Ministro da Saúde confirma risco de desabastecimento de medicamentos para doenças raras

Em reunião na Câmara, Ricardo Barros explica que o risco ocorre por conta da judicialização da questão

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, confirmou o risco de desabastecimento de medicamentos para pessoas portadoras de doenças raras, em encontro com deputados da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara. O encontro ocorreu no Dia Internacional das Doenças Raras, comemorado geralmente no dia 28 de fevereiro, e no dia 29 de fevereiro, em caso de anos bissextos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, doença rara é aquela que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos.

Barros afirmou que o risco de desabastecimento ocorre por conta da judicialização da questão. “Nós temos uma decisão judicial para comprar, abrimos a compra, e as empresas estão disputando na Justiça o resultado da licitação”, explicou. “Então, lamentavelmente nós corremos o risco de desabastecimento desses medicamentos, porque não conseguimos concluir os processos de compra, porque as empresas estão disputando na Justiça direitos de exclusividade que nós entendemos não deveriam prevalecer”, completou.

“O ministério não pode ser obrigado a comprar mais caro o medicamento porque um determinado produtor tem um representante exclusivo que quer cobrar mais caro”, acrescentou ainda o ministro.

Já o deputado Padre João (PT-MG) disse que muitas pessoas com doenças raras têm decisão judicial favorável a elas, e o ministério não acata a decisão. "Muitas pessoas estão morrendo no Brasil inteiro porque os medicamentos estão suspensos, há seis meses, três meses”, relatou. “Quando a pessoa recebe o medicamento ela tem uma vida normal, pode trabalhar. Com a falta do medicamento, vem tantas outras doenças, oportunistas", complementou.

Padre João citou ainda denúncias de que empresas de medicamentos não credenciadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão sendo favorecidas pelo ministério.
Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Senado e Câmara iluminados para lembrar o Dia Mundial das Doenças Raras

Propostas na Câmara
Na Câmara, tramitam diversas propostas para facilitar o acesso de pacientes com doenças raras a medicamentos. Entre eles, o Projeto de Lei 8670/17, do deputado Marcelo Aro (PHS-MG), que determina prioridade na tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, dos procedimentos judiciais em que figure como parte ou interessado pessoa acometida com doença rara.

O Palácio do Congresso Nacional está com iluminação especial, até a próxima sexta-feira (2), para chamar a atenção para o Dia Mundial das Doenças Raras. O objetivo é conscientizar a população e órgãos públicos sobre os tipos de doenças raras existentes e a dificuldade que os pacientes enfrentam para conseguir tratamento ou cura.

Avaliação
No encontro com os deputados da Comissão de Seguridade, Ricardo Barros também fez uma avaliação dos dois anos no comando do Ministério da Saúde e citou, como marca da sua gestão, a informatização do sistema de saúde.

O presidente da comissão, deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), elogiou a gestão do ministro que, para ele, está pautada na economia de recursos e na eficiência: “Ele prestigiou inclusive a aquisição de medicamentos de última geração para Aids, por exemplo, que eram comprados por mais de 5 dólares o comprimido e hoje são comprados a 1 dólar”, apontou. “Ele economizou muito e aplicou muito principalmente na assistência básica do País”, acrescentou.

Íntegra da proposta:
PL-8670/2017
Reportagem – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein

Produtos para emagrecimento, impotência e gripe são proibidos pela Anvisa

Escrito por: Pesquisa Web – Ciência e Saúde -01 de Março de 2018

A partir de hoje, todos os produtos com alegações terapêuticas da empresa Bella Você Natural não podem ser distribuídos, divulgados e, principalmente, comercializados no Brasil.

No portfólio da empresa, havia uma série de cápsulas, óleos, sementes e outros itens que ajudariam a emagrecer, combater a disfunção erétil, afastar a gripe.

A medida, já publicada no Diário Oficial da União, decorre do fato de que a empresa em questão não tem qualquer registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ou seja, nenhum de seus produtos tem qualquer comprovação de eficiência ou mesmo de segurança.

