Pacientes com hipertensão pulmonar reclamam da demora na liberação do remédio em Joinville

Estado está com processo de licitação aberto para compra do medicamento, que custa R$ 4.500. Pacientes terão que aguardar até início de julho

Jean Balbinotti
jean.balbinotti@an.com.br

Diagnosticada com hipertensão pulmonar há cerca de dez anos, a professora aposentada Terezinha Marcelino Souza, 63 anos, moradora do bairro Comasa, em Joinville, teve uma piora no seu quadro clínico no ano passado, após uma embolia pulmonar. Houve o agravamento dos sintomas da doença e os médicos decidiram mudar o tratamento. Terezinha recebeu a indicação para tomar um remédio mais forte e mais caro, o Volibris (ambrisentana), cuja embalagem de 30 comprimidos custa, em algumas farmácias, mais de R$ 4,5 mil.

Por ser um medicamento de alto custo e não ter condições financeiras para comprá-lo, a família de Terezinha decidiu pedir ajuda ao governo do Estado, que oferece o medicamento via judicial por meio da Farmácia-escola de Joinville. Mas para ter esse direito, Terezinha precisou comprovar a necessidade de uso do medicamento e apresentar uma série de documentos e receitas médicas.

Após idas e vindas, a compra do medicamento foi autorizada em março e Terezinha recebeu a primeira remessa em abril. Em maio, a entrega também ocorreu dentro do prazo. O problema apareceu na terceira retirada, no dia 21 de junho, quando, sem receber qualquer aviso, o filho de Terezinha, Cristiano Marcelino Souza, 29, foi informado na Farmácia-escola de que o medicamento estava em falta e que não havia previsão de entrega. Segundo Cristiano, a falta do remédio coloca em risco a saúde de sua mãe, que obteve uma melhora significativa dos sintomas com o uso da medicação prescrita.

— Quando a minha mãe não toma o remédio, ela fica muito mal, cansada. A falta dele compromete muito a qualidade de vida. Não entendo por qual motivo isso acontece. Não poderiam ter feito o pedido de compra antes? — questiona Cristiano.

Vale lembrar que Terezinha não é a unica paciente nessa situação em Joinville. Segundo a reportagem apurou, há outras pessoas com a mesma doença na cidade e em risco pelo atraso na entrega da ambrisentana. Na semana passada, uma remessa de medicamentos de alta complexidade chegou a Joinville, mas, segundo a Prefeitura de Joinville, que é responsável pela retirada dos remédios em Florianópolis, a ambrisentana não estava no lote entregue à Farmácia-escola.

Cristiano diz não saber a quem recorrer para pedir agilidade na entrega do remédio. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da sua assessoria de imprensa, limitou-se a informar que ¿o medicamento Volibris ambrisentana está em processo de licitação.¿ No site da SES, entretanto, é possível saber que há cinco processos de licitação abertos para a compra de medicamentos de alta complexidade e atendimento a ordens judiciais. Os processos serão finalizados entre os dias 4 e 5 de julho.

O que diz a SES:

Processos licitatórios vigentes na SES:

– Nº 0902/2017: aberto em 20 de junho, tem prazo de conclusão previsto para 4 de julho.
– Nº 0616/2017, Nº 0694/2017, Nº 0858/2017 e Nº 0874/2017: abertos em 21 de junho, têm prazos de conclusão previstos para 5 de julho.

Contraponto

– A Secretaria de Estado da Saúde informa que entre os meses de janeiro e junho deste ano, foram enviados ao município de Joinville 194 medicamentos para cumprir ordens judiciais, dos quais, 165 de alto custo e 56 de programas estratégicos para o tratamento de doenças como a Aids, da saúde da mulher, do tabagismo, entre outros. Sobre o processo de licitação, a informação é de que eles estão em curso e que, por exigirem trâmites burocráticos, costumam ser demorados. Para detalhar esse processo, a secretaria diz que seria necessário solicitar um diagnóstico a uma equipe técnica.

Como funciona

– A distribuição de medicamentos de componentes especializados no Estado funciona da seguinte forma: em sua maioria, eles são comprados pelo Ministério da Saúde que envia os medicamentos para a Central de Abastecimento, em Florianópolis. Depois, as secretarias municipais de Saúde, com gestão plena (caso de Joinville) e a Farmácia-escola buscam os produtos na central e os distribuem aos pacientes. Nos casos das cidades menores, os medicamentos são entregues nas gerências regionais de saúde e então retirados pelas unidades municipais.

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