BR Food cogita reduzir produção em fábricas de Uberlândia

– 20/09/2017

Uma mudança no regime tributário em Minas, com cortes de alguns incentivos, pode interferir e até reduzir a operação

da BR Food (BRF) – proprietária da Sadia, da Perdigão, da Qualy e de outras empresas – na cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde a companhia de alimentos mantém três grandes plantas, gerando aproximadamente 7,5 mil empregos diretos e 3,5 mil indiretos. Representantes da empresa se reuniram com o prefeito da cidade, Odelmo Leão (PP), e com parlamentares em busca de apoio.

Segundo o deputado Felipe Attiê (PTB), houve suspensão dos incentivos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a venda de carne para fora de Minas. Ele informou que metade da produção da BRF em Uberlândia é comercializada fora do Estado e, devido às novas regras, haverá perda de competitividade.

“A empresa pode reduzir a produção em Uberlândia e reforçar na fábrica da Perdigão em Rio Verde (Goiás)”, exemplificou. O parlamentar participou da reunião em Uberlândia, que ocorreu na última semana, e informou que já foi encaminhado ao governo estadual pedido para alteração na regra.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Uberlândia informou que o prefeito Odelmo Leão se comprometeu, em nome do município, mobilização na busca de uma solução para manter as operações das unidades da empresa na cidade. Ainda segundo a assessoria, o prefeito ressaltou que a BR Food é de extrema importância para a economia de Uberlândia, movendo toda uma cadeia produtiva local para produzir carnes e outros alimentos.

De acordo com a assessoria de imprensa da BRF, as três unidades da empresa em Uberlândia somam 160 mil metros quadrados. O destaque na produção fica por conta de produtos in natura, embutidos e margarina. Na cidade são mantidos um centro de distribuição e abates de frango e suínos.

A BRF está presente na cidade desde 1962, por meio da Fundação Rezende, que mais tarde foi adquirida pela Sadia. Em 2011, aconteceu a fusão entre Sadia e Perdigão, nascendo assim a BRF. A companhia exporta para cerca de 120 países.

Segundo fontes consultadas pela reportagem, o volume de produção da empresa em Uberlândia é de 569 mil toneladas ao ano. O ICMS recolhido em 2017, até agosto, gira em torno de R$ 58 milhões. Só este ano, as empresas de Uberlândia receberam investimento de R$ 51,8 milhões.

Granjeiros – Presidente da Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Agritap), Juliano Fagundes informou ontem que o fornecimento de frango e porco para a BRF está ocorrendo normalmente.

Ainda assim, ele se disse preocupado com a questão tributária. “A região oferece vantagens, como a localização, com a empresa mantendo em Uberlândia um centro de distribuição. Mas se as desvantagens forem maiores, principalmente em relação a custos, eles vão passar a produzir em outras unidades”, disse. Ainda segundo ele, a empresa já retirou da cidade o abate de peru, tendo antes cumprido todos os contratos. “Se houve desvantagem em termos de custo, podem fazer o mesmo com o abate de frango e porco”, analisa.

Segundo Fagundes, atualmente cerca de 400 produtores de frango e porco fornecem animais para a empresa, o que movimenta toda uma cadeia econômica. “Se a empresa diminuir a operação aqui, teremos um problema financeiro na região”, ressalta.

Procurada, a BRF respondeu que não comenta sobre a questão tributária. A Secretaria de Estado da Fazenda também foi procurada e informou que não iria se pronunciar e nem mesmo explicar qual foi a alteração realizada no tributo.

(Fonte: Diário do Comércio)

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