O Brasil lidera no mundo o avanço global de alimentos transgênicos
Letícia Castro 16/05/2017
O Brasil foi no ano passado o principal motor do crescimento mundial das safras geneticamente modificadas. A área sob cultivo no país com esse tipo de semente se expandiu em 11%, para 49 milhões de hectares, área total atrás apenas da dos EUA (73 milhões).
Em 2016, porém, o aumento da área dos Estados Unidos foi de apenas 3%. No mundo, a alta foi de 3%, para 185 milhões de hectares, segundo o Isaaa, rede global de centros de pesquisa sem fins lucrativos que promove a biotecnologia agrícola. De uma expansão mundial de 5,4 milhões de hectares, 4,9 milhões foram no Brasil.
O estudo de um ano atrás mostrava um pequeno declínio na área plantada, o primeiro desde que as safras geneticamente modificadas começaram a ser comercializadas, 20 anos atrás.
Paul Teng, presidente do Isaaa e professor da Universidade Tecnológica Nanyang, em Cingapura, atribuiu o crescimento da área cultivada a fatores diversos em partes diferentes do planeta, como o clima favorável e a recuperação nos preços de commodities.
“Mas a principal força propulsora é que os agricultores apreciam os efeitos das safras biotecnológicas em termos de avanço na produtividade e na lucratividade, bem como para os esforços de conservação”, afirmou Teng. As vendas de sementes geneticamente modificadas também cresceram em 3% ante 2015, segundo a Cropnosis, uma empresa de pesquisa.
O mercado de sementes geneticamente modificadas movimentou US$ 15,8 bilhões, o equivalente a 35% do movimento total de vendas de sementes comerciais.
Nova onda
Os dois principais “traços” conferidos pela engenharia genética, até agora, são a tolerância a herbicidas, o que permite que os agricultores empreguem um spray contra ervas daninhas sem prejudicar as safras, e a resistência a insetos, que impede que pestes devorem as plantas.
Mas a chegada de novas sementes geneticamente modificadas deve promover uma nova onda de expansão, disse o professor Teng.
“Com a aprovação comercial e o plantio de novas variedades de batatas e maçãs biotecnológicas, os consumidores começarão a desfrutar dos benefícios diretos da tecnologia, com produtos que têm menor probabilidade de danos ou apodrecimento, o que por sua vez pode reduzir substancialmente o desperdício de comida e os gastos com compras de alimentos”.
Ainda que grupos de defesa do consumidor e grupos ambientais de todo o planeta continuem a resistir às safras genericamente modificadas, o Isaaa, que apoia resolutamente o uso da biotecnologia, detecta sinais de mudança de atitude.
Na África, por exemplo, “está emergindo uma nova onda de aceitação”, com testes de campo de bananas, feijão de corda e sorgo geneticamente modificados em curso em diversos países.
Mesmo na Europa, maior polo de resistência, 136 mil hectares de milho resistente a insetos foram plantados no ano passado, uma alta de 17% ante a área total de 2015. (Folhapress)
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