Levantamento mostra em quais supermercados produtos estão mais baratos
Conforme o Correio verificou, a maioria dos itens mostrou estabilidade nesta semana, mas houve aumento em itens como carne bovina e tomate
postado em 01/07/2017 08:00 / atualizado em 01/07/2017 00:04
Andressa Paulino* /*
Maria Ieda Fontenele, aposentada: "Não é só na alimentação que procuro economizar, é em tudo: vestuário, diversão, transporte. Onde puder eu corto gastos"
Mesmo com a maioria dos índices mostrando que a inflação está bem mais comportada, ou até registrando deflação, os preços de muitos itens vendidos nos supermercados aumentaram nesta semana. De acordo com pesquisa realizada pelo Correio, muitos artigos apresentaram alta, entre os quais carnes, como contrafilé e peito de frango, além de arroz, macarrão e farinha de trigo. Entre os hortifrutigranjeiros, tomate, batata e banana também encareceram.
Em alguns mercados, o quilo do tomate estava 80% mais caro do que na semana passada. Já o contrafilé, que podia ser encontrado por cerca de R$ 20 o quilo na maioria dos estabelecimentos no levantamento anterior, registrou preços em torno de R$ 40 nesta semana. Itens de uso pessoal também subiram, como o papel higiênico, que teve alta de até 70%.
Para alívio do consumidor, porém, a maioria dos produtos manteve os mesmos valores e alguns artigos registraram diminuição nos preços. Itens como café, óleo de soja, margarina, cebola e laranja caíram até 30%. O óleo de soja, por exemplo, pode ser encontrado até 34% mais barato. E o quilo da cebola, que antes era vendido por R$ 2, podia ser comprado por até R$ 1,79 nesta semana.
De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas no setor registraram queda de 6,67% em maio, na comparação com abril. De janeiro a março, no entanto, houve aumento de 0,61% em relação ao mesmo período do ano passado.
Para o presidente da Associação, João Sanzovo Neto, a elevação nos primeiros meses do ano teve como causa a melhoria nos indicadores de emprego e a queda da inflação. “Nos últimos dois meses, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou elevação no número de postos de trabalho, e a inflação tem se mantido em baixos patamares, fatores que influenciam diretamente no resultado acumulado das vendas do setor”, afirmou.
Queixas
Apesar de a média dos preços mostrar maior estabilidade, muitos consumidores reclamam do alto custo de alguns produtos, e é recorrente a queixa contra o aumento contínuo de alguns itens. Para boa parte dos brasilienses, a solução é pesquisar bastante e buscar promoções. É o que faz a funcionária pública Eliene Varela, 47 anos. “Para poupar dinheiro na hora das compras, eu procuro pesquisar bastante e vir ao mercado sempre que há ofertas. Assim, economizo e até compro alguns produtos de acordo com a marca se eles estiverem baratos”, contou.
A crise financeira provocou queda na renda de muitas famílias — e nem sempre o motivo foi a perda do emprego. “Mesmo sendo aposentado, a renda da minha família diminuiu 80% com essa recessão. Nós tivemos que mudar hábitos, senão as contas não iam caber no orçamento”, afirmou o ex-militar José Corado, 67 anos. Para a aposentada Maria Ieda Fontenele, 58 anos, a economia vai além das compras de casa. “Não é só na alimentação que procuro economizar, é em tudo: vestuário, diversão, transporte. Onde puder, eu corto gastos”, completou.
De acordo Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional de Comércio, para driblar o custo de vida, os consumidores cortam gastos considerados supérfluos e estão indo muito além do carrinho de compras. “As pessoas estão deixando de fazer viagens, comprar carros. A economia vai além do supermercado”, afirmou.
Segundo Bentes, os preços não deixaram de aumentar, mas estão crescendo menos. Mas, com a renda geralmente insuficiente, muitos não notam a diferença. “Na média, os preços estão subindo menos que no mesmo período de 2016. A inflação anual está em torno de 3%, e muitos produtos estão tendo aumentos menores que o da inflação. O consumidor tende a ter uma percepção da média e não de preços específicos, e esse é um dos fatores pelos quais ele não consegue notar essa diferença”, explicou o economista.
Para os próximos meses, a previsão é menos animadora. Segundo Bentes, a tendência é que os índices de custo de vida tenham altas maiores que as registradas atualmente. “Não há expectativa de deflação nos meses seguintes. A projeção é que, em média, os preços subam, daqui para a frente, entre 3% e 3,5%”, afirmou.
* Estagiária sob supervisao de Odail Figueiredo