Plantas do cerrado mama-cadela e carapiá podem ser usadas no combate ao vitiligo

Segundo pesquisadores, propriedades das folhas permitem o controle da doença. Estudiosos também avaliam uso medicinal de outros itens naturais do bioma, em Goiás.

Por G1 GO

28/05/2017 08h11

Cerrado tem grande biodiversidade de plantas medicinais

A pesquisadora e farmacêutica Mariana Cristina de Morais é portadora de vitiligo e faz uso do chá de mama-cadela para manter a doença sob controle. Ela relata que as propriedades da planta do cerrado ajudam a evitar que as manchas claras se espalhem pelo corpo dela. Segundo a profissional, a planta é estuda desde 2010 na faculdade de farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Assim como vários portadores, eu tinha o anseio, desejo de me curar da doença e comecei a utilizar o chá. O princípio ativo da mama-cadela são as furanocumarinas e elas são fotossensíveis. Então, em contato com a luz solar, elas conseguem estimular a pigmentação da pele”, explicou.

O estudante de agronomia Victor Pureza Cardoso relata que vem investigando as propriedades medicinais da planta. “Já vem sendo usada na medicina popular e alguns medicamentos como forma de tratamento do vitiligo”, afirmou.

Outra planta usada no controle da doença tendo o mesmo princípio é a carapiá. O pesquisador da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), João Carlos Mohn Nogueira, explica que a atuação da planta é similar à mama-cadela.

“Ela produz cumarinas que podem também substituir as cumarinas produzidas pela mama-cadela no combate ao vitiligo. Na medicina popular ela é usada para controle de sinusite”, esclareceu.

Cerrado

Também conforme Nogueira, há muitas plantas do cerrado que podem ser usadas no controle e tratamento de doenças devido às características do bioma. Segundo ele, a preparação para meses sem água e necessidade de adaptação típicos da região influenciam nas propriedades.

“Durante o período das águas, o metabolismo produz os princípios ativos, os compostos químicos que ela precisa para sobreviver a esse período seco. Normalmente ela cria uma estrutura na raiz onde armazenam esses princípios ativos”, explicou.

O pesquisador ressalta que é recente a quantidade de pesquisas com plantas locais. “Dez anos atrás não tinha trabalho nenhum com plantas nativas do cerrado. A gente sabe por conhecimento popular”, destacou.

Uma das plantas com propriedades conhecidas popularmente é o urucum, usado pelos indígenas como protetor solar natural. A arnica é outra planta do cerrado que vem sendo estudada há pouco tempo por pesquisadores.

Nogueira ressalta que a arnica pode deixar de existir. “Essa planta está na lista das que são suscetíveis a extinção. Das arnicas, é a única que pode ser feito uso interno. Na medicina popular ela é usada para problemas de infecções renais”, contou.

O agrônomo Diogo Murilo Costa destaca que já é difícil achar algumas espécies. “[É uma] planta endêmica do cerrado que ocorre em poucas áreas e a extração tem tornado cada vez mais difícil encontrar essa planta no ambiente natural dela”, afirmou.

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