Uso indiscriminado de medicamentos ameaça segurança de pacientes

Pesquisa investiga perfil de pacientes, fatores e problemas da polifarmácia, uso simultâneo de mais de 5 medicamentos

Por Redação – Editorias: Ciências da Saúde

Artigo publicado na Revista de Saúde Pública discute a questão da “polifarmácia”, termo que traduz o uso de mais de cinco medicamentos, e traz um estudo que é parte da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Uso Racional de Medicamentos (PNAUM) – Serviços 2015. O objetivo é “caracterizar a organização dos serviços de assistência farmacêutica na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), visando à divulgação do uso racional de medicamentos”, afirma Renata Nascimento. Caracterizar a polifarmácia no universo dos usuários de medicamentos que passam pelos cuidados da chamada atenção primária do SUS e identificar fatores a ela associados é a proposta dessa pesquisa. Para a autora, o uso exacerbado de medicamentos da população atendida pelo SUS torna-se um desafio para a segurança dos pacientes.

A prestação de cuidados em saúde visa proporcionar ao indivíduo bem-estar, minimizando os riscos desnecessários do excesso de remédios. Há necessidade de uma harmônica relação entre o diagnóstico e o tratamento prescrito, tendo em vista que “o uso inadequado de medicamentos e problemas de comunicação entre médicos e pacientes são as principais causas de eventos adversos”.

Segundo a pesquisa, a polifarmácia está associada à faixa etária de pacientes com 65 anos ou mais, em sua maioria mulheres, com “baixa autopercepção de saúde” e presença de doenças crônicas, dentre as quais se destacam alterações no sistema cardiovascular, hipertensão, reumatismo, ansiedade e depressão, diabete, colesterol, gastrite e dores em geral.

A polifarmácia é comum na prática clínica e os principais fatores para isso são aumento da expectativa de vida, o livre alcance aos remédios, devido à disponibilidade do mercado, e o aumento das doenças crônicas. “A prescrição simultânea, por vários médicos, sem que ocorra a necessária conciliação terapêutica para o paciente” , pode levar ao uso inadequado de medicamentos, ocasionando graves efeitos colaterais, acentuados pelas desastrosas interações medicamentosas.
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É interessante observar, segundo o artigo, que pacientes que contam com plano de saúde particular “apresentaram maior chance de polifarmácia”, considerando que têm mais acesso a consultas com especialistas, “ampliando a variedade de prescrições”; por isso, é importante o controle sobre a ocorrência de interações medicamentosas no intuito de minimizar seus danos, além de ser necessário alertar a população sobre as consequências da automedicação, tais como internação e óbito.

A autora admite haver algumas limitações na pesquisa, tanto em relação aos métodos quanto ao conceito de polifarmácia adotado – o uso de cinco ou mais medicamentos -, e pela impossibilidade de conhecer-se o porquê da prescrição de cada medicamento. Destaca, porém, que este é “o primeiro estudo de abrangência nacional sobre polifarmácia em usuários de serviços de saúde”, indicando que a polifarmácia é uma realidade na “atenção primária” da população atendida pelo SUS. Em vista disso, o principal desafio é garantir a prescrição adequada de medicamentos, a capacitação multidisciplinar de profissionais e educação da população, visto serem “estratégias necessárias para qualificar o uso dos medicamentos e fortalecer a Política Nacional de Segurança do Paciente”, defende ela.

Renata Cristina Rezende Macedo do Nascimento é pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica.

NASCIMENTO, Renata Cristina Rezende Macedo do et al. Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 51, p. 19s, set. 2017. ISSN: 1518-8787. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051007136. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/139761>. Acesso em: 06 dez. 2017.

Margareth Artur / Portal de Revistas da USP

O Avanço na Crise

Faturamento das Farmácias Cresce 8,84%, diz Abrafarma

03/01/2018

O faturamento das 26 redes de farmácias afiliadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) cresceu 8,84% no acumulado de janeiro a novembro de 2017, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (03). As vendas no período totalizaram R$ 40, 39 bilhões, sendo R$ 27,57 bilhões relativo a medicamentos e R$ 4,80 bilhões relativos a genéricos. A venda de não medicamentos chegou a representar R$ 12,82 bilhões do valor total do período, alta de 7,21% sobre o mesmo período de 2016. O aumento de quase dois dígitos, porém, representa um recuo em relação aos últimos anos. Em 2016, a variação foi de 11,03%, em 2015 de 11,99%. "Em 2017 tendemos a fechar o ano com um crescimento entre 9% e 10%. Esse número vem principalmente da abertura de novos pontos de venda e maior ocupação de mercado, com ganho de market share.", comenta Sergio Mena Barreto, presidente executivo da Abrafarma. Para 2018, a expectativa é de ultrapassar o crescimento de 10% de vendas.

