Mel piauiense: políticas da Sead agregam valor ao ouro líquido do semiárido brasileiro

A Casa Apis investe em capacitação e na organização das famílias agricultoras. Mais de 900 famílias rurais já fazem parte da Central

O mel brasileiro é conhecido mundialmente e o estado do Piauí é um dos maiores produtores do país. É no polo apícola da cidade Picos, também chamada de capital do mel, que a produção do alimento é destinada ao mercado interno e à países como Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Itália. A mão de obra é, em quase sua totalidade, de agricultores familiares.

Desde 2005, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) investe na capacitação e organização dos agricultores familiares e hoje atende 900 famílias rurais. Dividas em cinco cooperativas e distribuídas em 35 municípios piauienses, atualmente é reconhecido o seu sucesso de comercialização.

De acordo com o presidente da Casa Apis, Antonio Leopoldino Dantas, a apicultura no semiárido é uma ótima atividade para a agricultura familiar por conta da facilidade de adaptação da abelha africanizada (apis mellifera) ao clima quente que, mesmo com a escassez da chuva, consegue produzir. Destaca-se também a florada em abundância existente na região e o fato de o produtor não precisar de muito espaço para o cultivo, pois o inseto busca água e néctar em um raio de 6 km.

De acordo com Dantas, o que abriu as portas para novos mercados internacionais foi a participação na Biofach, durante cinco anos consecutivos (2011-2015). Nestes eventos, foram feitos contatos com clientes importantes. Leia mais sobre como a Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) apoia os agricultores na feira aqui.

A Casa Apis se beneficia de outra importante política da Sead: o Selo da Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf), que representa hoje mais oportunidades para atuar em redes de supermercados nacionais. “O selo é muito importante para a nossa identidade, pois prova que somos economia solidária e nos dá acesso reconhecido em mercados expansivos”, afirma Antonio Dantas, com entusiasmo.

Produção

São mais de 50 mil colmeias cultivadas em propriedades familiares, mas o processo de manejo do alimento é realizado apenas nas casas de mel, com inspeção e autorização do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São 42 casas registradas que levam toda a produção para Casa Apis, e de lá, o “ouro líquido do semiárido” é distribuído para redes de mercados nacionais e para os países norte americanos e europeus. No ano de 2016, os produtores coletaram 90 mil toneladas de mel.

Vendido à R$ 12 o quilo, os apicultores piauienses conseguem faturar mais com o alimento quando há comparação com produtores de outras regiões do país. No ano passado, o faturamento das vendas foi de R$ 14 milhões. Apenas 3% é retirado para a Casa Apis, o restante é repassado para os agricultores familiares cooperados e associados.

Como adquirir o Sipaf

O Selo da Identificação da Participação da Agricultura Familiar é importante para a identidade e o diferencial competitivo dos agricultores familiares. De acordo com a coordenadora do Sipaf, Simone Barreto, quando um produtor, individualmente, ou via associação, cooperativa ou empresa familiar, solicita o selo, ele se identifica como agricultor familiar e se sente reconhecido pelo poder público. “Numericamente nós sabemos que a agricultura familiar é muito grande, que ela chega a nossa mesa todos os dias. Mas visualmente é muito difícil identificar e o selo é um identificador social importante para a categoria”, afirma.

O agricultor que deseja solicitá-lo precisa ter a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) ativa; a carta de solicitação; a proposta, com a descrição dos produtos cultivados; e uma declaração de exigências legais.

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Fique a vontade para contribuir!

Deixe uma resposta