Dito de outra forma, não dá pra saber se o que está no rótulo de fato corresponderia à realidade. E olha: as embalagens dos produtos, pelo menos no site, prometem maravilhas.

Um único item, por exemplo, alega emagrecer, reduzir o colesterol, melhorar o humor, fortalecer o sistema imunológico, combater a TPM e regular o intestino! Ao se deparar com esse tipo de produto, desconfie. Se você pretende remediar algo, procure um profissional.

Fonte: Saúde é Vital*

Falha na comunicação com Serpro compromete PEI

Desde o início desta semana, erro na comunicação com Serpro compromete o Peticionamento Eletrônico (PEI).

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 01/03/2018 16:41
Última Modificação: 01/03/2018 16:44

Na segunda-feira (26/2), a Anvisa detectou que não conseguia buscar os arquivos que integram o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) ao Peticionamento Eletrônico (PEI) da Agência.

O problema de comunicação entre os arquivos que integram os dois sistemas tem impedido os usuários, que finalizam o processo de peticionamento no Siscomex, de gerar a Guia de Recolhimento à União (GRU).

Para solucionar o problema, na quarta-feira (28/2), a Anvisa implantou um processo de contingência que permitiu o processamento de todas as guias acumuladas nos últimos dias. Até que o serviço do Serpro esteja normalizado, a Anvisa manterá este procedimento.

A ação de contingência pode aumentar o tempo de disponibilização da GRU em até duas horas.

Estudo norte-americano inova tratamento de câncer de colo de útero

Pesquisadores da Universidade de Washington têm demonstrado que casos resistentes à radiação podem ser vulneráveis a terapias que afetam o fornecimento de substâncias utilizadas pelos tumores para se desenvolver; oncologista do HCor acrescenta que essa pesquisa tem obtido resultados preliminares bastante relevantes podendo potencialmente ampliar a ação das terapias tradicionais indicadas em situações deste tipo

Embora as terapias oncológicas tenham contado com inúmeros aprimoramentos nas últimas décadas, o tratamento para o câncer cervical, ou de colo de útero, como é mais conhecido, e que registra a segunda maior incidência entre as mulheres, não evoluiu tanto. Porém, um estudo recente realizado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, demonstrou que casos resistentes à radiação podem ser vulneráveis a terapias que afetam o fornecimento de substâncias que os tumores cervicais utilizam para se desenvolver dentro do organismo. “Essa pesquisa tem obtido resultados experimentais bastante interessantes em linhagens celulares resistentes à radioterapia podendo ter efeito aditivo às terapias tradicionais indicadas para casos deste tipo”, diz o Dr. Auro Del Giglio, oncologista do Hospital do Coração (HCor).

Ao analisar a evolução de camundongos implantados com células de câncer cervical humano, os autores da pesquisa conseguiram eliminar muitos dos tumores desenvolvidos pelos animais com uma combinação de radiação com três diferentes tipos de drogas diferentes. “Este método afetou o metabolismo dos tumores, ao interromper a habilidade de cada um deles em absorver glicose”, explica o médico do HCor.

Sem glicose, as células dos tumores analisados foram forçadas a buscar combustíveis alternativos, o que as fragilizou. Ao observar este estado de vulnerabilidade, os pesquisadores responsáveis pelo estudo atacaram-nas com radiação e obtiveram sucesso. A terapia foi testada contra quatro diferentes linhagens celulares de câncer cervical sem provocar efeitos colaterais negativos evidentes entre as cobaias. “Isso sugere uma grande probabilidade de que células saudáveis não sejam tão dependentes de glicose como ‘combustível’, quanto as cancerosas”, avalia o oncologista do HCor.

Target | Estratégia em Comunicação
Assessoria de Imprensa do HCor – Hospital do Coração
Rita Nogueira – rita@targetsp.com.br
Ricardo Costa – ricardo@targetsp.com.br
Tel.: (11) 3063-0477

Presidente executivo do Sindusfarma é eleito para Mesa do Conselho Nacional de Saúde

O presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, assumiu uma cadeira na Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Mussolini é membro titular do Conselho, na qualidade de representante do setor industrial (Confederação Nacional da Indústria), com mandato até dezembro deste ano.