Medicamento mais leve no bolso – Por Luiz Carlos Silveira Monteiro *

A compra de medicamentos é o item de saúde que mais pesa no bolso do brasileiro, principalmente entre as famílias carentes, e a falta de recursos financeiros afeta o bem-estar da população. Aproximadamente 50% dos pacientes deixam de seguir a orientação médica diante dos custos dos remédios e os tratamentos imprescindíveis são adiados, provocando impactos não apenas para as pessoas, mas também para os sistemas de atendimento. A doença não tratada de acordo com as recomendações dos especialistas vai evoluir e, em muitos casos, aumentar os gastos com internações e outros procedimentos médicos.

A questão do custo do medicamento é essencial para garantir a qualidade da saúde pública. A Câmara do Deputados, por exemplo, discute um Projeto de Lei para aposentados e pensionistas com 60 anos ou mais deduzirem o gasto com medicamento do Imposto de Renda (IR), desde que seja comprovado com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. A iniciativa segue a demanda dessa população, que mais precisa de cuidados nessa fase da vida e tem gastos 58,1% maiores para bancar custos médicos do que a média dos brasileiros.

A iniciativa é louvável e vai deixar mais leve o bolso de aposentados e pensionistas. Nas próximas décadas, esse é um público que merecerá cada vez mais atenção tanto do setor público como também do sistema privado. O Brasil passará por profundas mudanças na pirâmide etária. Hoje, os brasileiros com 65 anos de idade ou mais representam aproximadamente 8% da população. As projeções para 2030 mostram que 14% estarão nessa fase da vida. O perfil das doenças também deve mudar ao longo desse período. Os registros de doenças infecto-parasitárias já estão em redução no país e caminhamos para o aumento dos diagnósticos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) como diabetes, hipertensão arterial, artrite e problemas cardíacos, entre outras doenças típicas de países desenvolvidos. A ampliação da longevidade vai demandar novos tratamentos. E a compra de medicamentos, mesmo com a possibilidade de dedução do IR não será suficiente para garantir o tratamento prescrito pelo profissional de saúde.

Para se ter uma ideia dessa demanda, pacientes medicados com remédios para controlar as altas taxas de colesterol tiram do bolso cerca de R$ 1.267,48 por ano. Dados do Painel Saúde 2016, da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), apontam ainda que as despesas totais com saúde alcançam 9% do PIB, ou R$ 561 bilhões. Os investimentos públicos no setor respondem por 41% desses recursos, ou 3,7% do PIB (R$ 231,9 bilhões). Já os gastos privados representam 59% desse montante ou 5,3% do PIB (R$ 329 bilhões). Um recorte nesses números aponta ainda que apenas os gastos particulares com saúde e medicamentos, que são as despesas das famílias brasileiras com o setor, alcançam 2,7% do PIB ou R$ 169,2 bilhões.

Por isso, a desoneração para os medicamentos deve ser um tema que devemos colocar como prioridade na nossa pauta sobre a saúde da população. O sistema tributário brasileiro precisa ser revisto como forma de garantir o bem-estar social. Ainda hoje, os remédios têm tributação de aproximadamente 34% nas farmácias do país. A média mundial para impostos desses produtos fica em 6%, mas pode variar de um país para outro. Canadá, Estados Unidos e Reino Unido têm tributação zero para medicamentos, enquanto países como Holanda, Bélgica, França, Portugal, Suíça e Itália tributam em até 10% esses itens. É uma realidade bem diferente da nossa e mostra que ainda não tomamos o rumo certo para garantir a saúde dos brasileiros, principalmente entre os mais carentes.

Outras iniciativas vêm facilitando o acesso da população brasileira aos medicamentos. As empresas de PBMs (Programa de Benefício de Medicamentos) vem conquistando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Criadas nos EUA na década de 1980, elas garantem às corporações atendimento na compra de medicamentos para os colaboradores com até 100% de cobertura. Isso permite ao trabalhador e seus familiares manterem o tratamento adequado, principalmente para as doenças crônicas, e ainda ajudam a reduzir custos para a própria empresa, diminuindo os indicadores de absenteísmo.

O Brasil precisa urgentemente definir uma política de acesso a medicamentos, um dos maiores gaps de nosso modelo de atenção à saúde, passando por revisão da política tributária e custeio dos medicamentos.
O Projeto de lei em questão é um avanço.

(*) Luiz Carlos Silveira Monteiro é presidente da ePharma e conselheiro da Asap (Aliança para Saúde Populacional).

