judicialmente o medicamento que o filho Iago, 14, precisa para o tratamento de leucemia, que não está disponível no SUS. Ela ainda aguarda o resultado da ação.

Dados da doença

Ocorrências. O Brasil deve ter cerca de 586 mil novos casos de câncer neste ano, de acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Mortes. Cerca de 8,2 milhões de pessoas morrem de câncer por ano no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, são cerca de 190 mil mortes causadas pela doença anualmente.

Imunoterapia é alternativa

Realizada por meio de medicamentos, a imunoterapia é uma das formas de tratamento de câncer mais inovadoras e tem tido bons resultados, segundo o oncologista Amândio Soares Fernandes, da Oncomed. “A medicação estimula o próprio organismo a lutar contra o câncer e é usada, principalmente, para tratamento de câncer de pulmão, melanoma e rins”, explicou.

Remédios sobem mais que o dobro da inflação em maio

Leda Antunes
do Agora

Embora a inflação de maio tenha sido a menor para o mês desde 2007, os gastos com saúde e cuidados pessoais pressionaram o orçamento das famílias.

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, acumulou alta de 0,31% no mês passado, enquanto os medicamentos tiveram aumento de 0,82% no período.

A variação ainda é reflexo do aumento de 1,36% a 4,76% autorizado pelo governo para os remédios, que passou a valer em abril. Em 12 meses, os medicamentos têm alta de 5,78%. No ano, o aumento é de 3,92%.

Médico:”Não existe nenhuma relação entre vacina e autismo”

Fernando Silva explica os reais riscos e benefícios da vacinação; mãe de autista conta seu lado

VINICIUS MENDES
DA REDAÇÃO

Grupos de pais que decidem não vacinar seus filhos estão crescendo no País.

Por falta de informação, eles acreditam que as vacinas trazem mais malefícios do que benefícios e podem fazer com que as crianças contraiam doenças ou até mesmo autismo.

Janielly Cássia Barbosa é mãe de uma criança autista. Ela afirma que tomou vacinas no período do pré-natal, mas não acredita na relação delas com o autismo.

“Quando tomei a vacina o bebê já estava pronto, porque eu só descobri que estava grávida aos cinco meses, só tomei as vacinas finais. Então como poderiam falar que foi a partir deste momento da vacina que meu filho ‘contraiu’ autismo se eu já descobri a gravidez tarde? Isso é contraditório nessa questão da vacina”, disse Janielly.

Ela afirma que já conhecia o boato da relação do autismo com as vacinas e que já chegou a acreditar nele.

Quando os pais falam de estudos que dizem que algumas vacinas podem levar ao autismo, tem que saber qual a base deste estudo. Eu nunca vi um estudo sério sobre isso, com um nível de evidência elevado”

“Meu filho tomou todas as vacinas, fez o teste do pezinho, fez todos os processos que uma criança recém-nascida deve fazer. Cheguei a achar que podia ter sido a vacina, mas hoje sei que não é, existem estudos que dizem que é genético. Até hoje eu ouço colegas falando que pode ser a vacina, que pode causar o autismo”, contou a mãe.

Ela acredita que este medo das vacinas vem do preconceito e da falta de informação das pessoas sobre o transtorno.

“A pessoa vê o autismo como um monstro ou como um bicho de sete cabeças, e nem sempre é assim. A relação que fazem entre a vacina e o autismo é ligada ao preconceito, à falta de informação. Veem o autista como uma pessoa fora da sociedade e não é por esse lado, eu como mãe, como educadora, sei que não é por esse olhar”, afirmou Janielly.

Este medo dos pais com relação às vacinas não está ligado somente ao autismo.

Muitos acreditam que as crianças vacinadas ficam mais propensas às doenças e que seus filhos não precisam de vacina para construir seus sistemas imunológicos.

Segundo o médico Fernando Antonio Santos e Silva, que atua na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Praeiro, em Cuiabá, podem sim existir efeitos colaterais às vacinas, mas o benefício é sempre maior que o risco.

