Remédio contra o diabetes pode frear o avanço do Parkinson

Em testes clínicos, exenatida não melhorou sintomas, mas evitou piora

por O GLOBO
04/08/2017 8:14 / Atualizado 04/08/2017 8:19

RIO — A exenatida, droga usada para o tratamento do diabetes tipo 2, pode ajudar na melhoria da qualidade de vida de pessoas com Parkinson. Os resultados de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade College London mostram que o medicamento pode ajudar no controle motor dos pacientes, ou até mesmo frear a progressão do distúrbio.

— Esta é uma descoberta muito promissora, pois a droga tem potencial para afetar o próprio curso da doença, não meramente os sintomas — comentou Tom Foltynie, professor de Neurologia da College London e líder da pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista “Lancet”. — Com os tratamentos existentes, nós podemos aliviar a maioria dos sintomas por alguns anos, mas a doença continua piorando.

Os pesquisadores dividiram 60 voluntários em dois grupos. Durante um ano, eles receberam uma injeção semanal de exenatida ou placebos, além dos medicamentos tradicionais. Após esse período, os pacientes que usaram a exenatida apresentaram melhores funções motoras em relação ao grupo de controle, que apresentou piora no controle dos movimentos. Em média, a diferença foi de 4 pontos, numa escala de 132, o que é considerada estatisticamente significativa.

Porém, os participantes não relataram melhoras notáveis nos sintomas além do que as medicações tradicionais proporcionavam. Dessa forma, os pesquisadores acreditam que a exenatida pode ter a capacidade de frear o avanço da doença, mas outros estudos são necessários para avaliar essa tese.

A exenatida ativa os receptores para o hormônio GLP-1 no pâncreas, para estimular a liberação de insulina. Mas esses receptores também estão presentes no cérebro, e estudos anteriores sugerem que a ativação pode melhorar as conexões da dopamina, agir como anti-inflamatório e melhorar a produção energética. Em experimentos com animais, o medicamento melhorou a performance motora.

— Esta é a mais forte evidência que temos até agora que uma droga pode fazer mais do que aliviar os sintomas da doença de Parkinson — disse Foltynie.

E o fato de a droga já ser liberada pelas agências reguladoras pode acelerar o desenvolvimento de um novo tratamento. Agora, o próximo passo será um estudo de longa duração, com mais participantes.

— Usar terapias aprovadas para uma condição para tratar outra oferece um caminho para acelerar o desenvolvimento de terapias contra o Parkinson — disse Brian Fiske, vice-presidente de pesquisas da Fundação Michael J. Fox, que financiou o estudo. — Os resultados dos estudos com a exenatida justificam a continuação dos testes, mas médicos e pacientes não devem adicionar o medicamente aos seus regimes até que tenhamos mais conhecimentos sobre a segurança e o impacto sobre o Parkinson.

Instituto Europeu de Patentes vai aprovar pedido de patente da tecnologia CRISPR da Merck

DARMSTADT, Alemanha, 3 de agosto de 2017 /PRNewswire/ — A Merck, importante empresa de ciência e tecnologia, anunciou hoje que o Instituto Europeu de Patentes (IEP) emitiu uma "Notificação de Intenção de Conceder" a patente requerida pela Merck que cobre sua tecnologia CRISPR, usada em um método de integração genômica de células eucarióticas.

Merck | 03/08/2017 05:00

DARMSTADT, Alemanha, 3 de agosto de 2017 /PRNewswire/ — A Merck, importante empresa de ciência e tecnologia, anunciou hoje que o Instituto Europeu de Patentes (IEP) emitiu uma "Notificação de Intenção de Conceder" a patente requerida pela Merck que cobre sua tecnologia CRISPR, usada em um método de integração genômica de células eucarióticas.

A patente irá garantir ampla proteção à tecnologia de integração genômica CRISPR da Merck, fortalecendo ainda mais o portfólio de patentes da empresa. Uma patente similar foi aprovada na Austrália em junho de 2017. A Merck prevê resultados favoráveis em outros países também, porque muitos dos órgãos de patente no mundo consideram que o status de casos relacionados na Europa são altamente relevantes para a decisão de conceder patentes.