TJ-SP obriga plano de saúde a pagar remédio fora da lista da Anvisa

3 de janeiro de 2018, 14h02

Por Brenno Grillo

Por entender que há risco à vida de um homem com câncer de estômago, o desembargador José Luiz Mônaco da Silva, do Tribunal de Justiça de São Paulo, obrigou, liminarmente, um plano de saúde a custear remédio não previsto na lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelos próximos 90 dias. Na decisão, que reformou cautelar de primeiro grau, o magistrado estipulou multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.

“O estado situação de saúde do agravante é tão grave que está internado na UTI […] Assim, presentes os requisitos legais, notadamente a probabilidade do direito invocado, defiro os efeitos da tutela recursal pleiteada para que a ré, em 5 dias, custeie o tratamento prescrito com o medicamento ‘Keytruda&rsquo;&rdquo;, disse o desembargador na liminar.

O homem moveu a ação contra o plano depois de ser diagnosticado com câncer de estômago, em 2015. Por conta do rápido desenvolvimento da doença, o médico que o atende lhe receitou o medicamento Keytruda, que não é previsto na lista da Anvisa, mas já é usado em estudos no exterior.

O plano de saúde se negou a custear o tratamento alegando que seria preciso o aval de uma junta médica. Mas esse procedimento também não é coberto pelo convênio. Segundo o advogado do autor da ação, Simon Zveiter, o paciente não tem condições de arcar esse tipo de consulta colegiada, porque tem pago do próprio bolso o medicamento, que custa R$ 20 mil a dose — que deve ser administrada a cada três semanas.

Na sentença, o juízo da 8ª Vara Cível de São Paulo negou o pedido do autor justamente pela falta de previsão do medicamento na lista da Anvisa: “Indefiro a tutela, posto que o medicamento indicado pelo médico não é reconhecido pela Anvisa, sendo descabida o custeio de medicamento cuja comercialização pende de autorização&rdquo;.

Home care
Depois de conseguir o custeamento do remédio, o paciente obteve autorização médica para continuar o tratamento em casa, pois está debilitado e há risco de infecção hospitalar. Até o momento o plano de saúde não respondeu à solicitação de custeio do chamado “home care&rdquo;.

“A ré claramente não tem interesse no cuidado de seus beneficiários, o autor teve alta, mas com atendimento de homecare, face a situação extremamente delicada, ocorre que faz quase uma semana que tal pedido fora realizado e até a presente data não fora liberado diversos pedidos foram feitos&rdquo;, afirmou Zveiter no aditamento apresentado ao juízo.

Jurisprudência definida
Há inúmeras decisões permitindo o custeio de remédios fora da lista da Anvisa por planos de saúde. Uma delas, do Superior Tribunal de Justiça, proferida em 2016, determina que o plano de saúde, mesmo havendo cláusula contratual limitando o direito do consumidor, não pode excluir do custeio medicamento prescrito por médico responsável pelo tratamento do beneficiário.

Segundo o STJ, a abusividade dessa conduta existe mesmo que o tratamento seja ministrado em ambiente domiciliar. “Se o contrato prevê a cobertura de determinada doença, é abusiva a cláusula que exclui o tratamento, medicamento ou procedimentos necessários à preservação ou recuperação da saúde ou da vida do contratante&rdquo;, disse o relator do caso, ministro Marco Aurélio Bellizze, relator do caso.

Em 2015, o TJ-SP fez uso de entendimento similar para definir que é conduta abusiva do plano de saúde negar o fornecimento de medicamentos para tratamento de quimioterapia prescritos por médico. Em outra decisão, também do tribunal paulista, mas de 2014, foi determinado que o convênio médico que assume a obrigação de prestar assistência à saúde de um cliente deve fornecer o remédio, mesmo que o Ministério da Saúde proíba o fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa.

Em sentença de 2013, proferida pelo juiz Daniel Ovalle da Silva Souza, que ocupava à época a titularidade da 8ª Vara Cível do Fórum Central de São Paulo (mesma que analisa o caso noticiado), definiu que o plano de saúde não pode se negar a pagar por medicamentos, estejam eles previstos ou não no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

&quot;Em sede de direitos do consumidor e de contratos de adesão, a interpretação das cláusulas deve ser feita de modo mais favorável ao consumidor, sem prejuízo, ainda, do uso do princípio da razoabilidade. Assim, havendo previsão no contrato de que serão prestados aos usuários do plano serviços médicos, auxiliares e hospitalares, além de tratamentos na medida em que sejam necessários para o controle da evolução da doença e elucidação diagnóstica (artigo 12, inciso II, alínea d, da Lei nº 9.656/98), temos que a utilização do medicamento Lucentis não pode ser obstada&quot;, disse o juiz em sua decisão.