“Pode haver algum efeito colateral, mas quando tem é um pouquinho de dor, dependendo pode dar febre, mas são reações esperadas da vacina, não é nada grave. O Ministério da Saúde não iria, de forma amadora, lançar vacinas que pudessem deixar as pessoas doentes ou com autismo”, afirma o doutor.

Quanto ao argumento de que a criança pode desenvolver seu sistema imunológico sozinha, o doutor diz que é possível, mas arriscado.

“A criança até pode criar imunização sozinha, mas a vacina é pra acelerar este processo, porque se depender da doença, às vezes quem pegou pode ficar com sequelas para o resto da vida”, disse o médico.

Ele afirmou que os grupos de pais que são contra a vacinação existem já há algum tempo e se baseiam em estudos que não são sérios.

“Isso já é de longa data. É muito em questão dos hábitos dos pais, às vezes eles tem um formação que não gosta de usar remédios, aí facilita pra eles terem este discurso. E quando os pais falam de estudos que dizem que algumas vacinas podem levar ao autismo, tem que saber qual a base deste estudo, qual o nível de evidências. Eu nunca vi um estudo sério sobre isso, com um nível de evidência elevado”, contou.

O médico também afirmou que não acredita, e nunca viu, algo que relacione a vacinação com o transtorno.

“Até onde eu conheça, nas literaturas científicas, não existe nenhuma relação com o autismo. Eu tomei vacina quando pequeno, tenho filhos e todos tomaram, ninguém ficou doente, nós não contraímos autismo, e meus pacientes também não”, disse.

Ele disse que, no Brasil, não existe uma obrigação legal dos pais para vacinar seus filhos e também explicou que esta prática, de não vacinar, é mais comum em classes mais altas, que não dependem do serviço público de saúde.

“Não existe nenhuma lei nem punição para quem não vacina, mas toda criança que vem na unidade a gente vê o cartão de vacina, e os agentes que fazem visitas nas casas também olham, e quando vemos que está atrasado nós cobramos, então quem utiliza os nossos serviços é difícil ficar sem vacinar. Você pode ver que a maioria destes pais que não vacinam seus filhos, normalmente, não frequentam o serviço público”, afirmou.

O médico explicou que o desenvolvimento das vacinas é feito baseado em muitos estudos e que até mesmo na hora da aplicação da vacina o processo é feito com muito cuidado.

“Toda vez que vai ser lançado um produto, têm estudos. Ninguém lança vacina de um dia para a noite, isso são anos fazendo e avaliando a relação do risco e do benefício. Em todas as vacinas você toma algumas precauções. Também na sala de vacina, o técnico que irá aplicar já está preparado para perguntar, para fazer uma triagem pra saber se a pessoa tem alguma contraindicação, alguma alergia a um ingrediente da vacina ou se não está com imunidade boa, pra saber se pode ou não ser vacinado”, explicou.

Fernando Silva diz que é arriscado não vacinar os filhos, já que além de colocar a própria criança em risco, também oferece perigo às pessoas em volta.

“Eu acredito que os pais têm o direito de decidir aquilo que eles julgam melhor para os filhos, porém não podem ser negligentes. E se seu filho ficar doente lá na frente? Você tem sua parcela de culpa. E isto também é perigoso porque se chega alguém doente em um lugar onde muita gente não está imune, começa a disseminar de forma rápida entre eles”, afirmou.

Algumas doenças já foram erradicadas no Brasil, graças à vacinação, como foi o caso da poliomielite e da varíola.

O Ministério da Saúde trabalha neste sentido. O órgão possui o Plano Nacional de Imunização (PNI), que oferece vacinas gratuitamente pela rede pública.

O médico afirmou que o papel dos servidores da saúde é este: garantir a saúde da população, sendo que a vacinação é uma ferramenta poderosa nesta ação.

