Carrefour paga R$ 2,4 bi em dívida e injeta R$ 1,2 bi em empresa
O Carrefour já usou R$ 2,37 bilhões da oferta primária de ações, de quase R$ 3 bilhões (excluindo comissões e despesas), ou seja, 80% do total, para quitar dívidas com o braço financeiro do grupo, o Carrefour Finance, no fim de julho. As dívida venceriam entre fevereiro e agosto de 2018. A empresa ainda vai quitar neste mês empréstimos externos de R$ 315 milhões.
No fim das contas, os recursos remanescentes da oferta pública de ações destinados para capital de giro serão de R$ 300 milhões. Os dados estão nas notas explicativas do balanço trimestral, publicado na noite de quinta-feira.
O grupo ainda informa que o Atacadão fez um aumento de capital de R$ 800 milhões na controlada Carrefour Comércio e Indústria (CCI) no fim de julho para liquidar uma dívida da CCI. Ainda estão sendo feitos, neste mês, mais duas integralizações (uma deles ocorreu na quinta-feira passada e o outra será nesta sexta-feira) num total R$ 400 milhões. Ao final, portanto, os aportes na controlada atingirão R$ 1,2 bilhão.
Ao fim de junho, ou seja, antes da oferta pública inicial de ações (IPO) o Carrefour tinha em caixa R$ 1,3 bilhão, quase R$ 2 bilhões a menos do que no fim de 2016.
O material ainda informa que o lucro líquido dos sócios controladores, com direito a dividendos, subiu 9,9% para R$ 279 milhões de abril a junho. Ao mesmo tempo, o lucro líquido da companhia (que considera todos os negócios do grupo) caiu 3,4%, para R$ 299 milhões.
Isso ocorreu porque o lucro das empresas que o Carrefour divide com outras companhias (lucro dos sócios não controladores) diminuiu 64,4%, para R$ 20 milhões no segundo trimestre. E essa redução afeta o resultado geral do grupo.
Piorou a lucratividade do banco Carrefour Soluções Financeiras, operação que afeta o lucro dos sócios não controladores. O banco Itaú tem 49% de participação no banco e o Carrefour, 51%. Nova regulamentação do crédito rotativo, após abril, impôs restrições de financiamento, reduzindo ganhos.
Com os números publicados, investidores e analistas puderam compará-los aos do Grupo Pão de Açúcar, o seu maior rival direto. As vendas líquidas do Carrefour (hipermercados e supermercados) subiram 7,8%, e do Atacadão, a sua rede de atacarejo, a alta foi de 9,5%. No GPA, o braço de hipermercados e supermercados não cresceu, mas a rede de atacarejo Assaí se expandiu mais fortemente, 27,7%. A forte base de comparação do Carrefour, que reestruturou sua operação e passou a crescer mais após 2014, pode explicar a desaceleração.
Em teleconferência de resultados na sexta-feira, um analista questionou o Carrefour sobre diferença de expansão em vendas “mesmas lojas” entre as redes Atacadão, do Carrefour, e Assaí, do GPA. A primeira cresceu 4,9% e a segunda, 14,1%. Em resposta, o comando mencionou que as conversões de unidades de Extra em Assaí ampliam a taxa de venda da rede de atacarejo do GPA. Em relatório de resultados do trimestre, o GPA informa que, ao excluir as conversões, a taxa de 14,1% cai para 12,5% – versus os 4,9% do Carrefour.
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