Super Nosso investirá R$ 80 milhões até 2018
O montante será destinado a abertura de pelo menos mais 14 unidades, sendo quatro neste ano e dez até o fim do ano que vem. A retomada do aporte é amparada na previsão de volta do consumo
São Paulo – O grupo mineiro Super Nosso, que detém a rede de supermercados Super Nosso e o 'atacarejo' Apoio Mineiro, planeja investir R$ 80 milhões até o final de 2018. O montante será destinado, principalmente, a abertura de novas unidades. Até lá, pelo menos mais 14 lojas devem ser inauguradas.
A retomada dos aportes ocorre diante da projeção de uma recuperação gradual do consumo das famílias. O diretor presidente da companhia, Euler Fuad, disse ao DCI que os sinais da economia estão clareando e que há um descolamento com a situação política. "A economia começa a se desvincular e caminhar sozinha. Isso estimula a gente para investir mais", afirma. De acordo com ele, a empresa se preparou nos últimos dois anos, com a redução de custos da operação e o fechamento de lojas deficitárias e agora está pronta para voltar a expandir. Todo o investimento previsto para este ano e para 2018, conta, será de capital próprio, sem a necessidade de alavancagem.
Até dezembro, mais quatro supermercados devem ser inaugurados, em um aporte de R$ 20 milhões. Até o momento, ele conta que outros R$ 40 milhões já foram investidos este ano, na abertura de algumas unidades e de um centro de distribuição. Para 2018 ele afirma que mais seis lojas já estão garantidas, mas que a companhia pretende chegar a 10 aberturas, totalizando um aporte de mais R$ 60 milhões.
O grupo possui atualmente 18 supermercados Super Nosso, algumas lojas compactas da bandeira Momento Super Nosso e mais 13 unidades do 'atacarejo' Apoio Mineiro. As aberturas daqui para frente devem abranger os três formatos, conta Fuad, sem detalhar quantos lojas de cada um dos modelos serão abertas. Ao final deste ano, já com as quatro aberturas, a rede deve fechar com um total de 40 unidades. Todas as operações estão localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
Para este ano, o grupo mineiro já está trabalhando com uma projeção de crescimento nas vendas. Na base 'mesmas lojas', que considera apenas as unidades com mais de 12 meses de existência, a perspectiva é de um crescimento real de 2% para a marca Super Nosso e de 7% para o 'atacarejo' Apoio Mineiro. Considerando as aberturas do ano, a taxa de crescimento do grupo deve ficar na ordem de 10%, também em termos reais (descontados os efeitos da inflação).
No ano que vem o crescimento da empresa deve apresentar uma aceleração, segundo o empresário. A previsão é que o Grupo Super Nosso cresça 3%, em termos reais e na base 'mesmas lojas'. Já com as inaugurações previstas, a projeção é de uma expansão de 15% no faturamento da rede.
Cenário do ano
Apesar da perspectiva otimista para o futuro, o empresário mineiro pontua que o cenário do varejo ao longo de 2017 foi extremamente complicado.
Além da demanda muito fraca, que só começou a reagir nos últimos meses, Fuad ressalta o impacto negativo da deflação de alimentos, principalmente na operação do Apoio Mineiro, cujo portfólio de produtos é composto em grande parte por esses produtos. "Este ano o setor sofre com a deflação em quase todos os setores que atuamos, principalmente o de hortifrúti granjeiro. Sentimos ainda a redução da demanda e ao mesmo os custos não param de subir."
Para se ter uma ideia, o IPCA-15 de setembro, indicador do IBGE que mede a variação dos preços ao consumidor, fechou com uma queda acumulada no ano de 1,74% na categoria de alimentos e bebidas.
De acordo com ele, o setor tentou compensar a queda dos preços com o aumento do volume de produtos vendidos, sacrificando margens. O problema, afirma, é que apesar de sacrificar margens o aumento não veio na mesma proporção. "Foi um ano difícil de modo geral, mas eu consegui antecipar essa equação. Não digo que estamos imunes a recessão, mas eu consegui visualizar isto antes, me precaver e agora já estamos preparados para expandir o negócio", diz Fuad.
Em 2016, o empresário conta que travou os investimentos e focou na reestruturação. Uma unidade foi fechada, outra vendida, e 15% do quadro de funcionários foi reduzido, um total de mil demissões.
Pedro Arbex
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