Articulação

A Mesa Diretora do CNS, eleita pelo plenário, é composta por oito conselheiros titulares. Cabe à Mesa a responsabilidade por toda a condução dos processos administrativos e políticos a serem deliberados pelo Pleno.

De acordo com o regimento interno do CNS, outra competência da Mesa, que trabalha de forma colegiada, “é promover articulações políticas com órgãos e instituições, internos e externos, para garantir a intersetorialidade do Controle Social e a articulação com outros conselhos de políticas públicas”.

Diálogo

Nos últimos anos, Mussolini tem defendido os interesses da indústria farmacêutica e do segmento empresarial no CNS, mantendo interlocução permanente com os diversos ministros da Saúde, secretários de Ministério e lideranças de trabalhadores da área da saúde e dos movimentos sociais que têm assento no Conselho.

Tudo sobre pílula anticoncepcional: de efeitos colaterais a contra-indicações

Saiba porque existem tantos tipos de pílula e quando ela pode falhar

AreaM

Para as mulheres, uma coisa na vida é praticamente certa: pílulas anticoncepcionais. É muito comum que, quando começam a namorar, as adolescentes e mulheres heterossexuais comecem a tomar a pílula como uma proteção anticoncepcional extra, além da camisinha.

A grande variedade de pílulas serve para que cada mulher ache o anticoncepcional ideal

A pílula existe desde 1960 e já evoluiu muito, diminuindo seus riscos e efeitos colaterais. Porém, apesar de ter seu uso tão difundido, a pílula também representa riscos e tem contra-indicações.

Segundo o ginecologista Ricardo Luba, não são todas as mulheres que podem fazer uso da pílula. Entre as principais contra-indicações, ele pontua: trombose venosa profunda ou trombose arterial, diabetes, sobrepeso, hipertensão arterial, doenças cardíacas, altos níveis de colesterol, algumas doenças no fígado, câncer de mama, alergias aos componentes do anticoncepcional, colite ulcerativa e anemia falciforme. Por isso, é importante que a pílula seja recomendada por um médico, que avaliará a saúde da paciente.

Além disso, Ricardo explica que existem diversos tipos de anticoncepcionais e o que varia é o tipo e a dose dos hormônios. Essa variedade serve para que cada mulher tenha um tipo ideal para seu uso. “Tudo é avaliado, desde o peso da paciente, queixas de queda de libido, acne, pelos no corpo, oleosidade do cabelo, e como alternativa para as pacientes que não desejam menstruar”, explica Ricardo. “No Brasil, é muito comum a mulher usar a pílula da melhor amiga, mas isso pode ser muito perigoso”, reforça o ginecologista Gustavo Ventura.

É importante que a pílula seja recomendada por um médico, que avaliará a saúde da paciente

É importante que alguns medicamentos podem cortar ou diminuir a absorção da pílula, alterando sua eficácia. Gustavo explicou que esses medicamentos são os antibióticos, anti-depressivos, anti-convulsivantes e laxantes. Dessa forma, é sempre importante perguntar ao seu médico sobre os efeitos entre a pílula anticoncepcional e qualquer outro remédio receitado. Ligar para o laboratório responsável pela pílula também ajuda a sanar dúvidas. Apesar de métodos de barreira, como a camisinha, serem sempre importantes para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, em casos em que o efeito da pílula pode ser cortado, vale ressaltar a necessidade do uso desses métodos adicionais. Casos de diarreia ou vômito também podem diminuir a absorção da pílula.

Além disso, a mulher deve estar sempre atenta aos efeitos colaterais da pílula. Segundo Ricardo, o tempo de adaptação geralmente é de dois a três meses. Dessa forma, se algum efeito colateral persistir após três meses, como sangramento irregular, queda da libido, ganho de peso, mudança de humor, náuseas, vômitos, dores de cabeça, enjoo e dores de estômago, é importante procurar o profissional para que uma possível troca de anticoncepcional seja avaliada.