"Essa é uma decisão significativa e estimulante da IEP e entendemos esse anúncio como um reconhecimento das importantes contribuições da Merck ao campo de edição de genoma", disse o membro do Conselho Executivo da Merck e CEO da Life Science, Udit Batra. "Essa patente fornece proteção a nossa tecnologia CRISPR, que irá proporcionar aos cientistas a capacidade de promover opções de tratamento para os problemas médicos mais difíceis de hoje em dia".

Com a tecnologia de integração genômica CRISPR da Merck, os cientistas podem substituir uma mutação associada à doença por uma sequência benéfica ou funcional — um método importante para a criação de modelos de doenças e terapia genética. Os cientistas também podem usar o método para inserir transgenes para habilitar pesquisa básica, usando a tecnologia para rotular proteínas endógenas para o rastreamento visual dentro das células, por exemplo.

Esse pedido de patente é um dos múltiplos requerimentos de patente da CRISPR da Merck desde 2012. Em maio de 2017, a Merck apresentou um método alternativo de edição de genoma CRISPR, chamado proxy-CRISPR. Diferentemente de outros sintomas, a técnica do proxy-CRISPR permite o corte de locais de células previamente inatingíveis, tornando a CRISPR mais eficiente, flexível e específica, dando aos pesquisadores mais opções experimentais.

A Merck, com seus 14 anos de história no campo da edição de genoma, foi a primeira empresa a oferecer globalmente biomoléculas personalizadas para a edição de genoma (íntrons do grupo II guiados de RNA e nucleases de dedo de zinco CompoZr, impulsionando uma ampla adoção pelos pesquisadores. Em colaboração com o Instituto Wellcome Trust Sanger, a Merck também foi a primeira empresa a fabricar bibliotecas arranjadas de CRISPR, cobrindo todo o genoma humano, permitindo aos pesquisadores explorar mais questões sobre doenças e desenvolver curas mais rapidamente. A disponibilidade das bibliotecas arranjadas da CRISPR é um avanço importante na edição do genoma e reforça a posição de liderança da empresa.

A empresa também dá suporte ao desenvolvimento de medicamentos baseados em genes e células e fabrica vetores virais, além de conduzir pesquisas básicas de edição de genoma. Em 2016, a Merck lançou uma iniciativa para promover a pesquisa de novas modalidades de tratamento, desde a edição de genoma à fabricação de medicamentos de gene, através de uma equipe dedicada e recursos avançados. Esse empreendimento solidifica ainda mais o compromisso da empresa com o campo da edição de genoma.

Todos os comunicados à imprensa da Merck são distribuídos por e-mail ao mesmo tempo em que são disponibilizados no website da Merck. Por favor, visite www.merckgroup.com/subscribe para se registrar online, mudar suas opções ou suspender esse serviço.

Sobre a Merck
A Merck é uma importante empresa de ciência e tecnologia das áreas de saúde, ciência da vida e materiais de alto desempenho. Cerca de 50.000 empregados trabalham para desenvolver tecnologias que melhoram e expandem a vida — de terapias biofarmacêuticas para tratamento do câncer ou esclerose múltipla, sistemas avançados para pesquisa e produção científica, a cristais líquidos para smartphones e televisores LCD. Em 2016, a Merck gerou vendas de € 15 bilhões, em 66 países.

Fundada em 1668, a Merck é a empresa farmacêutica e química mais antiga do mundo. A família fundadora mantém uma participação majoritária no grupo corporativo de capital aberto. A Merck detém os direitos globais do nome e da marca "Merck". As únicas exceções estão nos Estados Unidos e Canadá, onde a empresa opera como EMD Serono, MilliporeSigma e EMD Performance Materials.

FONTE Merck

AstraZeneca traz ao Brasil vencedor do Prêmio Nobel de Química

Por Aline Dumelle-Ideal H+K Strategies

3 de agosto de 2017

A AstraZeneca, biofarmacêutica global, em parceria com o Nobel Media traz, pela terceira vez ao Brasil, um ganhador do prêmio Nobel como parte do Nobel Prize Inspiration Initiative – um programa global que leva premiados pelo Nobel para universidades e centros de pesquisas a fim de inspirar e envolver jovens cientistas, a comunidade científica e o público –, reforçando o comprometimento da empresa com suas prioridades estratégicas voltadas à inovação e liderança científica.