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 3 de janeiro de 2018, 14h02

OMS aprova primeira vacina contra febre tifoide para uso em bebês

03/01/2018 16h03 Da Agência EFE

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou no fim de dezembro a primeira vacina para a febre tifoide que pode ser ampliada em crianças maiores de 6 meses.

A informação foi divulgada pelo organismo nesta quarta-feira (3). As vacinas conjugadas contra a febre tifoide (TCV, na sigla em inglês) são inovadoras por gerarem uma imunidade maior do que as mais antigas, requerem menos doses e podem ser administradas em crianças pequenas por meio de programas rotineiros de imunização.

Outras vacinas também foram aprovadas internacionalmente para serem usadas em humanas, mas só a partir dos dois anos.

O aval da OMS faz com que a vacina possa ser adquirida pelas demais agências da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Gavi, a Aliança Mundial para Vacinas.

A decisão foi tomada depois de o grupo de especialistas de assessoria estratégica sobre imunização, que aconselha a OMS, ter recomendado em outubro de 2017 a TCV para uso rotineiro em crianças maiores de seis meses em países onde a febre tifoide é endêmica.

O grupo de especialistas recomendou, além disso, a introdução da vacina conjugada de maneira prioritária em países com as taxas mais elevadas de febre tifoide ou de resistência antibiótica à bactéria Salmonella Typhi, que causa a doença.

O uso da vacina também deve ajudar a conter o uso frequente de antibióticos contra a doença e, portanto, auxiliar a reduzir o "alarmante aumento" da resistência da bactéria aos medicamentos.

Pouco depois da recomendação do grupo de especialistas, o conselho da Gavi aprovou um financiamento de US$ 85 milhões para adotar o uso da TCV a partir de 2019.

A febre tifoide é uma infecção grave, às vezes mortal, contraída através da água ou alimentos contaminados. Entre os sintomas da doença estão febre, cansaço, dor de cabeça, de estômago, diarreia e resfriados.

Para milhões de pessoas em países pobres, a doença é uma realidade diária. A cada ano são registrados entre 11 milhões e 20 milhões de casos, além de cerca de 161 mil mortes.

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Via metabólica envolvida na resposta imune ao Zika também participa de neurogênese

04 de janeiro de 2018

Karina Toledo  |  Agência FAPESP &ndash; Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram no soro sanguíneo de pacientes com Zika moléculas que servem como marcadores dessa infecção viral.

O achado permitiu ao grupo desvendar uma importante via de sinalização celular envolvida na resposta imune contra o Zika. Os resultados da pesquisa &ndash; que conta com a participação da Rede Zika, apoiada pela FAPESP &ndash; foram divulgados na revista Frontiers in Microbiology.

“Essa mesma via de sinalização celular está envolvida na neurogênese, o processo de formação de novos neurônios, e está muito ativa durante o desenvolvimento embrionário. Sabemos que alguns vírus, entre eles o Zika, liberam uma proteína capaz de bloquear essa cascata de sinalização para escapar do sistema imune &ndash; o que pode estar associado também à microcefalia e outras malformações do sistema nervoso central&rdquo;, disse Carlos Fernando Melo, autor principal do artigo.

A pesquisa envolveu 79 participantes, sendo 35 com diagnóstico confirmado de Zika por meio de testes moleculares capazes de detectar o RNA viral em amostras de sangue durante a fase aguda da infecção.

Outros 34 pacientes incluídos no estudo apresentavam, no momento da coleta do material para análise, sintomas parecidos com os causados pelo Zika, como febre, conjuntivite e dor de cabeça. No entanto, tiveram resultado negativo nos testes diagnósticos para esse vírus e também para os causadores da dengue e da febre chikungunya. O terceiro grupo de participantes foi composto por 10 indivíduos sadios, sem qualquer sintoma infeccioso.

O trabalho de coleta e análise das amostras foi realizado durante o doutorado de Melo, com apoio da FAPESP e orientação de Rodrigo Ramos Catharino, professor na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e coordenador do Laboratório Innovare de Biomarcadores da Unicamp.

“Separamos as amostras em dois grupos: um contendo apenas os casos positivos para o Zika e outro, considerado o grupo-controle, que continha tanto material de pacientes sintomáticos cujo teste havia dado negativo como o de voluntários saudáveis. Fizemos isso justamente para evitarmos marcadores não específicos do Zika, que poderiam estar relacionados a infecções causadas por outros patógenos&rdquo;, explicou Melo.

O soro sanguíneo dos participantes foi analisado em um espectrômetro de massas &ndash; equipamento que mede a massa das moléculas e, com base nessa informação, permite identificar cada composto presente na amostra. Em seguida, os dados foram interpretados com auxílio de um modelo estatístico conhecido como análise discriminante ortogonal por mínimos quadrados parciais (OPLS-DA, na sigla em inglês).