“Nós aqui nas unidades de saúde, trabalhamos com prevenção de doenças e promoção de saúde. Minha recomendação aos pais é para levarem seus filhos à unidade de saúde mais próxima, manterem o calendário vacinal de seus filhos em dia, porque vacina é igual a saúde, e não há nenhum bem maior do que a saúde de nossos filhos”, disse.

Estudo liga uso diário de aspirina por idosos a sangramentos

Autores de pesquisa publicada na revista The Lancet concluem que medicamentos usados para azia devem ser receitados para pessoas com mais de 75 anos que usam aspirina com frequência, a fim de reduzir hemorragias gastrointestinais

Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo

16 Junho 2017 | 18h02

O uso diário de aspirina por pessoas com mais de 75 anos está relacionado a um risco maior de sangramento grave ou fatal, de acordo com um novo estudo publicado na terça-feira, 13, na revista científica The Lancet.

De acordo com os autores, embora o uso de aspirina por curtos prazos depois de um acidente vascular cerebral (AVC) ou um ataque cardíaco traz claros benefícios, mas aos pacientes acima do 75 anos que tomam aspirina todos os dias, deveriam ser prescritos fármacos inibidores da bomba de prótons – ou seja, medicamentos para azia como o omeprazol.

Nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com os autores do estudo, de 40% a 60% das pessoas com mais de 75 anos usam aspirina ou outras drogas parecidas para evitar ataques cardíacos ou AVC. Esse tipo de tratamento é recomendado para o resto da vida a esses pacientes, como prevenção secundária.

A recomendação para o tratamento de longo prazo com aspirina se baseia em testes feitos com pacientes com menos de 75 anos, que foram estudados ao longo de períodos de dois a quatro anos. Estudos anteriores, porém, já ligaram esses tratamentos ao sangramento no trato gastrointestinal superior.

Embora já se soubesse que os riscos de sangramento crescem com a idade, havia dados insuficientes para estimar o aumento da severidade do problema com o envelhecimento, de acordo com o autor principal do estudo, Peter Rothwell, da Universidade de Oxford (Reino Unido).

"Nosso novo estudo permite compreender muito mais claramente o quanto aumenta o risco, a severidade e as consequências dos sangramentos. Estudos anteriores mostraram que há um claro benefício no tratamento de curto prazo com aspirina após ataques do coração ou AVC. Mas nossa descoberta levanta questões sobre o equilíbrio entre riscos e benefícios no uso a longo prazo por pessoas com mais de 75 anos", afirmou Rothwell.

O estudo acompanhou 3.166 pacientes que tiveram AVC ou ataque cardíaco e que receberam tratamento com drogas como a aspirina. Metade dos pacientes tinham mais de 75 anos no início do estudo. Ao longo de 10 anos de pesquisas, um total de 314 pacientes recorreram a hospitais após sangramento. O risco de sangramento – especialmente grave e fatal – cresceu conforme a idade.

Para pacientes com menos de 65 anos que tomam aspirina diariamente, a taxa anual de sangramento que exigiu atendimento hospitalar foi de 1,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa cresceu para 3,5%, chegando a 5% entre os pacientes com mais de 85 anos.

O risco de sangramento grave ou fatal também aumentou com a idade. Para pacientes com menos de 65, a taxa anual desse tipo de sangramento foi menor que 0,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa aumentou para 1,5%. Para os pacientes com mais de 85 anos, a taxa se aproximou de 2,5%.

Segundo os autores do estudo, embora os riscos de ataque cardíaco e AVC também cresçam com a idade, os resultados mostraram que, para os pacientes com mais de 75 anos, o sangramento do trato gastrointestinal superior como resultado da terapia com aspirina é perigoso, caso não seja feito em conjunto com a prescrição de um inibidor de bomba de prótons.