Dr. Aaron Ciechanover, Nobel de Química de 2004, ministrará palestras na Universidade de São Paulo, ANVISA, Universidade de Brasília, INCA e Fiocruz, fazendo um paralelo de sua descoberta com a medicina personalizada relacionada ao câncer.

Durante sua pós-graduação na Faculdade de Medicina de Technion, Aaron, com o Dr. Avram Hershko, em colaboração com Dr. Irwin A. Rose, do Centro de Câncer Fox Chase, na Filadélfia (EUA), descobriu “um sistema que tem como uma de suas maiores funções o descarte de dejetos de proteínas do corpo. “O sistema chamado de ubiquitina, identifica proteínas inúteis e modificadas. Estas são proteínas prejudiciais que devem ser, de maneira seletiva, removidas do corpo, mantendo todos os componentes saudáveis que continuam exercendo suas funções vitais. Esta descoberta está diretamente relacionada ao câncer, pois este é causado por proteínas modificadas, que se acumulam de forma anormal” diz Aaron.

O laureado continuou seus estudos do sistema da ubiquitina e fez descobertas adicionais. Ao longo dos anos, se tornou claro que proteólises mediadas por ubiquitina desempenham um papel importante em muitos processos celulares, e anomalias neste sistema sustentam mecanismos patogênicos de diversas doenças, tais como certas malignidades e transtornos neurodegenerativos. Consequentemente, o sistema se tornou uma plataforma importante para o desenvolvimento de medicamentos.

Para o presidente da AstraZeneca Brasil, Fraser Hall, apoiar essa ação é uma visão de futuro. “Nossa missão é desenvolver medicamentos que realmente façam a diferença na vida dos pacientes, e proporcionar o encontro de cientistas e pesquisadores faz parte dos nossos objetivos. Esperamos com isso engajar os jovens que optaram pelo caminho de construir os próximos passos da medicina e da ciência, bem como os jovens a dedicarem tempo na construção e conhecimento em prol de novas descobertas”, diz Fraser.

Aberto prazo de enquadramento de medicamentos isentos

Empresas têm até o dia 8/9 para complementar informações nos pedidos de enquadramento de 12 ativos e 1 associação como MIPs. Pedidos enviados depois desse prazo serão avaliados de forma independente.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 03/08/2017 18:18
Última Modificação: 03/08/2017 18:28

Está aberto o prazo para que as indústrias farmacêuticas interessadas em realizar peticionamento de enquadramento de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP), sobre

12 ativos e 1 associação, de modo a complementar solicitações já encaminhadas pelas empresas elencadas na tabela anexa, para avaliação da Anvisa. O prazo vai até o dia 8 de setembro.

Os ativos são: Alfaestradiol, Dicloridrato de hidroxizina, Dicloridrato de hidroxizina, Nistatina, Cloridrato de tiamina, Sulfadiazina de prata, Desloratadina, Dicloridrato de levocetirizina, Nitrato de butoconazol, Penciclovir, Esomeprazol, Ácido mefenâmico e Cordia verbenacea DC.

A associação é Queratina + Cistina + associações.

As petições realizadas até o dia 8 de setembro serão analisadas em conjunto com as já protocoladas. Após esse prazo, os processos protocolados serão avaliados de forma independente.

Cabe ressaltar que o peticionamento não é obrigatório.

Após avaliação da área técnica e aprovação pela Diretoria Colegiada da Anvisa e, havendo alteração da restrição de venda, todas as empresas que detenham registro de produto reenquadrado deverão realizar os procedimentos de adequação. Inclusive, aquelas que não solicitaram alteração de restrição de venda, isto é isenção de prescrição de seus medicamentos.

