Summit Saúde Brasil: Acesso à medicina de precisão é desafio no Brasil
Especialistas debateram em evento promovido pelo 'Estado' como garantir acesso a terapias individualizadas
Fabiana Cambricoli, O Estado de S. Paulo
14 Agosto 2017 | 19h41
Que a medicina personalizada é o futuro do cuidado em saúde, ninguém duvida, mas quantos brasileiros terão acesso às terapias individualizadas? O desafio foi apontado por especialistas que participaram de painel do Summit Saúde Brasil, evento promovido pelo Estado nesta segunda-feira, 14.
Diretor geral do centro de oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Riad Younes, destacou o surgimento, nos últimos anos, de testes laboratoriais que identificam detalhes dos tumores e sinalizam os tratamentos mais eficazes, mas lembrou que os medicamentos indicados para cada subtipo da doença estão cada vez mais caros.
"Até a década de 80, nenhum medicamento contra o câncer lançado nos Estados Unidos custava mais de 200 dólares. Desde 2008, nenhum remédio do tipo é lançado por menos de 10 mil dólares", disse.
Diretora executiva médica do laboratório Fleury, Jeane Tsutsui destacou, no entanto, que o próprio investimento em técnicas de medicina personalizada podem trazer economia em outras áreas. "Quando você olha o todo, economiza. Adiciona o custo de um teste, mas extrai o gasto com uma quimioterapia desnecessária, por exemplo", afirmou.
Trabalhar de forma colaborativa com outros centros no mundo é o caminho para descobrir avanços médicos de forma mais barata e rápida, na opinião de Iscia Lopes Cendes, porta-voz da BIPMed. "Não temos que começar do zero ou tentar reinventar a roda. Temos de nos associar a organismos internacionais para avançar juntos."
Diretor do laboratório de genética e cardiologia molecular do Instituto do Coração (InCor), José Eduardo Krieger destacou outro dilema da medicina personalizada além do alto custo. "Com esses testes genéticos, será que eu quero saber antecipadamente se tenho suscetibilidade a uma determinada doença, principalmente se eu não tiver muito o que fazer quanto a isso, como no caso do Alzheimer?"
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