Proteste encontra conservantes proibidos em carnes da Friboi, Montana e Frialto
Em cinco de 26 amostras de diversas marcas analisadas, foram
encontrados um aditivo proibido ou alguns sinais de deterioração
19/06/2017 – 16h00 – Atualizada às 18h29 – POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE
A Proteste, entidade de defesa ao consumidor, realizou neste mês um estudo com carnes bovinas, embutidos e cortes de frango para descobrir se os produtos ainda apresentavam as irregularidades citadas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. E, de acordo com a pequisa, o resultado foi positivo em diversas amostras.
Segundo comunicado da associação, foram coletados, em supermercados paulistas, 26 amostras dos seguintes produtos: carne bovina (contrafilé, fraldinha e picanha); linguiça suína; salsicha; mortadela; e filé de peito de frango. Em cinco das 26 amostras, foram encontrados um aditivo proibido ou sinais de deterioração.
A Proteste diz ter identificado a presença de nitrato em cortes de contrafilé Friboi (marca que pertence à JBS) e nas picanhas Montana (da Marfrig) e Frialto. O aditivo é usado para melhorar o aspecto da carne, prevenir o crescimento microbiológico e aumentar o tempo de conservação.
A Anvisa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) só autorizam o uso do nitrato em carnes processadas e embutidas. Nas carnes frescas e congeladas, a utilização não é permitida. A adição nas carnes testadas, no entanto, deu-se dentro de valores considerados seguros para o consumo humano.
"Essas carnes resfriadas trazem um aditivo não autorizado pela Anvisa e pelo Mapa, e que pode estar sendo empregado pelas empresas Friboi JBS, Frialto e Montana para encobrir falhas no processamento do alimento ou alterar a qualidade do produto", diz o comunicado da entidade.
Por sua vez, também foi constatada a presença de peróxidos acima do esperado em amostras de mortadela Cerrati e Confiança. Tratam-se dos primeiros compostos que aparecem quando uma gordura se deteriora. "Esse resultado demonstra que os produtos não estavam bem conservados e apresentavam algum tipo de deterioração, estando, por exemplo, rançosas."
A Proteste diz que enviará os resultados ao Ministério da Agricultura e à Anvisa. Segundo a entidade, caso o consumidor tenha um dos produtos do teste em casa, pode contatar o SAC do fabricante e exigir a substituição ou a restituição do valor pago.
Época NEGÓCIOS procurou as cinco empresas mencionadas e aguarda posicionamento:
Friboi
Em comunicado, a Friboi afirma que as suas carnes in natura são comercializadas "livres de quaisquer conservantes e que não utiliza nitrato em nenhum momento do processo". A empresa diz colocar-se à disposição para enviar a lista oficial de compras da unidade citada, bem como de todas as outras plantas que fabricam produtos in-natura, para comprovar que a substância não é adquirida por essas plantas.
A JBS questiona ainda o teste feito pela Proteste: "não foi encontrado nitrito na amostra avaliada, o que descredencia a própria análise divulgada pela Proteste, já que a substância de nitrato é transformada naturalmente em nitrito. Além disso, mais uma vez a Proteste não informou o laboratório que realizou a análise e o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados".
A Fribou diz que, diferente do que foi divulgado pela Proteste, não foi alvo da Carne Fraca e não teve nenhum produto ou funcionário citado na operação.
Marfrig
A Marfrig negou usar nitrato em carnes in natura. A empresa diz contar "com um rigoroso processo de garantia da qualidade e de segurança alimentar, mantendo toda a documentação pertinente aos testes realizados em amostras coletadas de cada lote. O produto só é liberado para o mercado após a validação da área de garantia de qualidade. As unidades de produção passam ainda por auditorias periódicas realizadas por empresas independentes".
A empresa afirmou ainda que não teve "acesso aos critérios utilizados pelo Instituto Proteste para análise das amostras de produtos”.
Proteste testou amostras de carnes (Foto: Divulgação)
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