Medicamento mais leve no bolso

Luiz Carlos Silveira Monteiro é presidente da ePharma e conselheiro da Asap (Aliança para Saúde Populacional)

A compra de medicamentos é o item de saúde que mais pesa no bolso do brasileiro, principalmente entre as famílias carentes, e a falta de recursos financeiros afeta o bem-estar da população. Aproximadamente 50% dos pacientes deixam de seguir a orientação médica diante dos custos dos remédios e os tratamentos imprescindíveis são adiados, provocando impactos não apenas para as pessoas, mas também para os sistemas de atendimento. A doença não tratada de acordo com as recomendações dos especialistas vai evoluir e, em muitos casos, aumentar os gastos com internações e outros procedimentos médicos.

A questão do custo do medicamento é essencial para garantir a qualidade da saúde pública. A Câmara do Deputados, por exemplo, discute um Projeto de Lei para aposentados e pensionistas com 60 anos ou mais deduzirem o gasto com medicamento do Imposto de Renda (IR), desde que seja comprovado com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. A iniciativa segue a demanda dessa população, que mais precisa de cuidados nessa fase da vida e tem gastos 58,1% maiores para bancar custos médicos do que a média dos brasileiros.

A iniciativa é louvável e vai deixar mais leve o bolso de aposentados e pensionistas. Nas próximas décadas, esse é um público que merecerá cada vez mais atenção tanto do setor público como também do sistema privado. O Brasil passará por profundas mudanças na pirâmide etária. Hoje, os brasileiros com 65 anos de idade ou mais representam aproximadamente 8% da população. As projeções para 2030 mostram que 14% estarão nessa fase da vida. O perfil das doenças também deve mudar ao longo desse período. Os registros de doenças infecto-parasitárias já estão em redução no país e caminhamos para o aumento dos diagnósticos de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) como diabetes, hipertensão arterial, artrite e problemas cardíacos, entre outras doenças típicas de países desenvolvidos. A ampliação da longevidade vai demandar novos tratamentos. E a compra de medicamentos, mesmo com a possibilidade de dedução do IR não será suficiente para garantir o tratamento prescrito pelo profissional de saúde.

Para se ter uma ideia dessa demanda, pacientes medicados com remédios para controlar as altas taxas de colesterol tiram do bolso cerca de R$ 1.267,48 por ano. Dados do Painel Saúde 2016, da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), apontam ainda que as despesas totais com saúde alcançam 9% do PIB, ou R$ 561 bilhões. Os investimentos públicos no setor respondem por 41% desses recursos, ou 3,7% do PIB (R$ 231,9 bilhões). Já os gastos privados representam 59% desse montante ou 5,3% do PIB (R$ 329 bilhões). Um recorte nesses números aponta ainda que apenas os gastos particulares com saúde e medicamentos, que são as despesas das famílias brasileiras com o setor, alcançam 2,7% do PIB ou R$ 169,2 bilhões.

Por isso, a desoneração para os medicamentos deve ser um tema que devemos colocar como prioridade na nossa pauta sobre a saúde da população. O sistema tributário brasileiro precisa ser revisto como forma de garantir o bem-estar social. Ainda hoje, os remédios têm tributação de aproximadamente 34% nas farmácias do país. A média mundial para impostos desses produtos fica em 6%, mas pode variar de um país para outro. Canadá, Estados Unidos e Reino Unido têm tributação zero para medicamentos, enquanto países como Holanda, Bélgica, França, Portugal, Suíça e Itália tributam em até 10% esses itens. É uma realidade bem diferente da nossa e mostra que ainda não tomamos o rumo certo para garantir a saúde dos brasileiros, principalmente entre os mais carentes.

Outras iniciativas vêm facilitando o acesso da população brasileira aos medicamentos. As empresas de PBMs (Programa de Benefício de Medicamentos) vem conquistando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Criadas nos EUA na década de 1980, elas garantem às corporações atendimento na compra de medicamentos para os colaboradores com até 100% de cobertura. Isso permite ao trabalhador e seus familiares manterem o tratamento adequado, principalmente para as doenças crônicas, e ainda ajudam a reduzir custos para a própria empresa, diminuindo os indicadores de absenteísmo.

O Brasil precisa urgentemente definir uma política de acesso a medicamentos, um dos maiores gaps de nosso modelo de atenção à saúde, passando por revisão da política tributária e custeio dos medicamentos. O Projeto de lei em questão é um avanço.