Consultas mais acessíveis por tablet e celular

Sistemas que exigem autenticação pelos responsáveis das empresas serão reunidos em página mais acessível aos smartphones e tablets.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 03/08/2017 17:21
Última Modificação: 03/08/2017 17:26

Os sistemas da Anvisa utilizados pelas empresas e que exigem autenticação por login serão reunidos em uma única página. Nesta nova forma de acesso, o sistema foi construído com tecnologias que adaptam a página ao tipo de navegador e de plataforma utilizados pelo usuário.

Assim, o sistema se adapta de forma mais fácil ao computador, smartphone ou tablet utilizado pelos usuários.

Nesta primeira fase, apenas o Cadastro de Estudo de Resíduo, da área de Toxicologia, está disponível. Os próximos sistemas a serem migrados serão os serviços de emissão de certificados das áreas de Alimentos, Produtos para Saúde, Medicamentos e emissão de segunda via de documentos.

Também estão previstos novos serviços com a consulta da Relação de Restituições de Valores.

A nova página pode ser acessada pelo item “Serviços da Anvisa” localizado no menu superior do portal da Anvisa.

Você também pode acessar diretamente pelo link: http://portal.anvisa.gov.br/portal-de-servicos

Retorno dos inibidores de apetite divide opiniões; afinal, eles são seguros?

Coração e Vida por Coração e Vida – Saúde 03/08/2017 – 10h58

Desde que a venda de inibidores de apetite foi novamente liberada, há discussões sobre a confiabilidade dessa decisão. Em junho deste ano o Congresso brasileiro autorizou a produção e comercialização desses remédios contra a vontade da Anvisa, que havia proibido a venda deles em 2011, por julgar serem nocivos à saúde.

Para a endocrinologista Cláudia Cozer, os inibidores de apetite, quando bem indicados, são úteis para ajudar a pessoa a diminuir a quantidade de alimentos e estimular a perda de peso. “O uso ético desta classe de medicamentos pode trazer grandes benefícios no tratamento da obesidade”, afirma a especialista.

Fábricas e novas tecnologias podem ajudar a reduzir importação de biofármacos

03/08/2017 20h08 Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil

Atualmente, o governo brasileiro gasta em torno de R$ 8 bilhões por ano com a compra de biofármacos, que são distribuídos no Sistema Único de Saúde (SUS). Os biofármacos são medicamentos obtidos por alguma fonte ou processo biológico,  ou seja, o princípio ativo do remédio é obtido através do emprego industrial de microorganismos ou células modificadas geneticamente. Para reduzir essa dependência, uma das iniciativas é a construção de fábricas que produzam biofármacos em território nacional.

Uma dessa unidades será administrada pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).“Vai ser possível produzir no país o princípio ativo, que é o componente de maior valor agregado desse medicamento”, disse Rodrigo Coelho Pinto,responsável pela planta de fabricação de biofármacos da Fiocruz/Manguinhos.

Com a unidade, a expectativa é reduzir em 30% as importações, dependendo da quantidade de produto cuja tecnologia for nacionalizada.

Um dos remédios que será produzido pela fábrica é a alfaepoetina, indicada para tratamento de anemia resultante de insuficiência renal crônica. “Aos poucos, a gente vai incorporando tecnologia desses medicamentos, que o ministério tem maior gasto para o fornecimento à população no Sistema Único da Saúde (SUS)”, disse.

Quando a fábrica entrar em funcionamento, a ideia é que de cinco a seis meses possam ser produzidos cerca de 12 milhões a 14 milhões de frascos da alfaepoetina, o que corresponde à demanda nacional.

A unidade da Fiocruz já iniciou a qualificação de vários sistemas, como os sistemas de água, de geração de vapor e de utilidades, considerados imprescindíveis para a produção dos remédios.

No final do ano, serão iniciados os testes de qualificação dos sistemas de produção propriamente ditos, incluindo o equipamento onde é feito o cultivo da célula para a síntese do produto. Já a operação para a fabricação de lotes comerciais está prevista para ocorrer em dois anos. Os lotes vão servir de base para etapas regulatórias, como autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produção e venda no país.

“A planta tem capacidade para produzir alfaepoetina e mais dois ou três produtos ao longo do ano para atender a demanda do ministério [da Saúde]”, disse Coelho Pinto.