“Essa metodologia nos permite tabular, por ordem de importância, o que há de diferente nas amostras. Desse modo, conseguimos identificar os metabólitos capazes de diferenciar os dois grupos. Para nossa surpresa, encontramos nas amostras de pacientes infectados os peptídeos angiotensina 1-7 e angiotensina I, que fazem parte do chamado sistema renina-angiotensina&rdquo;, disse Melo.

Segundo o pesquisador, o conjunto de peptídeos, enzimas e receptores celulares que formam o sistema renina-angiotensina está associado principalmente com o controle da pressão arterial e do volume de líquidos no corpo. Porém, estudos recentes mostraram que alguns elementos desse sistema têm função importante na resposta imune contra vírus.

Como relataram os autores no artigo, experimentos feitos por outros grupos mostraram que ratos infectados com o vírus da dengue e tratados com losartana ou enalapril &ndash; medicamentos contra hipertensão que atuam como inibidores da enzima que converte angiotensina I em angiotensina II (ECA) &ndash; apresentaram sintomas mais severos da doença viral.

Em outro teste, ratos modificados geneticamente para não expressar a ECA foram infectados com o vírus sincicial respiratório e, após algum tempo, apresentaram carga viral cinco vezes maior que a dos ratos-controle (capazes de expressar a ECA).

“Os dados da literatura científica sugerem que, no caso do Zika, os peptídeos angiotensina 1-7 e angiotensina I estão envolvidos na resposta imune celular. Eles dariam o sinal para que tenha início, nas células infectadas, o processo de autofagia [no qual as estruturas do meio intracelular são degradadas], de modo a impedir a replicação do vírus. Mas é uma hipótese que ainda precisa ser confirmada&rdquo;, explicou Melo.

Os cientistas também encontraram nas amostras positivas um grupo de mediadores lipídicos que integram justamente a cascata de sinalização iniciada pela angiotensina quando esta se liga ao seu receptor celular. Na avaliação de Melo, esse achado corrobora a participação desses peptídeos do sistema renina-angiotensina na resposta imune contra o Zika.

Um início, dois desfechos

A via de sinalização que, em teoria, leva às células infectadas pelo vírus a se autodevorarem para barrar a infecção é mediada por uma proteína conhecida como mTOR (alvo da rapamicina em mamíferos, na sigla em inglês). Em determinadas circunstâncias, essa mesma proteína pode regular o início do processo de neurogênese. Os fatores que determinam se a sinalização seguirá para um ou outro lado ainda não são bem compreendidos.

“Sabemos que nos adultos a neurogênese está bem menos ativa do que nos embriões em desenvolvimento. Pretendemos agora estudar melhor a via da mTOR para entender quando e como ocorre a sinalização para autofagia ou para neurogênese&rdquo;, disse Melo.

Segundo o pesquisador, esse conhecimento poderá abrir caminho para o desenvolvimento de terapias capazes de bloquear a infecção pelo Zika antes de o vírus causar danos ao sistema nervoso central.

Outra possibilidade futura seria usar marcadores encontrados no sangue para auxiliar clínicos no processo de diagnóstico. “Usando essa mesma abordagem, mas com outras ferramentas tecnológicas, poderemos obter um conjunto de marcadores capaz de discriminar os casos positivos. Mas, para isso, precisamos de parceiros na área de tecnologia da informação, processamento de dados e também de apoio financeiro para continuar a pesquisa&rdquo;, disse Diogo de Oliveira, pós-doutorando na Unicamp e coautor do artigo.

Para Catharino, o trabalho apresenta a descrição fisiopatológica mais completa da infecção pelo Zika em humanos já feita. “Graças às ferramentas metabolômicas, conseguimos identificar marcadores não usuais da infecção [peptídeos e lipídeos em vez de proteínas e DNA] de forma rápida e direta, sem a necessidade de modelos ou culturas celulares. Esta é uma ferramenta bastante aplicável, porém ainda desconhecida&rdquo;, disse.

Segundo o coordenador, o estudo só foi possível graças à colaboração com pesquisadores da Zika-Unicamp Network. “Estamos desenvolvendo com essa mesma rede um método de diagnóstico para dois tipos de fluidos biológicos. Mas o avanço depende de parceiros e de recursos financeiros&rdquo;, disse Catharino.

