Coca-Cola faz mudanças na Verde Campo para diversificar portfólio
A companhia quer mais lácteos que dispensam a geladeira
A Coca-Cola, maior fabricante de refrigerantes do mundo, começou a fazer mudanças na Verde Campo, com sede em Lavras (MG). A companhia mineira, que concentra a produção em queijos e iogurtes, agora vai competir na categoria de bebidas lácteas que dispensam a geladeira.
A Verde Campo, comprada pela Coca-Cola há pouco mais de ano e meio, recebeu investimento de R$ 30 milhões para modernizar a fábrica que possui em Lavras e dobrar sua capacidade produtiva. Passou de um processamento de 4,5 milhões de litros de leite por mês para 9 milhões de litros. Com vendas concentradas em Minas Gerais, São Paulo e nas demais capitais do país, poderá aproveitar agora o sistema de distribuição da Coca-Cola para ampliar sua área de atuação geográfica.
A Verde Campo faz parte da estratégia da multinacional de diversificar o portfólio, reduzindo a dependência do refrigerante, que vem perdendo consumidores em diversos países. A Coca-Cola também vende sucos de frutas, energéticos e chás. "A Coca-Cola busca oferecer globalmente um portfólio mais completo de bebidas. Com a Verde Campo, entramos no segmento lácteo. Para acelerar a oferta em mais pontos de venda, vamos ampliar o portfólio com linhas de produtos não refrigerados", diz Sandor Hagen, vice-presidente de novos negócios da Coca-Cola Brasil.
Alessandro Rios, fundador e presidente da Verde Campo, disse que o investimento serviu para dobrar a capacidade produtiva, automatizar parte da produção e aumentar a segurança alimentar. A expansão da fábrica foi concluída neste mês. "Esse investimento é para dobrar a produção das linhas que já temos. O próximo passo é a entrada mais intensa em produtos sem refrigeração", afirmou Rios.
Em abril, a Verde Campo fez a primeira abordagem em produtos não-refrigerados. Lançou uma bebida láctea com proteína de soro de leite ("whey protein"), o Shake Natural Whey. Segundo a empresa, a bebida ajuda recuperar tecido muscular após exercícios físicos. "Esse foi o primeiro produto com o DNA da Coca-Cola, que não precisa de refrigeração. Vamos intensificar a oferta dessas linhas, fazendo uma combinação do DNA da Coca-Cola com o da Verde Campo, que é sempre focada em produtos mais saudáveis", diz Rios.
A Verde Campo é conhecida por produzir queijos e iogurtes com características funcionais como produtos dietéticos, com baixo nível de sódio e gordura, sem lactose ou com nível de proteína maior que os alimentos tradicionais. Ainda neste ano, vai colocar no mercado um leite longa vida com a marca LacFree e uma linha de achocolatados com a marca Minilac. Essas linhas serão testadas no Rio de Janeiro e em Curitiba. "A partir dos resultados de vendas nessas praças, as linhas serão levadas para o país", diz Rios. Ele tem sido desafiado a criar produtos que possam abranger mais pontos de venda, ao dispensar refrigeração, e que atendam o público em novas ocasiões de consumo.
Em relação à distribuição, o trabalho está concentrado nas capitais, mas nos próximos anos haverá uma expansão para mais cidades. "Para os produtos sem refrigeração, como o leite longa vida, existe a possibilidade de aproveitar o sistema de distribuição da Coca-Cola, mas a decisão sobre como isso vai ser feito ainda não foi tomada", afirmou Rios.
No primeiro semestre, as vendas da Verde Campo cresceram 34%, em relação a igual período de 2016. A expectativa é manter um ritmo de crescimento de 30% neste ano e registrar avanços de "dois dígitos" a partir de 2018. A exportação não faz parte dos planos.
A fabricante de iogurtes e queijos foi comprada pela Coca-Cola, por meio da Leão Alimentos, em dezembro de 2015, e passou por adaptação de processos até setembro de 2016. "A Coca-Cola transmitiu conhecimentos e deu acesso a parceiros que antes eu não conseguia como uma empresa pequena", disse Rios. Ele passou a contar com fornecedores de matérias-primas, equipamentos e tecnologia que já atendiam a multinacional.
Fonte: Valor Econômico
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