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde informou que os medicamentos biológicos representam 4% da quantidade distribuída pelo SUS e 51% das despesas com compras.

Além da fábrica da Fiocruz, estão previstas outras duas unidades: uma no Instituto Butantan e uma no Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). “Ao todo, serão R$ 6 bilhões em investimentos, públicos e privados, que permitirão a produção de medicamentos para o tratamento de pessoas com câncer; soros contra raiva e picadas de animais venenosos; e vacinas para gripe, hepatite A e HPV, por exemplo”, informou o ministério.

Outra iniciativa, segundo o ministério, são 81 parcerias em andamento – chamadas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) – com 18 laboratórios públicos e 43 privados para desenvolvimento de 88 medicamentos, quatro vacinas e 13 produtos para a saúde, que envolvem 18 biofármacos não produzidos no Brasil e presentes no SUS para diversos tratamentos, como, por exemplo, de câncer. Ao final dos projetos, a previsão é economizar R$ 5,3 bilhões.  

Coppe

Nesta semana, pesquisadores de 13 países participaram do debate sobre os avanços e desafios nas pesquisas e produção de biofármacos e vacinas, que será encerrado amanhã (4). Organizado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pesquisa e Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), o seminário ocorre a cada dois anos e está na sétima edição.

De acordo com a professora de engenharia química da Coppe, Leda Castilho, o Brasil está cerca de 30 anos atrasado na produção de biofármacos e necessita formar mão de obra especializada.

Segundo a Coppe, os biofármacos devem contabilizar US$ 220 bilhões em vendas este ano, o que representa cerca de 20% das vendas da indústria farmacêutica mundial.

Coordenado por Leda Castilho, o Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe, trabalho com desenvolvimento de tecnologia para fabricação de biofármacos para hemofilia, tratamento do colesterol e potenciais vacinas contra a Zika e a febre amarela.

De acordo com a coordenadora, o laboratório está caminhando para desenvolvimento de células que produzem partículas que imitam o vírus da Zika. “Elas são muito seguras e quando essas partículas que imitam o vírus são usadas em vacinas, elas deslancham uma resposta imune no organismo que as recebe, de forma que a pessoa passa a produzir anticorpos para o vírus e passa a estar protegida caso o vírus venha a infectá-la”.

O laboratório trabalha para reduzir custos e produzir as células em larga escala.
Edição: Carolina Pimentel

Farmacêutica Shire consegue liminar para manter parceria suspensa pelo Ministério da Saúde

O juiz Federal Frederico Botelho de Barros Viana, da 4ª vara da JF/DF, concedeu liminar em favor da empresa farmacêutica Shire, com o objetivo de revogar a decisão do Ministério da Saúde que suspendeu os efeitos da Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) firmada com a Empresa Brasileira de Hemoderivados – Hemobrás.

Por intermédio da referida PDP, a Shire se comprometeu a transferir a tecnologia de fabricação do fator VIII recombinante (medicamento usado para tratar pacientes portadores de Hemofilia tipo A) para a Hemobrás. Como ocorre em toda a PDP, durante o processo de transferência de tecnologia, a Shire também se comprometeu a fornecer o medicamento à Hemobrás.

Muito embora a PDP tenha sido originalmente planejada para concluir as atividades apenas ao final de 2022, o Ministério da Saúde emitiu um ofício suspendendo a Parceria, sem, no entanto, fundamentar sua decisão ou, ainda, permitir que a Shire e a própria Hemobrás se manifestassem acerca do assunto.

Por entender que o ato administrativo de suspensão não foi devidamente motivado, que houve cerceamento de defesa e, ainda, que a suspensão do contrato poderia ocasionar o desabastecimento do medicamento no âmbito do SUS, a Shire ajuizou ação visando anulação da decisão do Ministério da Saúde com pedido liminar para suspensão imediata dos seus efeitos.

Em resposta, o juiz Frederico Botelho concedeu a liminar requerida fundamentando sua decisão em dois principais pilares: (i) o ato administrativo não foi, de fato, fundamentado (isto é, careceu de motivação); e (ii) não se poderia suspender a PDP sem que o Ministério da Saúde demonstrasse, ainda que perfunctoriamente, que não haveria risco de desabastecimento do medicamento no SUS.