O artigo Serum Metabolic Alterations upon Zika Infection (doi: https://doi.org/10.3389/fmicb.2017.01954), de Carlos Fernando O. R. Melo, Jeany Delafiori, Diogo N. de Oliveira, Tatiane M. Guerreiro, Cibele Z. Esteves, Estela de O. Lima, Victoria Pando-Robles, Rodrigo R. Catharino e Rede Zika, está publicado em www.frontiersin.org/articles/10.3389/fmicb.2017.01954/full.

Primeiro estudo com imunoterapia e terapia-alvo mostra redução no risco de agravamento ou morte em câncer de pulmão avançado

Quarta, 03 Janeiro 2018 15:14 Escrito por Brunna Mariel
Estudo de fase III IMpower150 mostrou que a combinação dos medicamentos atezolizumabe e bevacizumabe, mais quimioterapia, reduziram em 38% o risco de agravamento da doença ou morte em pessoas com um tipo de câncer de pulmão avançado

A Roche, líder mundial em biotecnologia, divulgou resultados do estudo inédito de fase III IMpower150, com uma nova perspectiva para o tratamento de câncer de pulmão de células não-pequenas (CPCNP), não escamoso e avançado, ainda não tratado. A combinação terapêutica dos medicamentos Tecentriq (atezolizumabe), um imunoterápico, e Avastin (bevacizumabe), terapia-alvo consolidada, mais quimioterapia (carboplatina e paclitaxel), reduziram em 38% o risco de agravamento da doença ou morte em pessoas com este tipo da doença, em comparação aos que receberam apenas bevacizumabe mais quimioterapia.

Este é o primeiro estudo de fase III que avalia a imunoterapia combinada ao anticorpo monoclonal e mostra melhora da sobrevida livre de progressão neste tipo de câncer. Um importante fato demostrado foi a duplicação da taxa de sobrevida livre de progressão em 12 meses, um marco no tratamento, observada com a combinação de atezolizumabe e bevacizumabe mais quimioterapia (37%) comparada a bevacizumabe mais quimioterapia (18%).

A taxa de encolhimento do tumor (taxa de resposta global, TRG), um parâmetro secundário do estudo, foi maior nos pacientes tratados com atezolizumabe e bevacizumabe mais quimioterapia comparados aos que receberam bevacizumabe mais quimioterapia (64% vs. 48%). “O estudo reduziu o risco de agravamento da doença quando usado como tratamento inicial em um amplo grupo de pacientes com CPCNP não escamoso avançado e representa um importante avanço, e logo que possível, um novo padrão de tratamento para os pacientes que convivem doença”, conclui Dra. Sandra Horning, Diretora Médica e de Desenvolvimento Global de Produtos da Roche.

O atezolizumabe foi a primeira droga aprovada pela agência reguladora americana, a Food and Drugs Administration (FDA), como imunoterapia anti-PD-L1, em outubro de 2016 e foi aprovada no Brasil, no segundo semestre de 2017. A droga impede que o tumor inative as células T, que são responsáveis por detectar e atacar efetivamente as células tumorais. Com este bloqueio, o sistema imune ganha força contra a metástase, fase avançada da doença, dando mais sobrevida aos pacientes. Já o anticorpo bevacizumabe é consagrado no tratamento de câncer ao longo das últimas décadas, seu mecanismo bloqueia a ação do VEGF (vascular endothelial growth factor), ou seja, impede o crescimento de vasos sanguíneos que alimentam tumores malignos.

A combinação terapêutica das moléculas atezolizumabe e bevacizumabe pode aumentar o potencial do sistema imunológico de combater diversos tipos de câncer, incluindo o CPCNP avançado tratado em primeira linha. Bevacizumabe pode aumentar ainda mais a capacidade de atezolizumabe de ativar as respostas de células T contra o tumor.

O perfil de segurança da combinação desses medicamentos, mais quimioterapia, foi consistente com os perfis de segurança dos medicamentos individualmente, e não foram identificados novos sinais de alerta de segurança. O estudo será submetido as autoridades regulatórias de todo mundo.

Câncer de pulmão não-pequenas células

Apesar dos recentes avanços no tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas, ainda existe a necessidade de novas opções terapêuticas, uma vez que ele é o mais prevalente na população, representando cerca de 85% de todos os casos da doença. O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer em todo o mundo. Todos os anos, 1,59 milhão de pessoas morrem em decorrência dessa doença, o que se traduz em mais de 4.350 óbitos por dia em todo o mundo. Em termos gerais, o câncer de pulmão pode ser subdividido em dois tipos principais: CPCNP e câncer de pulmão de pequenas células.

Sobre a Roche

A Roche é uma empresa global, pioneira em produtos farmacêuticos e de diagnóstico, dedicada a desenvolver avanços da ciência que melhorem a vida das pessoas. Combinando as forças das divisões Farmacêutica e Diagnóstica, a Roche se tornou líder em medicina personalizada – estratégia que visa encontrar o tratamento certo para cada paciente, da melhor forma possível.