Conferência Febrafar e Abradilan reúne todas as pontas do mercado farmacêutico

Evento aconteceu nos dias 21 e 22 de fevereiro último

A 2ª Conferência Febrafar e Abradilan de Líderes do Mercado Farmacêutico, que ocorreu nos dias 21 e 22 de fevereiro último, reuniu toda a cadeia produtiva do setor, com representantes da indústria, distribuição e entidades para discussões em torno de problemas e ações estratégicas de um mercado que movimentou aproximadamente R$ 98,3 bilhões no ano passado, segundo a IQVIA.

A Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) e a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) são duas das entidades mais representativas, respectivamente, do varejo e da distribuição do País.

“Encontros como esses são importantes porque neles estão reunidos todos os grandes players da cadeia do setor. E o mercado está crescendo e temos uma perspectiva super positiva em 2018. Por isso, nós da indústria, juntamente com os distribuidores e os varejistas, devemos estar preparados para oferecer e atender a demanda”, destacou o CEO da Natulab, Wilson Borges.

A gerente de negócios da Hypera/Neo Química, Vívian Angiolucci, complementa dizendo que a conferência, mais do que um momento para expor as ações estratégicas da companhia em curto e médio prazo, serviu para caputar imputs do mercado.

Fonte: Assessoria de Imprensa Abradilan (Core Group)

Ronaldo Fenômeno em campanha para Neo Química

março 1, 2018

Neo Química retorna ao tema futebol em sua nova campanha com o ícone Ronaldo Fenômeno. O filme explora a paixão do brasileiro pelo esporte, com cenas de pessoas praticando a modalidade, e o posicionamento da marca, que busca ser lembrada como acessível e presente em todos lares das famílias brasileiras, como o futebol. A campanha terá veiculação nas TV e rádio, além de investimentos em mídia digital e out of home.

A partir do dia 05 de março, como parte da nova campanha, Neo Química promoverá em pontos de vendas de todas as farmácias e drogarias do Brasil um portal, que oferecerá conteúdos exclusivos sobre saúde. Os primeiros consumidores a se cadastrarem receberão a bola oficial da campanha, impressas com autógrafos de Ronaldo Fenômeno.

Ficha Técnica:
Anunciante: Hypera Pharma S.A
Produto: Neo Química
Agência: My Agência de Propaganda Ltda
Diretor de Criação: Woody Gebara
Direção de Arte: Daniel Rasello
Redação: Henrique Jabali
Digital: Felipe Mattos
RTVC: Paula Cavalhere
Atendimento: Camila Soares Netto
Título: Paixão
Diretor: Frederico de Ouro Preto
Produtora: Conspiração Filmes
Áudio: A Voz do Brasil

Sandoz anuncia novo diretor-geral para o Brasil

Divisão da Novartis é líder global em medicamentos genéricos e biossimilares

A Sandoz, divisão de genéricos e biossimilares da Novartis, anuncia Mariano De Elizalde como novo diretor-geral no Brasil. Há 15 anos no Grupo Novartis, o executivo assume o cargo em 1º de março como substituto de André Brázay, que deixa a empresa para sua aposentadoria.

“Estou empolgado em poder ajudar a Sandoz no Brasil a seguir impulsionando seu crescimento sustentável no país. Nossa equipe de profissionais qualificados continuará trabalhando para o desenvolvimento da cadeia farmacêutica nacional para levar acesso a medicamentos de qualidade à população”, afirma De Elizalde.

Durante os últimos seis anos, em que comandou a Sandoz no México e na Argentina, Mariano registrou crescimento contundente por meio de mudanças culturais que possibilitaram fortalecer o negócio com agilidade em licenciamentos, lançamento de produtos e abertura de novos segmentos.

Antes, atuou em diferentes posições dentro do Grupo Novartis, em países como Áustria e Alemanha. Nessas localidades, entregou resultados e crescimento extraordinários, desenvolvendo equipes de alto desempenho com talentos voltados a cargos de gestão.

