Automedicação oferece riscos
Administrar medicamentos sem consultar um profissional pode causar intoxicação e outros problemas ao organismo; idosos são os que mais se medicam sem prescrição
16/05/2017 05:00 Lia Mara
Costume : Prática de automedicação, segundo médica Lilian, é mais realizada por pessoas mais idosas
Patricia Lauris
patricia.lauris@jtocantins.com.br
O Ministério Público Estadual (MPE) publicou ontem extrato comunicando abertura de inquérito para apurar denúncia sobre farmácias e drogarias na Capital atuando sem profissional farmacêutico. O MPE não deu detalhes, mas o assunto merece atenção. Isso porque quem não costuma procurar um médico ou farmacêutico ao ter uma dor de cabeça ou quando sente dores de barriga, musculares ou outro mal-estar pode buscar por um fármaco que sane o problema rapidamente e é aí que está o perigo, na automedicação. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), intoxicação por uso de medicamentos ocupa o primeiro lugar dentre as causas de intoxicação registradas em todo o país. Analgésicos, antitérmicos e os antiinflamatório são os que mais causam intoxicação.
Segundo a médica da família da rede municipal de Palmas, Lilian Vilela, além da intoxicação, a automedicação também pode causar dependência e, no caso de antibióticos, o organismo pode se tornar resistente à bactéria que está sendo combatida, invalidando o efeito do remédio. “Se você usa o antibiótico por um tempo ou indicação errada ele pode selecionar o organismo que está atuando deixando-o resistente, ficando cada vez mais difícil conter uma infecção”, explica a médica, ressaltando que isso pode causar a necessidade da utilização de antibióticos mais fortes e com mais efeitos colaterais. A médica também diz que quem mais se automedica são os idosos, por costume popular. “Os idosos antigamente tinham esse costume. Mas hoje em dia as pessoas estão mais esclarecidas com relação ao uso de medicação sem prescrição”.
De acordo com a presidente do Conselho Regional de Farmácia do Tocantins (CRF-TO), Marttha de Aguiar Franco Ramos, há medicamentos isentos de prescrição e os medicamentos tarjados. Os isentos, de acordo com uma resolução federal, podem ser prescritos pelo profissional farmacêutico. “São medicamentos que com menos riscos de causar reação adversa, mas se você não souber como administrar, pode causar uma reação. Então o farmacêutico hoje tem habilidade para prescrever esses medicamentos no caso de transtornos menores, como uma febre ou um mal-estar, e orientar o paciente”, explica. A presidente também ressalta a necessidade da conscientização da população através de campanhas que alertem para os perigos da automedicação. “O medicamento é algo sério que precisa de acompanhamento porque, dependendo da dose, pode tanto curar, como matar”, diz.
Fiscalização
O gerente de Vigilância Sanitária Municipal de Palmas (Visa Palmas), Márcio Trevisan, explica que nos últimos dois anos nenhum auto de infração foi emitido por descumprimento da venda de medicamento restrito a receituário. Isso porque um sistema eletrônico de gerenciamento compartilhado entre as farmácias e a Visa Palmas controla a vendas de remédios através do cadastro do receituário e do medicamento dispensado. “O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Sujeitos a Controle (SNGPC) começou a ser implantado em 2011. Controlamos este sistema de ponta a ponta. A multa é muito grande, o processo para quem infringe é extenso e punitivo. Então as farmácias não costumam agir desta maneira aqui em Palmas. Agora que os antibióticos fazem parte desta restrição isso diminuiu muito”. Segundo Trevisan, nos casos previstos em lei em que a receita não é exigida, a atuação clínica do farmacêutico orientando o consumidor é importante para evitar a automedicação. Ao todo, 1.631 profissionais farmacêuticos em todo o Estado; na Capital, são 287 profissionais. (Colaborou Juliana Matos)
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