A Shire é representada nesse processo pelos advogados Gustavo de Freitas Morais, Carlos Eduardo Eliziário de Lima e Rodrigo Augusto de Oliveira Rocci, sócios do Dannemann Siemsen Advogados.
Processo: 1007601-64.2017.4.01.3400

Farmacêuticas nacionais correm risco com mudanças propostas por governo

Política Industrial

qui, 03/08/2017 – 13:09
Atualizado em 03/08/2017 – 13:56

Ministério da Saúde propõe mudanças que podem levar abaixo programa para desenvolver cadeia nacional de fármacos e que abastece SUS

Jornal GGN – A indústria farmacêutica está entre os setores mais resistentes ao impacto de crises econômicas, em se tratando de um dos últimos componentes que as famílias sacrificam em tempos de vacas magras, pela sua óbvia prioridade. Não por acaso o setor é considerado um dos termômetros para saber quando crise econômica avança em níveis absurdamente negativos. E é isso que está acontecendo no Brasil, segundo o vice-presidente da Abifina (Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades), Reinaldo Guimarães.

Em entrevista para Luis Nassif, o executivo destacou que as vendas de medicamentos, como um todo, se matem em curva ascendente, ainda mais em tempos de desemprego, quando, por exemplo, a procura de medicamentos para contrapor o desgaste da saúde mental aumenta. Por outro lado, o setor vem registrando queda na venda de fármacos menos relevantes e redução do crescimento para novos investimentos em pesquisa e inovação.

Outra questão que preocupa os produtores brasileiros é entrada em vigor da Proposta de Emenda Constitucional 55, a PEC que congela por 20 anos os gastos primários governo federal.

"Mesmo que na área de saúde não tenha entrado plenamente em vigor, os contingenciamentos fazem com que falte dinheiro para tudo no Ministério da Saúde. Evidentemente que se estiver faltando dinheiro no Programa de Saúde da Família, que é básico e fundamental, e faltando dinheiro no Programa Nacional de Imunizações, o gestor público vai dar preferência para este último setor", explica. E sem investimento na atenção básica a incidência de doenças deve aumentar, sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde pública, exigindo o aumento de recursos do governo que, por sua vez, limitou os gastos primários.

Guimarães destaca também que outra preocupação do setor é o desinteresse do governo no Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP). A política foi desenvolvida para garantir o abastecimento de medicamentos e fármacos para o Sistema Único de Saúde incentivando a cadeia produtiva e a inovação e pesquisa nacionais. Para ter esse efeito, os acordos na PDP costumam ser selados entre três partes: Ministério da Saúde, um laboratório oficial e um laboratório privado, "a maioria deles, laboratórios nacionais de produção local", completa o executivo.

Além do desinteresse do governo, o atual Ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou recentemente que irá alterar os contratos de parceria com o setor produtivo, colocando em risco da indústria nacional em favor das empresas estrangeiras.

"O ministro Barros está propondo o seguinte: primeiro só irá comprar 70% da demanda dos produtos das PPPs [Parcerias Público Privadas]. Os 30% restante vai fazer uma licitação internacional, e o preço que vai comprar dos 70% tem que ser associado a um preço da licitação internacional. Ora, a indústria farmacêutica brasileira, que desde 2000 só tem vivido uma espécie de renascimento, não tem condições de competir com produtos da China, da Índia e de grandes representantes internacionais que vão fazer dumping".

Farmacêuticas caçam pacientes em lugares remotos da Índia

03/08/2017 11h29

Ari Altstedter

(Bloomberg) — Primeiro as marcas de alimentos estrangeiras inundaram a Índia de salgadinhos, bolachas e refrigerantes que mudaram fundamentalmente os hábitos alimentares do país. Agora, as grandes empresas farmacêuticas querem lucrar com o aumento dos casos de diabetes e doenças cardíacas nos lugares mais afastados do país.