Por Da Redação em 27/01/2018 às 08:02

Entrega de medicamentos na Cema passa a funcionar com data agendada

De acordo com governo, mudança visa otimizar o atendimento, reduzir o tempo de espera do usuário

Redação 26 de janeiro de 2018 – 17:19

Manaus – A Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), mudou o sistema de atendimento aos usuários do Programa Estadual de Medicamento Especializado (Proeme).

De acordo com a assessoria, a partir deste mês de janeiro, a entrega de medicamentos está sendo agendad, com a finalidade de otimizar o atendimento, conforme explica o secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato. “Estamos reestruturando a Cema, de modo que possamos aprimorar a assistência nessa área”, disse.

Um novo sistema de senha eletrônica que agiliza o atendimento prioritário para idosos e a possibilidade de entrega da medicação em casa, para pessoas com mobilidade reduzida está sendo implementado.

O coordenador da Cema, Olavo Tapajós, explica que o atendimento, antes, era por demanda espontânea. ”Podíamos receber cerca de 600 pacientes num dia e no outro somente 200. Com isso, nos dias de grande demanda, o tempo de atendimento ficava prejudicado. Com o agendamento, podemos padronizar numa média de 300 pacientes por dia”, afirma Olavo.

Marcação – Agora, ao sair do órgão com o seu medicamento, a pessoa já saberá a data do próximo mês em que deve retornar para receber novamente a medicação.

O Proeme, programa do Ministério da Saúde (MS), oferece medicamentos para pessoas portadoras de doenças crônicas reconhecidas pelo MS. Muitos dos medicamentos são de alto custo. No Amazonas, todos os meses, mais de seis mil pessoas são beneficiadas pela iniciativa.

Além dos medicamentos definidos pelo SUS, no Amazonas, a lista de itens ofertados à população foi ampliada por iniciativa do próprio Governo do Estado.

Guichês – Diariamente, a Cema conta com oito guichês de atendimento. Ao assumir, a nova gestão da Susam também reforçou a equipe do órgão, com a disponibilização de mais farmacêuticos e abertura de vagas de estágios.

Recadastramento – Neste mês de janeiro, a Cema também realiza um recadastramento para atualizar os dados dos usuários do Proeme. O objetivo é atualizar as informações necessárias para que os beneficiários continuem tendo acesso gratuito aos medicamentos. O prazo encerra dia 31.

PF apreende medicamentos contrabandeados em Uruguaiana

Operação também apreendeu calçados falsificados

Fred Marcovici

A Polícia Federal realizou duas apreensões na tarde desta sexta-feira no Aeroporto Rubem Berta de Uruguaiana. No setor de cargas e encomendas – durante inspeção de rotina – foram detectadas 120 unidades de medicamentos veterinários de origem estrangeira que teria como destino final a cidade de Salvador, na Bahia. Os responsáveis serão denunciados por contrabando.

Outra ação recolheu 300 pares de calçados com aparente falsificação oriundos de Minas Gerais. O crime de pirataria está sendo analisado pelos policiais. Os dois episódios fizeram parte da Operação Sentinela e contaram com apoio da equipe e equipamento (scaner) da Infraero.

Republicada portaria que incorpora novo medicamento para câncer de mama no SUS

Por: Comunicação Interna/ASCOM/GM/MS – 26/01/2018 08h33

Comunicação Interna/ASCOM/GM/MS

O Ministério da Saúde, por meio do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, republicou a portaria de incorporação do medicamento pertuzumabe para o tratamento de pacientes com câncer de mama metastásico HER-2 positivo na rede pública de saúde, por incorreção na portaria original, publicada em 04 de dezembro de 2017.

O fármaco estará disponível no SUS em até 180 dias. A republicação foi divulgada na última sesta sexta-feira, 19 de janeiro, no Diário Oficial da União.

O câncer de mama, que ocorre quando há uma multiplicação anormal das células mamárias, que crescem de maneira desordenada e formam tumores, é um dos cânceres mais diagnosticados, principalmente a partir dos 50 anos.

Entre 15% e 20% dos casos apresentam superexposição da proteína HER-2 positivo, o que corresponde ao pior prognóstico, pois o tumor se faz mais agressivo, cresce e se prolifera com maior capacidade de invasão e disseminação para outros órgãos (metástase).

O tratamento se realiza com quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo (que ataca especificamente as células cancerígenas).

O medicamento pertuzumabe associado a trastuzumabe e docetaxel foi incorporado ao SUS por proporcionar um aumento de 15,7 meses no tempo de sobrevida global (tempo de sobrevivência desde o início do tratamento, sem que o paciente faleça).

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) recomendou a utilização desse fármaco após analisar seus benefícios e considerar as contribuições de pacientes, familiares, sociedade médica e profissionais da saúde por meio das contribuições recebidas na consulta pública.