É considerada a maior empresa de biotecnologia do mundo, com medicamentos verdadeiramente diferenciados nas áreas de oncologia, imunologia, infectologia, oftalmologia e doenças do sistema nervoso central. É também líder mundial em diagnóstico in vitro e tecidual do câncer, além de ocupar posição de destaque no gerenciamento do diabetes. Fundada em 1896, a Roche busca constantemente meios mais eficazes para prevenir, diagnosticar e tratar doenças, contribuindo de modo sustentável para a sociedade. A empresa também visa melhorar o acesso dos pacientes às inovações médicas trabalhando em parceria com todos os públicos envolvidos. Vinte e oito medicamentos desenvolvidos pela Roche fazem parte da Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, entre eles, antibióticos que podem salvar vidas, antimaláricos e terapias contra o câncer. Pelo oitavo ano consecutivo, a Roche foi reconhecida como a empresa mais sustentável do grupo Indústria Farmacêutica, Biotecnologia e Ciências da Vida pelos Índices Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI).

Com sede em Basileia, na Suíça, o Grupo Roche atua em mais de 100 países e, em 2016, empregou mais de 94.000 pessoas em todo o mundo. No mesmo ano, a Roche investiu 9,9 bilhões de francos suíços em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e suas vendas alcançaram 50,6 bilhões de francos suíços. A Genentech, nos Estados Unidos, é um membro integral do Grupo Roche. A Roche é acionista majoritária da Chugai Pharmaceutical, no Japão. Para mais informações, visite www.roche.com.br.

Setor farma em destaque em ranking do Valor Econômico

Última atualização 3 Janeiro, 2018

O ano terminou com mais uma demonstração da força do canal farma. O ranking Valor Grandes Grupos, publicação do jornal Valor Econômico que reúne as 200 maiores empresas do Brasil, incluiu dez grupos que atuam no varejo e indústria farmacêutica. A Eurofarma estreou em 2017, ocupando a 153ª posição. Entre as dez empresas que mais cresceram por receita, a Raia Drogasil ficou na sétima colocação, com um crescimento de 27,2% em 2016, fruto de uma estratégia agressiva focada na expansão orgânica.

Na categoria comércio, entre os 20 grupos que mais cresceram por receita, quatro estão ligadas ao varejo farmacêutico. Na primeira posição vem a Raia Drogasil, seguida pela Profarma (2º). O Grupo Dimed (9º) e a Ultra (17º) completam a lista. A Raia Drogasil também ocupa a 13ª posição entre as 20 maiores da área do comércio.

Na categoria indústria, cinco laboratórios farmacêuticos destacaram-se entre as 20 maiores: Grupo NC (EMS) (1º em receita), Aché (7º em receita e 16º em lucro líquido), Eurofarma (9º em receita e 11º em rentabilidade patrimonial), Hypermarcas (6º em lucro líquido e 13º em patrimônio líquido). A Bayer ficou na 20ª colocação entre as 20 maiores. A Novartis figura na 109ª colocação no ranking.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

Surge nova vacina para a prevenção contra a herpes zóster

Com crescimento dos casos, pesquisadores médicos e autoridades de saúde parecem empolgados com uma nova vacina para herpes zoster, doença popularmente conhecida como cobreiro

O herpes zóster, doença infecciosa causada pelo vírus varicela-zoster (o mesmo responsável pela catapora), acaba de ganhar uma nova vacina, a Shingrix. Aprovada no mês passado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos, a vacina ainda não está disponível no Brasil. Segundo o Dr. William Schaffner, especialista em doenças preveníveis da Faculdade de Medicina da Universidade Vanderbilt, onde foi testada, “a vacina tem um índice de proteção inicial espetacular em todas as faixas etárias. O sistema imunológico de uma pessoa de 70 ou 80 anos reage como se ela tivesse apenas 25 ou 30”.

Geralmente adquirido na infância – momento em que a maioria das pessoas manifesta as lesões clássicas da catapora – o vírus varicela-zoster pode ficar dormente no organismo por anos e "acordar" em qualquer fase da vida. Quando desperta, faz surgir dolorosas bolhas em algumas regiões do corpo. De acordo com a médica infectologista e sócia da clínica Vacina Express, Dra. Carolina Abrão, "o vírus fica alojado em gânglios nas regiões do tórax ou do abdômen e um dia, por causa da queda da imunidade ou porque a pessoa está mais velha, ele reativa como herpes-zoster", explica. Mesmo aqueles que não tiveram catapora na infância podem desenvolver a doença na vida adulta. "Não precisa ter tido a doença, basta contato com o vírus. E a população brasileira é muito exposta a ele – 94% já tiveram contato com o varicela-zóster", afirma Carolina.