O uso conjunto desses medicamentos contra a azia, segundo os autores, pode reduzir o sangramento do trato gastrointestinal superior de 70% a 90% em pacientes que estão recebendo tratamento de longo prazo com aspirina. No entanto, a prescrição dos inibidores de bomba de prótons não são rotina. Entre os pacientes que participaram do estudo, só um terço recebia esse tipo de droga.

Os medicamentos mais caros para o estômago são mais eficientes?

Pesquisas sugerem que o omeprazol e os demais medicamentos semelhantes – usados no tratamento de gastrite e doença do refluxo – têm efeitos equivalentes. O que muda é o preço
RAFAEL CISCATI
16/06/2017 – 16h51 – Atualizado 16/06/2017 18h07

A questão

Quero perguntar sobre o velho e bom omeprazol, que tomo de vez em quando desde que fui diagnosticada com gastrite há trtês anos. De vez em quando, há farmacêuticos que tentam empurrar uns mais caros, como pantoprazol ou nexium. Há algum estudo que indique que eles são melhores?
Liege Albuquerque –  Manaus (AM)

O que a ciência diz

O omeprazol e o pantoprazol fazem parte de um grupo de medicamentos chamados inibidores de bomba de prótons. Sua função é diminuir a produção do ácido liberado no estômago, e usado na digestão dos alimentos.

Além desses dois, há diversos outros inibidores, que funcionam seguindo esse mesmo princípio. Todos são recomendados para aquelas situações em que a pessoa sofre com alguma lesão ou inflamação no estômago ou esôfago, como uma úlcera ou gastrite: “Ao reduzir a acidez, você dá ao organismo tempo para a lesão cicatrizar”, diz a professora Daniela Melo, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os inibidores de bomba de prótons são também frequentemente receitados para o tratamento de um problema chamado Doença do Refluxo Gastroesofágico. Ela surge quando a pessoa sofre com uma lesão no mecanismo de passagem do esôfago para o estômago. Por causa do dano, os ácidos produzidos no estômago fazem o caminho até o esôfago, e podem chegar até a boca – provocando aquela sensação de queimação, conhecida popularmente como azia, mas que os médicos chamam de pirose.

Nem sempre o tratamento desses problemas exige o uso de inibidores. Nas ocasiões em que eles são necessários, o uso do medicamento costuma durar entre quatro e 12 semanas, ao final das quais o médico avalia  se o problema foi resolvido e o que fazer a seguir – se aumentar a dosagem do medicamento ou recomendar mudanças de hábitos e dieta. A decisão quanto a qual medicamento usar – se omeprazol, pantoprazol ou um terceiro – cabe ao médico. Mas os estudos hoje disponíveis indicam que, qualquer que seja a escolha, os resultados serão parecidos. Em 2009, a Federação Brasileira de Gastroenterologia – em parceria com outras instituições – publicou uma revisão de estudos que comparavam a eficácia desses inibidores. No total, os autores analisaram os resultados de 87 trabalhos. Concluíram que seus efeitos são equivalentes: “No final, a decisão hoje é sobre o preço”, diz Daniela, da Unifesp. “Se o médico receitar pantoprazol, os resultados serão tão bons quanto se tivesse receitado o omeprazol”.

A conclusão é compartilhada por outro estudo semelhante, publicado em 2008 por pesquisadores da Universidade de Ulm, na Alemanha. Os cientistas selecionaram 57 trabalhos que comparavam a eficiência do omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol e rabeprazol na redução da acidez do estômago. Descobriam, por exemplo, que um comprimido de 20 miligramas de omeprazol (uma dosagem comum disponível no mercado) tem efeitos equivalentes a um comprimido de 40 miligramas de pantoprazol – novamente, uma dosagem comumente receitada. São essas, inclusive, as dosagens recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para o tratamento de doença do refluxo.
Se são iguais, por que receitar um ou outro ?