DF implantará farmacoterapia no tratamento de pacientes com hepatite e artrite

On 26 Janeiro, 2018

O Ministério da Saúde lançou, nesta quarta-feira (24), o Programa de Cuidados Farmacêuticos. O projeto-piloto terá início no Distrito Federal, São Paulo e Bahia. O objetivo é que os profissionais farmacêuticos passem a fazer o acompanhamento regular de pacientes diagnosticados com hepatite e artrite reumatóide – que fazem uso rotineiro de medicamentos – para que façam o uso correto, aumentem a qualidade de vida e tenham melhores resultados no tratamento.

O lançamento do Programa foi feito pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante reunião plenária do Conselho Federal de Farmácia, em Brasília. “Estamos propondo um conjunto de ações para melhorar a assistência farmacêutica no Sistema Único de Saúde. Até o final do ano, queremos que mais sete estados façam parte do programa”, disse o ministro.

Barros recebeu do presidente do Conselho de Farmácia, Walter da Silva, a condecoração da Ordem do Mérito Farmacêutico Internacional no grau Grã-Cruz, parte das comemorações do Dia do Farmacêutico, celebrado oficialmente em 20 de janeiro.

FARMÁCIA CLÍNICA

O secretário de Saúde em exercício e adjunto de Assistência à Saúde do Distrito Federal, Daniel Seabra, reforçou que os pacientes com doenças crônicas e polimedicados muitas vezes vivenciam problemas com seus medicamentos.

“Muitos deles têm dificuldades em cumprir corretamente seu tratamento. Por isso, o paciente terá uma orientação melhor sobre o uso do medicamento. O DF já vem implementando há algum tempo reforços na farmácia clínica. Temos esse serviço em todos os hospitais e em 12 Unidades Básicas de Saúde. A previsão é de implementar mais 12 UBSs este ano”, enumerou Seabra, ao contabilizar que aproximadamente 150 técnicos e auxiliares de farmácia foram capacitados em 2017.

A responsável pelos Componentes Especializados da Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do DF, Priscila Torres, explicou que há cerca de 3 mil pacientes com artrite reumatóide em tratamento no DF e aproximadamente 100 em tratamento de hepatite C.

“Para iniciar o atendimento, os farmacêuticos serão capacitados. Eles serão responsáveis por orientar os pacientes sobre utilização do medicamento, efeitos adversos, e ainda verificarão se o paciente está respondendo bem ao tratamento”, explicou.

A previsão é que o atendimento desses pacientes seja feito nas Farmácias de Alto Curto da Asa Sul, Ceilândia e Gama.

Fonte: Fato Online

Projeto destina ao Fundo Nacional de Saúde recursos de impostos sobre medicamentos e tabaco

Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei do Senado que destina ao Fundo Nacional de Saúde (FNS) o dinheiro arrecadado com impostos sobre medicamentos e produtos derivados de tabaco.

O projeto (PL 9214/17) vincula ao FNS a arrecadação de quatro tributos incidentes sobre medicamentos e derivados do tabaco: Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ). O texto insere dispositivos na Lei Orgânica da Saúde (8.080/90).

O FNS financia despesas do Ministério da Saúde e também é repassado aos estados e municípios para custear investimentos e ações ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Autor da proposta, o senador Otto Alencar (PSD-BA) destaca que estudo da Aliança de Controle do Tabagismo mostra que o tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao tabaco consumiu R$ 21 bilhões do orçamento da Saúde em 2011, ao passo que a arrecadação do IPI-Fumo representou apenas R$ 3,7 bilhões nesse mesmo ano.

Tramitação
A proposta será analisada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Em seguida, será votada pelo Plenário.

Íntegra da proposta:
PL-9214/2017
Reportagem – Lara Haje
Edição – Marcia Becker

Saúde fecha parceria com a Libbs para dobrar produção da vacina

Última atualização 29 Janeiro, 2018

O número de casos de febre amarela no Estado do Rio este ano chegou a 25, com oito mortos. A campanha de vacinação fracionada contra a doença começou ontem em 15 municípios da Região Metropolitana, onde cinco milhões de pessoas ainda precisam ser imunizadas. Amanhã, na capital, todos os postos municipais de saúde estarão participando do Dia D contra a febre amarela. A vacina também será aplicada em 29 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), dez hospitais estaduais, oito tendas, 30 quartéis do Corpo de Bombeiros e cinco batalhões da Polícia Militar.