De Elizalde é graduado em Farmácia pela Universidade de Buenos Aires, com MBA na Universidade CEMA (Argentina) e mestrado em Gerenciamento de Projetos na Universidade de Washington (EUA).

Sobre a Sandoz

A Sandoz é líder global em medicamentos genéricos e biossimilares. Como divisão do Grupo Novartis, nosso propósito é descobrir novas maneiras de melhorar e prolongar a vida das pessoas. Contribuímos com a sociedade, apoiando crescentes necessidades de cuidados de saúde, por meio abordagens inovadoras para ajudar as pessoas em todo o mundo a terem acesso a medicamentos de alta qualidade. Nosso portfólio possui aproximadamente 1.000 moléculas, abrangendo todas as principais áreas terapêuticas. Em 2017, as vendas da companhia representaram US$ 10 bilhões. No ano passado, nossos produtos atingiram mais de 500 milhões de pacientes e aspiramos atingir um bilhão. A Sandoz está sediada em Holzkirchen, na região de Munique, na Alemanha.

Como o sonho de um banco em criar a maior rede de farmácias do país acabou afundado em dívidas

Após acumular dívidas de R$ 1,2 bilhão com mais de 15 mil credores, a BR Pharma, fundada pelo banco BTG, entrou com um dos maiores pedidos de recuperação judicial de uma empresa varejista do país

Jéssica Sant’Ana [23/02/2018]

Fundada por um banco com o objetivo de ser o primeiro e o maior conglomerado de redes de farmácias do país, a Brasil Pharma, mais conhecida como BR Pharma, acabou afundada em dívidas. O grupo chegou a ter sete marcas diferentes funcionando ao mesmo tempo, mais de 1,2 mil unidades e faturamento de R$ 3,5 bilhões, mas não conseguiu tornar toda essa estrutura lucrativa nem unificar as bandeiras para criar uma única e forte rede com atuação em todo o Brasil. O resultado foi que a companhia entrou no início do ano com um dos maiores pedidos de recuperação judicial de uma empresa varejista do país, após acumular dívidas de R$ 1,2 bilhão com mais de 15 mil credores.

A BR Pharma foi fundada em 2009 pelo BTG Pactual, em um momento que o banco queria diversificar seus negócios. A ideia foi aproveitar a lacuna existente na época no mercado farmacêutico, que era muito pulverizado e formado por redes regionais, para formar o primeiro e maior conglomerado de redes de farmácias do país. Depois, vender esse conglomerado por um valor bilionário.

O banco criou, então, a BR Pharma e adquiriu diversas redes regionais para formar o grupo farmacêutico. Entre 2009 e 2012, foram oito aquisições: Rede Nordeste de Farmácias, com atuação em Pernambuco; Farmácia dos Pobres, com atuação no Nordeste; Rosário Distrital, líder em Brasília e na região Centro-Oeste; Guararapes Brasil, líder em Pernambuco; Farmais, com presença no estado de São Paulo; Mais Econômica, presente no Rio Grande do Sul e em Santa Carina; Sant’Ana, líder na Bahia; e Big Ben, do Pará. O grupo também comprou, dentro desse período, um centro de distribuição e realizou, em 2011, sua primeira oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira.
Falta de integração das marcas foi o maior problema

Mas o que era para ser o maior conglomerado do país fracassou diante da falta de integração entre as marcas e a excessiva queima de caixa, resultando no endividamento do grupo. “A ideia inicial foi partir para uma série de aquisições, porém um dos grandes problemas foi a descentralização das decisões. A partir do momento que ela foi adquirindo as várias empresas das mais diferentes regiões do país, foi diversificando o número de acionistas e de pessoas que poderiam eventualmente tomar decisões dentro do grupo sem ter um CEO forte que tivesse uma unanimidade para centralizar todas as operações”, afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos. “Ela acabou deixando, em alguns casos, o controle nas mãos dos antigos proprietários das farmácias adquiridas e isso acabou tendo um efeito negativo, cada um tinha uma estratégia diferente. Não era uma empresa que visava um grande resultado como um todo, era uma holding que não funcionava com uma holding”, completa Suzaki.

