Segmento de suplementos alimentares está em alta

Indústria cresceu 10% no ano passado e setor projeta faturamento superior a R$ 1,1 bilhão em 2020

Ricardo Chicarelli

O empresário do ramo Fernando Faidiga afirma ter percebido mudança de comportamento nos clientes: "Há 12 anos achavam que era bomba"

O Brasil é um dos países que mais crescem no segmento de suplementos alimentares. Em 2015, o mercado aumentou 15%, faturando R$ 752 milhões, com 2,5 milhões de consumidores. A estimativa é de que 2016 supere a marca, chegando a 18% (o balanço é divulgado em junho). A indústria, por sua vez, alcançou um faturamento de R$ 1,49 bilhão, em 2016, o que representou um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.

O Brasil conta com 8.000 pontos de venda, entre lojas especializadas (body shops), farmácias, lojas virtuais (e-commerce) e lojas de produtos naturais. As e-commerces apresentaram um incremento de vendas maior do que as lojas físicas.
Dentro do segmento, a nutrição esportiva é o que mais se destaca. Se o mercado mantiver a taxa de crescimento anual em torno de 9%, a previsão é que o faturamento do setor ultrapasse a marca de R$ 1,1 bilhão, em 2020, de acordo com a Abenutri (Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais).

Segundo o presidente da Abenutri, Marcelo Bella, o Mercado Livre é uma ferramenta que vem impulsionando o crescimento dos pequenos varejistas. Em 2001, quando começou a alavancada do setor, havia no mercado 14 grandes playeres com faturamento anual de US$ 19 milhões. Hoje, são 460 playeres. "Quem ganha com isso é o consumidor, que encontra mais ofertas e melhores preços tanto nos espaços físicos como digitais", afirmou Bella.

Potencial
Bella destaca que a média de crescimento do mercado vem flutuando entre os 15% e 18% anuais, mas já chegou a 28%. "Estima-se que 50 milhões de pessoas pratiquem atividade física no País, e apenas 10% tomem suplemento alimentar. O potencial de crescimento é grande", afirmou o presidente da Abenutri.

O relatório do Euromonitor International aponta que os produtos à base de proteína tiveram crescimento de 16%, em 2015, e são os campeões de venda, respondendo por 68% do mercado de nutrição esportiva. Em seguida, vêm os aminoácidos e energéticos, com 15% cada um; e hipercalóricos, com 2%. A pesquisa mostra, ainda, que 80% dos consumidores são jovens, entre 15 e 30 anos e homens. As lojas físicas correspondem a 50% dos canais de venda, farmácias, 30%, e 20% das compras são pela internet.

"Temos que conscientizar a população de que suplemento esportivo não é esteroide anabolizante. Muito ao contrário, são produtos seguros e de eficácia comprovada por estudos científicos, com benefícios reais à saúde de atletas e de pessoas que buscam mais qualidade de vida", defendeu Bella.

NOVOS PRODUTOS
O presidente da Brasnutri (Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais), Synésio Batista da Costa, afirma que o suplemento é um negócio promissor no Brasil. "O setor em breve passará para um novo patamar de desenvolvimento. Em 2017, é fundamental continuarmos otimistas em relação ao cenário econômico e acreditamos que o segmento continuará crescendo".

A indústria teve um crescimento de 10% em 2016, comparado com o ano anterior. Costa afirma que os investimentos em P&D (produção, pesquisa e desenvolvimento) também contribuíram para a boa performance da indústria. Todo ano, são apresentados lançamentos inovadores para o mercado nacional, como: novos sabores e texturas para as barras de proteína, sobremesas fit, desenvolvimento de novos aromas para o famoso whey protein (proteína do soro o leite), entre outros.

"Para as empresas, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é o fator fundamental de diferenciação no mercado. Existe um olhar atento para a inovação, e o setor consegue alcançar com êxito as tendências internacionais. O mercado de suplementos se revela um campo fértil de pesquisa e oportunidades comerciais", diz Costa.

CONSUMIDORES
O empresário Fernando Faidiga, dono da Vita Point Nutrição Esportiva, percebe uma mudança de comportamento dos consumidores. "Doze anos atrás, as pessoas achavam que suplemento era bomba. Poucas pessoas faziam acompanhamento com nutricionista. Hoje, está crescendo a cultura de que é um produto alimentar. Temos idosos e crianças entre os consumidores, encaminhados por nutricionistas", conta Faidiga.

Essa mudança vem contribuindo para manter o volume de vendas da loja, apesar da expectativa para este ano ser de estabilidade nas vendas. "Não estamos com expectativa de crescimento. Devemos ficar no empate", prevê o empresário.
No primeiro trimestre, a empresa sentiu uma leve queda no faturamento. "Não sofremos tanto porque não repassamos os reajustes para os nossos clientes", comenta Faidiga.

A matriz e o centro de distribuição da empresa ficam em Londrina, e ele tem mais duas lojas em Maringá e Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina). Além dos clientes de varejo, Faidiga também vende no atacado, principalmente para pequenas cidades. "Essas vendas caíram mais", afirma.

Aline Machado Parodi
Reportagem Local

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