Também ontem o Ministério da Saúde inaugurou uma linha final de produção da vacina, em São Paulo. A meta é dobrar a produção anual, atualmente de 48 milhões de doses, feitas no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz). A etapa em São Paulo inclui preparação, envase, liofilização e embalagem das doses, que devem ser liberadas já a partir de junho.

Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, o Brasil tem hoje capacidade para imunizar toda a população. Ele visitou ontem o laboratório da Indústria Farmacêutica Libbs, que passa a ser parceira da Fiocruz nessa nova linha de final de produção. Segundo o Ministério da Saúde, entre julho de 2017 e o último dia 23 de janeiro, foram confirmados 130 casos de febre amarela e 53 óbitos pela doença no país.
? Estamos dobrando a capacidade da fabricação da vacina. Se precisarmos hoje vacinar todos os brasileiros que não se imunizaram, podemos fazer isso em 60 dias ? afirmou o ministro.

Fonte: Extra

Ministério da Saúde lança Programa de Cuidados Farmacêuticos

Publicado: Quarta, 24 de Janeiro de 2018, 11h46

Pacientes com hepatite e artrite reumatoide serão os primeiros a receber orientação sobre uso racional de medicamentos em unidades do SUS. Iniciativa reduz riscos e falhas no tratamento

Para melhorar o acesso e o uso dos medicamentos ofertados no Sistema Único de Saúde (SUS), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou durante a 466ª Reunião Plenária do Conselho Federal de Farmácia, em Brasília, a criação do Programa Cuidados Farmacêuticos. O projeto piloto, que terá início em São Paulo, Bahia e Distrito Federal, beneficiará pacientes portadores de hepatite e artrite reumatoide com orientações e acompanhamento sobre uso racional de medicamentos. Até o final do ano, mais sete estados devem ser inseridos no projeto. Também foi anunciado outras ações para a qualificação da assistência farmacêutica no SUS.

“O uso inadequado de medicamentos eleva os riscos de falhas no tratamento e os custos das ações em saúde. Por isso, uma consulta com o farmacêutico para orientar melhor como deve ser o acondicionamento do remédio, a melhor forma e horário de ingestão, vai ajudar a população portadora destas doenças a aderir o tratamento e ter uma qualidade de vida melhor. A ação também aproxima o profissional do paciente promovendo um atendimento mais humanizado”, declarou o ministro Ricardo Barros.

Confira aqui a apresentação completa.

Outra novidade é a inclusão do código de identificação para farmacêuticos nos sistemas de atendimentos do SUS. A partir de fevereiro, será possível identificar se o paciente atendido recebeu orientações de farmacêuticos ou de outros profissionais durante o atendimento. Hoje, não existe uma base de dados que identifique em quais funções esses profissionais estão atuando. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) possibilitará saber quais procedimentos são feitos pelos farmacêuticos nos serviços de saúde.
Departamento de Assistência Farmacêutica disponibiliza site com informações da Base Nacional de Assistência Farmacêutica

ESTRUTURAÇÃO – O Ministério da Saúde irá repassar R$ 22 milhões para estruturação da assistência farmacêutica em 629 municípios. A medida, parte do Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS (Qualifar-SUS), que permite aos municípios investir na contratação de profissionais e a aprimoramento dos serviços das farmácias locais. Atualmente 1.580 municípios recebem o recurso. A expectativa é que até o final de 2018 mais 808 municípios passem a receber.

GESTÃO – Em 600 dias de gestão do ministro Ricardo Barros foi possível realocar R$ 4,6 bilhões para o custeio de mais serviços do SUS. Adoção de medidas para tornar a administração mais eficiente, representou para o cidadão a ampliação do atendimento nos hospitais, do acesso a equipamentos, medicamentos, vacinas e renovação da frota de ambulâncias.

Entre os avanços obtidos neste período, o SUS conseguiu oferecer, por exemplo, um dos melhores medicamentos para AIDS disponíveis, o Dolutegravir. Devido ao menor custo, o tratamento passou a ser ofertado para todos os pacientes como primeira linha.

Por Gabriela Rocha, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa – (61) 3315-3580 / 2351

Confira remédios que você nunca deve misturar

Publicado: 24 Janeiro 2018
Combinação errada pode levar a efeitos colaterais sérios

Todo medicamento tem efeitos colaterais e, por mais que eles tenham sido criados para combater doenças, também podem oferecer riscos para a saúde. “A diferença entre o remédio e o veneno está na circunstância e na dose”, afirma o toxicologista Anthony Wong, coordenador do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP. Por isso, os medicamentos devem ser encarados de uma forma séria.

