Lucro de controlador da Ambev quase some com provisão do Refis
Publicado em 27/10/2017 por Valor Online
Paiva, presidente da Ambev, diz que caiu o volume de cerveja vendida, mas ele vê melhora em outubro ante setembro A Ambev apresentou no terceiro trimestre um lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 223 mil, praticamente zerando os ganhos de R$ 3,06 bilhões obtidos no mesmo período de 2016. O resultado foi afetado sobretudo por um ajuste tributário de R$ 2,97 bilhões relacionado à adesão ao Programa Especial de Regularização Tributária (Pert), mais conhecido como Refis. Excluindo a provisão do Refis, o lucro líquido ajustado da companhia – usado para a base de cálculo de dividendos para os acionistas – subiu 1,2%, para R$ 3,24 bilhões. A companhia também informou no balanço que recebeu em outubro um auto de infração da Receita Federal, relacionada a lucros auferidos no exterior em 2012, no montante aproximado de R$ 1,1 bilhão, incluindo multa. Ricardo Rittes, diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, disse que a Receita Federal não reconheceu as guias de recolhimento de tributos no exterior. Por isso, fez o auto de infração e abriu processo administrativo. "Dependendo do país é necessário procurar o consulado para validar esse recolhimento de impostos. É um processo simples, a companhia tem que comprovar que pagou os impostos no exterior", afirmou o executivo. Ele acrescento que o risco de perder a ação é inferior a 50%. A ação não tem prazo definido para ser concluída. No terceiro trimestre, a Ambev alcançou uma receita de R$ 11,36 bilhões, resultado 8,4% superior à receita obtida no mesmo intervalo de 2016. O lucro ajustado antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda na sigla em inglês) subiu 13,8%, para R$ 4,55 bilhões. Em volumes, as vendas caíram 1% no trimestre, para 38,84 milhões de hectolitros, atingida principalmente por uma queda no Brasil. O resultado da Ambev no terceiro trimestre ficou abaixo do estimado por analistas dos bancos BTG Pactual, Credit Suisse, Itaú BBA, JP Morgan e UBS. No mercado brasileiro, as vendas de cerveja da Ambev recuaram 5,4%, para 18,49 milhões de hectolitros. De acordo com a Nielsen, o mercado total de cerveja encolheu 1% no período. A receita da venda de cervejas da Ambev no país subiu 9,6%, para R$ 5,19 bilhões, com reajuste nos preços feito em julho. Bernardo Paiva, presidente da Ambev, afirmou em teleconferência para analistas que vê uma contínua melhora na operação brasileira e espera um desempenho mais forte neste trimestre. "Tivemos uma queda no volume de vendas de cerveja no Brasil, em parte porque o mercado encolheu, e também como uma reação ao reajuste de preços. Mas já vimos melhora nas vendas em setembro e em outubro", afirmou. Paiva acrescentou que houve melhora no cenário macroeconômico, o que favorece o setor de bebidas como um todo. Rittes disse ver espaço para a companhia apresentar crescimento em volume e receita. "Estamos confiantes na nossa estratégia comercial. Nossa expectativa é que o reajuste antecipado de preços, que já foi assimilado pelos consumidores, traga benefícios adicionais no quarto trimestre", afirmou. Em relação à operação internacional da Ambev, Rittes afirmou que espera crescimento nas vendas da companhia no último trimestre do ano, especialmente na Argentina e no Panamá. A companhia também estima uma melhora em custos nos próximos meses. Rittes disse que a alta nos preços de commodities teve efeito mais concentrado no terceiro trimestre do ano. A Ambev manteve a projeção para o ano de estabilidade ou aumento de um dígito no custo de produtos vendidos por hectolitro no ano. No terceiro trimestre os custos de produtos vendidos por hectolitro aumentaram 6,3%.