Com mais espaço na gôndola

De acordo com pesquisa, supermercados respondem por aproximadamente 60% das vendas

Ludmila Pizarro

A presença de produtos orgânicos cresceu de 30% a 40% nas gôndolas dos supermercados de Minas Gerais, segundo o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Brognaro Poni. “Essa alta mostra como os produtos orgânicos estão sendo mais procurados pelos consumidores, assim como os demais produtos funcionais, sem lactose, vegetarianos e veganos”, afirma Poni.

Pesquisa realizada pelo Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis) mostrou que o varejo convencional é o principal local de compra dos produtos orgânicos, já que cerca de 60% das pessoas vão aos supermercados, enquanto cerca de 25% compram em feiras. “O principal local onde busco orgânicos é no supermercado”, afirma a pastora Leila Santos Verde, 53.

A pesquisa da Organics também mostrou ainda que 15% da população urbana no Brasil consumiu algum produto orgânico entre abril e maio deste ano. Para a nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Mariana Garcia, ainda é preciso aumentar o consumo no interior. “Ainda é necessário elevar a demanda dos consumidores por alimentos orgânicos, principalmente fora das grandes cidades”, avalia.

Nos restaurantes da capital mineira, os produtos orgânicos também podem ser encontrados, mesmo não sendo exclusividade. “Trabalhamos com cerca de 40% dos nossos produtos orgânicos”, conta a proprietária do restaurante e casa de sucos Néctar da Serra, Júnia Quick. Para ela, ainda é difícil ter acesso a esses produtos certificados. “Temos fornecedores que não são certificados como orgânicos. Mas já visitei alguns deles e confio que a produção é livre de agrotóxicos”, conta Júnia. A prática também existe na Casa Amora. “Nossas folhosas são da fazenda orgânica Be Green, que trabalha com produção hidropônica, sem agrotóxicos, mas ainda não tem certificação”, afirma Patrícia Saggioro, proprietária do estabelecimento. Para as duas empresárias, a burocracia para conseguir a certificação dificulta o aumento dos produtos orgânicos na gastronomia.

Para a psicóloga Fabíola Vieira, 35, é possível consumir orgânicos sem certificado. “Confio nos pequenos produtores que dizem que não tem agrotóxico”, diz.

“Há poucos incentivos para os produtores fazerem a transição agroecológica (do convencional para o orgânico), falta assistência técnica e investimentos em tecnologia e logística”, afirma a nutricionista do Idec, Mariana Garcia.

A Associação de Agricultura Orgânica (AAO) fornece consultoria para realizar a transição a agroecológico.

No ano. Diretor executivo do Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável, Ming Liu diz que hoje são 600 feiras de produtos orgânicos no Brasil. E que o mercado tem potencial para crescer mais 20% em 2017.

Queijo orgânico do ator global

Nos supermercados, a diversidade de produtos orgânicos também está crescendo, segundo o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Alexandre Brognaro Poni. “Tanto a quantidade como a variedade de produtos aumentaram. É o caso dos laticínios”, diz.

O supermercado Verde Mar passou a comercializar no início deste mês o queijo minas padrão orgânico da fazenda de produtos orgânicos Vale das Palmeiras.

A marca é propriedade do ator Marcos Palmeira, que ficou conhecido por seu trabalho na rede Globo.

Queijo minas orgânico da fazenda do ator Marcos Palmeira Preço ainda é visto como impeditivo

O preço dos produtos orgânicos foi citado por 62% dos entrevistados pela pesquisa do Conselho Brasileiro de Produção Orgânica e Sustentável (Organis) como principal impeditivo para o consumo. Em segundo lugar ficou a falta de lugares próximos para comprar, citada por 32% deles.

O secretário executivo da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Márcio Stanziani, afirma que os preços entre produtos convencionais e orgânicos estão ficando mais equivalentes.

“Aquela ideia de que os orgânicos são 30% mais caros do que os convencionais já foi superada. A diferença de preço está diminuindo em função do aumento da produção”, afirma Stanziani. “O produto orgânico ainda é mais caro, mas os preços estão ficando mais próximos”, afirma o presidente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis), Alexandre Brognaro Poni.

Para a pastora Leila Santos Verde, 53, o orgânico “é um caro que sai barato porque você gasta com alimento mas economiza com remédio”, pondera. Já a analista de logística Natália Colosimo, 29, lembra que “para conseguir comprar o orgânico mais barato, é preciso pesquisar mais e buscar as feiras”.

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