Um levantamento divulgado em setembro do ano passado indicou que a maioria de intoxicações por medicamentos acontecem com remédios considerados inofensivos pela população como analgésicos, anti-inflamatórios e antigripais. No Brasil a situação não é muito diferente. Segundo levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológica (Sinitox), ligado ao Instituto Fio Cruz, os medicamentos são os principais responsáveis por intoxicação humana superando venenos, drogas e agrotóxicos.

A situação piora bastante quando há uma combinação entre diferentes medicamentos. “Muitas vezes o problema vem de uma automedicação. Um amigo ou familiar recebeu uma prescrição de um remédio e repassa para o paciente quando está com sintomas parecidos, apenas querendo ajudar. Porém, não é porque uma medicação funcionou bem para um que terá o mesmo efeito no outro. Isso traz um risco muito grande de complicações”, alerta o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia Carlos Augusto Mello da Silva, do Centro de Informações Toxicológica do Rio Grande do Sul.

Além de outros medicamentos, alguns alimentos, hábitos e doenças também podem alterar o metabolismo de remédios. Por isso, é importante deixar seu médico a par da situação geral de sua saúde e questioná-lo sobre as restrições que envolvam seu tratamento.

Outro problema comum é um paciente que já faz um tratamento com acompanhamento médico esquecer-se de informar durante a consulta com outro especialista quais são os medicamentos que já estão sendo usados. Para evitar esse problema, Carlos Augusto indica que o paciente sempre leve as receitas para consultas em médicos e visitas ao hospital.

“Outra opção, especialmente para as pessoas mais idosas que costumam usar diversos remédios regularmente, é anotar os nomes dos medicamentos, horários e doses em um papel. Dessa forma os riscos de o especialista receitar um produto que terá uma interação prejudicial com outros diminuirá muito”, aconselha ele.

Segundo Anthony, a interação entre medicamentos pode intensificar ou anular o efeito deles, além do risco de gerar algum novo problema. “Cada paciente tem uma reação imunológica diferente. Isso também varia durante a vida. Algo que causava alergia em você durante a infância pode não oferecer riscos na vida adulta, você pode desenvolver uma hipersensibilidade durante a gravidez ou depois de algum vírus que causou mudanças em seu sistema imunológico. Então, o acompanhamento médico é sempre algo indispensável”, justifica ele.

Confira algumas combinações perigosas:

Anticoncepcional + antidepressivo fitoterápico (hipérico ou erva de São Jorge)
A mistura diminui em até 60% o efeito contraceptivo da pílula.

Anti-inflamatórios + ácido acetilsalicílico (aspirina)
A mistura pode causar uma irritação na mucosa gástrica devido a um efeito somatório, aumentando o risco de desenvolvimento de gastrite e úlceras.

Anti-inflamatórios + paracetamol
Os dois remédios juntos podem gerar problemas renais, levando a quadros hepáticos.

Antidepressivos + antigripal (anfetamina)
Essa combinação pode gerar grande aumento da pressão, levando até a delírios.

Anti-inflamatórios + corticoides
Aumenta a retenção de líquidos e sal, causando inchaço, e pode levar ao aumento de pressão. Também pode irritar o estômago, gerando, em alguns casos, sangramentos e formação de úlceras.

Antiácidos + antibióticos
O antiácido pode interferir na absorção do antibiótico, diminuindo sua eficiência.

Anti-hipertensivo + calmantes
Causa sonolência e queda de pressão.

Remédios para disfunção erétil + antidepressivos
Aumenta os riscos de priapismo, quando o pênis fica ereto por mais de seis horas, causando problemas para o órgão.

Anticoncepcional + anti-inflamatórios
Em algumas situações pode causar sangramentos.

Colírios + descongestionantes nasais
Em alguns casos pode gerar aumento de pressão, especialmente em idosos e crianças.

Anti-hipertensivo + diurético
A combinação pode levar a perda de sais minerais, causando desidratação e problemas renais.

Anticoncepcional + antibiótico
Alguns tipos de antibióticos podem causar alterações pontuais no metabolismo do anticoncepcional.

Remédios para emagrecer + antidepressivo
Pode causar taquicardia e aumento da pressão arterial.

Inibidores de apetite + ansiolíticos
A combinação traz possibilidade de o paciente sentir irritabilidade, confusão mental, alterações de batimentos cardíacos e tontura.

Anticoncepcional + hormônios femininos, como estrógeno
Dependendo do tipo de pílula pode haver excesso de estrógeno, aumentando o risco de coagulação sanguínea.

Anticoagulantes + antifúngicos
Há alteração no metabolismo dos medicamentos e pode causar arritmias cardíacas.

Anticoagulante + anti-inflamatório
Aumentam os riscos de hemorragia.

Fonte: Istoé