Carrefour estreia na Bolsa valendo mais que Pão de Açúcar

Com ação a R$ 15 no IPO, empresa vale R$ 29,7 bilhões e concorrente, R$ 17,2 bilhões

por Ana Paula Ribeiro
20/07/2017 10:52 / Atualizado 20/07/2017 16:05

SÃO PAULO – O Carrefour Brasil faz a sua estreia na B3 (ex-BM&FBovespa e Cetip) hoje com um valor de mercado superior ao do seu principal concorrente, o Grupo Pão de Açúcar. Ao ter o preço da ação fixado em R$ 15 no oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a varejista começa valendo cerca de R$ 29,7 bilhões. Já o Pão de Açúcar é avaliado em R$ 17,2 bilhões. Em outras comparações a estreante na Bolsa, que movimentou R$ 5,1 bilhões no IPO, também leva vantagem. A principal delas, do ponto de vista de investimento, é que seu papel tem um maior potencial de valorização e ela tem uma operação com margens de ganho maiores do que o Pão de Açúcar.

As ações do Carrefour iniciaram o dia em queda. Há pouco, eram cotadas a R$ 14,92, um recuo de 0,53%.

Na avaliação de Giovana Scottini, analista da Eleven Financial Research, ao comparar indicadores financeiros das duas empresas com o preço de ações – os papéis do Pão de Açúcar encerraram o pregão de ontem a R$ 65,54 -, é possível afirmar que há um desconto sobre os papéis do Carrefour.

— A gente acha que o papel do Carrefour consegue se valorizar mais. Vemos um desconto nele e, portanto, um maior potencial de crescimento. Mesmo que o preço da ação tenha saído no piso da faixa indicativa, isso não quer dizer é é um ativo com problema, mas que os investidores conseguiram entrar nele a um preço barato — explicou.

A faixa indicativa do prospecto (documento que reúne informações financeiras, fatores de risco e acionistas vendedores em uma oferta de ações) ia de R$ 15 a R$ 19. Em um dos indicadores analisados, que leva em conta o valor da ação e o lucro projetado para o ano, o múltiplo do Carrefour é de 19 vezes, o que significa que em 19 anos o investidor conseguiria ter de volta o valor investido. Já no caso do Pão de Açúcar, esse mesmo indicador está em 32,1 vezes, ou seja, levaria muito mais tempo para ter o retorno total.

Entre os pontos de risco para o papel, no entanto, a analista destaca o fato de que o Carrefour Brasil pode ter que vir a pagar, em algum momento, por royalties pelo uso da marca. No entanto, esse percentual é uma parcela pequena do faturamento (0% e 0,125% das vendas líquidas das lojas com bandeira Carrefour, que pode ser abatido dos gastos com publicidade) e deve ter impacto limitado sobre resultado e distribuição de dividendos.

Do lado operacional, o Carrefour também tem levado vantagem. Desde 2014 a varejista lidera as vendas no segmento de alimentos. A fatia é de 11,8% desse mercado, ante 10,8% do Pão de Açúcar, que ocupa a segunda colocação – e era líder até 2013.

Um dos pontos altos para a conquista da liderança foi o segmento de atacarejo, em que o Carrefour trabalha com a bandeira Atacadão, que responde por 64% das receitas totais. Para analistas, a preponderância das lojas de atacado no resultado deu um caráter defensivo ao Carrefour, já que foi esse o segmento no varejo de alimentos que mais cresceu durante a crise econômica do Brasil.

Apesar da liderança do Carrefour, os analistas do UBS destacam que tanto o Carrefour quanto o Pão de Açúcar devem ter taxas semelhantes de crescimento a médio prazo, embora o Carrefour tenha feito maiores pagamentos aos seus acionistas devido a despesas menores (o Carrefour tem uma maior quantidade de imóveis próprios). "Do ponto de vista competitivo, após pressão sobre a rentabilidade nos últimos três anos, as margens parecem maduras para expandir. Isso será mais fácil se o setor de supermercados for suportado pela recuperação da economia", avaliaram, em relatório, Gustavo Piras Oliveira, Guilherme Muller e Daniel Ekstein.

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