Empresas farmacêuticas internacionais como a Eli Lilly, que tem sede em Indianápolis, EUA, e a suíça Novartis estão chegando a cidades menores e às áreas rurais da Índia para aprender sobre as necessidades de saúde de cerca de 70 por cento da população. Essas regiões remotas do mundo em desenvolvimento são a nova fronteira da indústria internacional de medicamentos.

Na pequena cidade agrícola de Thana Kalan, nos arredores de Nova Délhi — onde os búfalos vagam por ruas estreitas e se sente levemente no ar o cheiro do esterco usado como combustível –, Ajit Singh nunca havia ouvido falar no diabetes. Até os trabalhadores de saúde comunitários aparecerem à sua porta e o alertarem que ele e sua esposa estavam sob alto risco.

Os Singh faziam parte de um programa gratuito de seleção porta a porta financiado pela Eli Lilly, uma das maiores fabricantes de medicamentos para o diabetes do mundo. Mesmo que eles comecem a usar apenas medicamentos genéricos baratos, a esperança é que eles se tornem mais propensos a optar por marcas mais caras à medida que suas rendas aumentarem. E se as grandes farmacêuticas conseguirem descobrir uma forma de atender esses pacientes e ao mesmo tempo conseguir um pequeno lucro, os números absolutos podem significar um enorme retorno no futuro.

"As empresas estão interessadas em assumir uma postura de longo prazo, em entender as características desses mercados e em se posicionar de uma forma que possa ajudá-las a capturar participação de mercado mais adiante", disse Sebastien Mazzuri, diretor da consultoria FSG, especializada em mercados farmacêuticos em desenvolvimento.

Os chineses gastaram US$ 116,7 bilhões em medicamentos em 2016, número que pode chegar a US$ 170 bilhões em 2021. A projeção é que o gasto na Índia crescerá a um ritmo ainda mais rápido — de US$ 17,4 bilhões para US$ 30 bilhões no mesmo período.

O programa piloto que analisou Singh é financiado pela Lilly e administrado pela Fundação de Saúde Pública da Índia (PHFI, na sigla em inglês), uma instituição sem fins lucrativos. O programa envia trabalhadores comunitários de saúde casa por casa para duas cidades indianas de médio porte e zonas rurais dos arredores com tablets programados para realizar testes de diabetes e hipertensão nas pessoas. Além disso, o programa amplia a conscientização sobre as doenças e está capacitando profissionais de saúde locais para diagnosticá-las e tratá-las melhor.

David Ricks, CEO da Lilly, afirma que esses programas representam uma oportunidade de negócio de longo prazo e permitem que a empresa tenha uma compreensão melhor dos desafios da medicina no mundo em desenvolvimento, como a refrigeração e a configuração da cadeia de abastecimento. "Executando esses pilotos podemos aprender e experimentar", afirma. "Nossos projetos estão trabalhando em todos esses ângulos para testar e manter, em ambientes difíceis, formas melhores de tratar o diabetes."
Estilo de vida

Ao mesmo tempo, a Merck & Co., a Índia Sun Pharmaceutical Industries e a GlaxoSmithKline estão financiando programas, também administrados pela PHFI, que treinam clínicos gerais para o tratamento de doenças similares, causadas por determinado estilo de vida, em pequenos centros urbanos indianos, onde é improvável que haja um especialista.
Desde 2007, a gigante suíça do setor de saúde Novartis implementa uma "iniciativa social com fins lucrativos" destinada a oferecer cuidados de saúde à zona rural da Índia, enviando médicos para pequenas cidades e distribuindo medicamentos acessíveis por meio das farmácias locais. A empresa afirma que o programa deixou de ser deficitário 30 meses após o lançamento e desde então foi expandido para o Quênia, a Indonésia e o Vietnã.

Esta é uma forma de "construir ecossistemas de saúde" que futuramente ajudarão a Novartis a crescer em segmentos de mercado inexplorados, disse Jawed Zia, presidente da Novartis Índia, em declaração enviada por e-mail. "Isso é, simplesmente, bom senso comercial."

(Atualizações com detalhes adicionais.)

–Com a colaboração de Jared S. Hopkins