A Shingrix tem esquema em duas doses que devem ser administradas com pelo menos dois meses de intervalo, e a aplicação é dolorosa. Por estes motivos, e pela dificuldade em fazer a população idosa se vacinar, defensores da saúde pública preveem alguns problemas potenciais em adquirir esta vacina. Porém, nos estudos a vacina prometeu ser 30% mais eficiente do que a vacina atual. “O objetivo, quando a vacina estiver disponível, é uma forte campanha de conscientização. Afinal, quem conhece pessoas que já tiveram a doença, sabe como ela é sofrida”, diz Carolina.

Os órgãos reguladores ainda não têm 11 anos de dados sobre a Shingrix, mas em algumas amostragens, ela permaneceu eficaz por seis anos ou mais, segundo a GSK, companhia farmacêutica multinacional britânica. Isso também deve reduzir a incidência de neuralgia pós-herpética, desde que os 42 milhões de pessoas na faixa dos 50 anos comecem a se vacinar.

Idosos

É um dos grupos que mais correm risco de desenvolver a doença que, dependendo do local de acometimento, pode causar ameaça à visão e dores intensas (neuralgia) que podem durar meses ou até anos. Porém, a nova vacina protege tão bem os idosos quanto as pessoas de meia-idade. A Shingrix acumula eficácia de 97 por cento em quem tem mais de 50 anos; em estudo separado com pessoas com mais de 70 anos, ela preveniu 90 por cento dos casos de herpes até de quem tinha bem mais de 80.

Sobre a Vacina Express

A Vacina Express é a primeira clínica de vacinas de Aparecida de Goiânia. Possui acreditação pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), e a única da região com equipamentos de última geração como, por exemplo, a câmara de conservação portátil que pode transportar vacinas e possibilita a vacinação extra-muro. Também possui câmaras frias que funcionam por até 72 horas sem energia e possuem um sistema que avisa por telefone caso algum problema de temperatura seja identificado.

Banco faz análise das perspectivas da indústria farmacêutica

Última atualização 3 Janeiro, 2018

Os analistas da Bradesco Corretora estão muito otimistas com a bolsa neste ano de 2018. Em relatório enviado aos clientes, a corretora do segundo maior banco privado do país diz que espera que o Índice Bovespa atinja 90 mil pontos em dezembro, o que implica em um potencial de valorização superior a 20% em relação aos 76 mil pontos atuais. “Chegamos neste número atribuindo 80% de chances do cenário de ajuste fiscal ter continuidade após as eleições (o que poderia levar o Ibovespa aos 100.000 pontos) e 20% do ajuste fiscal ser interrompido (neste caso, o Ibovespa poderia ir para os 50.000)”, diz a corretora.

Segundo os analistas, o valor das ações também parece atrativo para o investidor, pois o principal índice da bolsa brasileira está refletindo em seus preços um crescimento de lucros até meados de 2019, enquanto a Bradesco Corretora espera que o atual ciclo de crescimento tenha duração de cinco anos.

Educação e saúde
A corretora do Bradesco espera um crescimento menor da receita em 2018, refletindo os baixos aumentos de preços em 2017 e o crescimento insuficiente dos volumes. As condições de preços estão relacionadas à baixa inflação em 2017 e não à falta de poder de barganha das empresas. Enquanto isso, o crescimento do volume mostra diferentes tendências em todas as indústrias.

Na indústria farmacêutica, não está claro se a recente aceleração do volume pode durar ou se está relacionada a questões extraordinárias em 2017, como os saques das contas inativas do FGTS e o maior poder de compra individual. Os serviços de saúde continuam dependentes das melhorias no mercado de trabalho, o que influencia a compra dos planos de saúde e a demanda por outros serviços, como diagnósticos. Para a educação, o FIES e a demanda ainda em recuperação devem reduzir o crescimento do número de matrículas.

Por tudo isso, a expectativa é de uma certa pressão de margem na maioria das indústrias, exceto diagnósticos, por diferentes motivos. Os produtores farmacêuticos experimentam uma forte concorrência nas categorias de genéricos e “similares”. Os varejistas de medicamentos também enfrentam pressão competitiva, pois muitos players retomam atualmente seus planos de expansão. Finalmente, as empresas de educação devem ser afetadas pelo efeito do FIES, bem como por despesas pré-operacionais, exceto por histórias de recuperação, como Anima e Estácio.

A corretora recomenda Qualicorp (QUAL3), com preço-alvo de R$ 42, e Ser Educacional (SEER3), também com preço-alvo de R$ 42,00.

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