Das oito redes compradas, apenas três foram integradas. Em 2010, a Rede Nordeste de Farmácias passou a operar conjuntamente com a Guararapes Brasil, ambas sob a marca Farmácias Guararapes. Dois anos e meio mais tarde, a Farmácias Guararapes foi integrada à Big Ben. Com isso, a BR Pharma chegou a ter entre março e junho de 2012 sete marcas operando ao mesmo tempo, de Norte a Sul do país, com uma gestão descentralizada.

Além da falta de unificação das marcas para formar uma única rede nacional forte o suficiente, o BTG não integrou as áreas de compras e logística das marcas, o que aumentava os custos da operação e diminuía a eficiência, fez a aquisição de algumas redes com perfis muito distintos e muito distantes geograficamente e não focou na operação do dia a dia das lojas. Era um grupo de redes de farmácias, mas com quase uma dezena de bandeiras atuando sem uma estratégia conjunta.

Os erros de gestão e as diversas aquisições fizeram a BR Pharma queimar muito caixa e a tornou dependente de injeção de capital para funcionar. O resultado foi um prejuízo de R$ 1,52 bilhão acumulado até novembro de 2017 e dívida de R$ 1,2 bilhão sendo negociada dentro do plano de recuperação com mais de 15 mil credores. O seu principal credor individual é o BTG, que tem R$ 984,3 milhões a receber, fruto dos diversos aportes que fez na rede. Entre os outros credores, estão indústrias farmacêuticas, fornecedores gerais, bancos, empresas públicas e funcionários.
Tentativa de correção e novo dono

Em 2015, o BTG tentou corrigir o rumo da BR Pharma, mas já era tarde demais. Na época, o principal executivo do banco, o empresário André Esteves, foi preso por corrupção, o que levou o BTG a acelerar a venda de ativos. Na área farmacêutica, o grupo vendeu a rede Mais Econômica, com atuação no Sul, por R$ 44 milhões ao fundo Verti e, em 2016, vendeu a Rosário, com presença no Centro-Oeste, por R$ 173 milhões à Profarma. O banco tentou repassar, ainda, as bandeiras Big Ben e Farmais, mas não teve sucesso.

Com as vendas e as unificações feitas anteriormente, restaram somente três bandeiras para a BR Pharma: Farmais, que opera em diversas regiões do país através de franquias, e Big Ben e Sant’Ana, com lojas próprias operando na Bahia, no Pará e em Pernambuco.

O enxugamento da estrutura foi suficiente apenas para o BTG conseguir repassar o grupo ao fundo Lyon Capital, do empresário Paulo Remy, conhecido por comprar empresas em dificuldades financeiras. O valor da venda foi simbólico: R$ 1 mil. E o BTG acabou saindo como o maior credor da BR Pharma, devido aos vários aportes que fez na empresa ao longo dos anos.

O novo controlador da BR Pharma afirmou que iria readequar os processos de gestão da empresa e controlar a dívida para que o grupo voltasse a investir em suas atividades. “[Remy] comprou mais por conta dessa possibilidade de turnaround da companhia. Eles ficaram com alguns ativos que poderiam vir a ser interessantes. A ideia seria fazer a integração desses ativos ou vender algum desses ativos, o que resultaria em um caixa significativo ou pelo menos reduziria a dívida”, explica Suzaki.

Remy tentou novos financiamentos e renegociação da dívida com os credores, mas não teve sucesso na sua empreitada. Com isso, a BR Pharma entrou no dia 10 de janeiro com um pedido de recuperação judicial. O pedido foi aceito pela Justiça e a proposta de renegociação das dívidas deve ser apresentada até o fim da primeira quinzena de abril, sob pena de falência do grupo.

A Brasil Pharma tem 288 lojas próprias das bandeiras Sant’Ana e Big Ben, sendo que 217 estão com seu funcionamento suspenso até o fim do processo, 433 franquias da bandeira Farmais (muitas em processo de litígio) e 4,5 mil funcionários. É o sexto maior grupo farmacêutico do país em faturamento.