Isso não quer dizer que todos os inibidores sejam iguais. Medicamentos diferentes podem ter atuação diferente. “Eles são muito específicos – suas moléculas atuam sobre determinados receptores no corpo”, diz Daniela. Em teoria, o pantoprazol tem ação mais eficiente sobre os receptores do estômago. É uma vantagem teórica: os estudos na área não perceberam essa diferença. “Essa é a propaganda da indústria.  Na prática, não há evidências de que ele seja superior aos demais.”

A revisão feita pela Federação Brasileira de Enterologia percebeu, no entanto, que há casos em que pode ser melhor usar um medicamento ou outro. No caso do tratamento de esofagite, o esomeprasol teve resultados melhores que os demais medicamentos: depois de quatro semanas de tratamento com esomeprazol de 20 miligramas, cerca de 76% dos casos de esofagite são resolvidos. O mesmo tratamento com omeprazol de 20 miligramas resulta na cura de 65% dos casos. “Não é uma diferença muito grande, e só foi percebida no tratamento para esse problema específico”, diz Amouni Mourad, assessora do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo e professora da Universidade Mackenzie.

Há, ainda, outros fatores que podem influenciar as escolhas dos médicos: “E essas escolhas nem sempre estão baseadas na ciência”, diz Daniela. Por vezes, o médico está mais habituado a receitar um certo inibidor e observar bons resultados – e, por isso, o receita a todos os pacientes. Há casos, também, em que um paciente responde melhor ao tratamento com um medicamento do que com o outro: “Nessas situações, quem tem de fazer a troca é o médico, baseado nos resultados observados”, diz Amouni.

Usar o medicamento errado pode me trazer problemas?

O omeprazol, o pantoprazol e os demais inibidores são considerados medicamentos seguros – quando usados da maneira correta, e pelo tempo determinado. O problema é que, muitas vezes, são usados desnecessariamente: “É comum a pessoa tomar omeprazol para casos de azia esporádica”, diz Amouni Mourad. “É um uso errado. Há antiácidos que são mais recomendados para casos assim, e que têm ação mais rápida.”

O uso inadequado pode ser perigoso. Ao reduzir a quantidade de ácido liberada no estômago, os inibidores de bomba de prótons interferem na absorção de nutrientes como o cálcio e a vitamina B12 – e aumentam os riscos de fraturas ósseas. Seu uso prolongado pode também facilitar a proliferação de bactérias danosas ao organismo: “Há microrganismos ruins que são eliminados pelo ph ácido do estômago”, diz Amouni. “Se você diminui a acidez por muito tempo, acaba ficando sem essa proteção.”

A questão preocupa porque o uso de omeprazol e de medicamentos semelhantes, de forma incorreta, é comum. E, por vezes, é feito sob recomendação médica. “Em parte, isso é resultado da propaganda incorreta que se faz desses produtos”, diz Daniela. “Há a impressão de que eles protegem o estômago – e podem ser tomados quando o paciente precisa usar muitos medicamentos.” É uma impressão falsa. Os inibidores diminuem a acidez do estômago, mas não o protegem. Por isso, devem ser usados com cautela. E somente sob recomendação médica.

Medicamento Perivasc é suspenso

Fábrica apresentou não-conformidades durante inspeção para verificação de Boas Práticas de Fabricação.

Publicado: 16/06/2017 11:45
Última Modificação: 16/06/2017 11:48

A Anvisa determinou a suspensão da importação, distribuição, comercialização e uso do medicamento Perivasc (diosmina + hesperidina). A formulação é utilizada no tratamento das manifestações da insuficiência venosa crônica, como varizes, sequelas de tromboflebites e úlceras varicosas.

A decisão, que consta na Resolução RE 1.592/2017, publicada nesta sexta-feira (16/6) no Diário Oficial da União, baseou-se nas não conformidades detectadas durante inspeção para verificação de Boas Práticas de Fabricação na empresa espanhola Kern Pharma, fabricante do medicamento. O produto é importado para o Brasil pela Eurofarma Laboratórios S.A. Por isso, a empresa deverá recolher os produtos que ainda existirem no mercado.