Frente parlamentar tenta garantir fábrica da Hemobrás em Pernambuco

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A Hemobrás produz medicamentos para pacientes com hemofilia ou algum tipo de imunodeficiência

Foi lançada nesta terça-feira (15), na Câmara, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Hemobrás. A criação do grupo foi motivada pela possibilidade de não conclusão da fábrica da Hemobrás no município de Goiana, em Pernambuco.

O coordenador da frente parlamentar, deputado João Fernando Coutinho (PSB-PE), disse que o Ministério da Saúde pretende construir outra fábrica no Paraná, com possibilidade de não concluir a de Goiana, cujos investimentos já chegaram a cerca de R$ 1 bilhão.

A Hemobrás produz medicamentos (hemoderivados e recombinantes) para pacientes com hemofilia ou com algum tipo de imunodeficiência. Os parlamentares querem garantir o fornecimento da tecnologia necessária para a produção dos medicamentos e a conclusão do empreendimento no Nordeste.

Rescisão
Os que precisam da medicação temem que a rescisão do contrato atual, proposta pelo Ministério da Saúde, gere ainda mais riscos para pessoas com hemofilia, como explicou Rômulo Marques, da Associação dos Pacientes Hemofílicos do DF. "O que atemoriza os pacientes é a incerteza do fornecimento da medicação, com a quantidade mínima adequada para que ele possa ter uma vida digna."

O deputado Coutinho ressaltou que seria possível concluir a unidade de Pernambuco por um valor bem menor do que o que é gasto anualmente com a compra de medicamentos em laboratórios. “Até o ano de 2022, o Brasil seria autossustentável, tendo a possibilidade de produzir esses medicamentos, atender seus pacientes e até comercializar o excedente da produção com os outros países da América do Sul", disse Coutinho.

Mais prejuízos
O procurador regional da República Ronaldo Albo, que participou do lançamento da frente, destacou que a rescisão do contrato pode gerar multas e, em consequência, mais prejuízos ao País.

"É uma total insanidade imaginar que nós vamos continuar sendo dependentes de laboratórios estrangeiros para adquirir fatores recombinantes, quando podemos ter, à nossa mão, uma tecnologia que vai poder atender todos os brasileiros”, disser Albo. “Eu queria saber como que é se explica isso diante da população brasileira, principalmente da população de hemofílicos", criticou.

De acordo com Ronaldo Albo, a situação está sendo investigada pelo Ministério Público. Com a fábrica de Pernambuco, segundo ele, o Brasil poderia produzir medicamentos para atender a demanda nacional e ainda exportar para outros países. “Uma coisa que hoje nos traz prejuízo, no futuro pode trazer lucro. Então eu não compreendo essa conta do governo”, afirmou.

A criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Hemobrás teve apoio de mais de 200 deputados e cerca de 20 senadores, segundo o deputado João Fernando Coutinho.

Reportagem – Leilane Gama
Edição – Sandra Crespo

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