ONU firma parceria para ampliar oferta de tratamento do HIV em mais de 90 países
Publicado em 25/09/2017 Atualizado em 25/09/2017
Uma parceria entre países e agências internacionais, incluindo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), ampliará o acesso ao primeiro tratamento genérico do HIV contendo o composto Dolutegravir. Iniciativa levará terapia para mais de 90 países de média e baixa renda com um preço reduzido — 75 dólares por paciente ao ano. Medicamentos serão disponibilizados em regime de pílula única, a ser administrada uma vez ao dia.
Articulação entre entidades da área de saúde visa aumentar a parcela da população mundial com acesso aos remédios antirretrovirais. Atualmente, 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV. Em 2016, apenas pouco mais da metade — 19,5 milhões de indivíduos — desse contingente podia adquirir os medicamentos para tratar a infecção pelo vírus.
O DTG é amplamente utilizado em países ricos e é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um regime alternativo de primeira linha para o HIV. No Brasil, desde janeiro de 2017, a substância é utilizada para pacientes iniciantes no tratamento do vírus.
Além de melhorar a qualidade e a adesão ao tratamento, o uso generalizado do DTG pode diminuir os custos da terapia de primeira linha para HIV, segundo o UNAIDS. Os medicamentos de primeira linha são as primeiras opções feitas por médicos para lidar com o vírus. De acordo com o programa das Nações Unidas, a adoção do Dolutegravir poderia ainda reduzir a necessidade de recorrer aos regimes de tratamento de segunda e terceira linhas, mais caros.
O programa para expandir a cobertura da terapia anti-HIV é fruto de uma cooperação entre o UNAIDS, os governos da África do Sul e do Quênia, o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), as empresas Mylan Laboratories Limited e Aurobindo Pharma, a Fundação Bill & Melinda Gates, o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), a UNITAID, a Iniciativa Clinton de Acesso a Saúde (CHAID) e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária.
“Este acordo irá melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas vivendo com o HIV”, avaliou o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Para alcançar as metas de tratamento 90-90-90, novas opções de tratamento mais acessíveis e eficazes devem estar disponíveis, de Baltimore a Bamako, sem nenhuma demora.”
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou que “a OMS celebra este acordo que permitirá alcançar milhões de pessoas com medicamentos melhores, mais acessíveis e duradouros para o HIV”. “Isso salvará vidas para os mais vulneráveis, aproximando o mundo da eliminação do HIV.”
Inovação em um único comprimido
O regime genérico oferece, em um única pílula diária, uma combinação de dose fixa dos compostos tenofovir disoproxil fumarato, lamivudina e dolutegravir. O tratamento foi desenvolvido pelas companhias Mylan e Aurobindo por meio de acordos de licenciamento com a ViiV Healthcare, a desenvolvedora original do DTG. Recentemente, as duas empresas receberam uma aprovação provisória da agência de vigilância dos EUA para o uso de sus produtos no âmbito do PEPFAR.
Estudos clínicos demonstraram que as fórmulas de tratamento que usam o DTG levam a uma supressão mais rápida da carga viral, resultam em menos efeitos colaterais e têm índices melhores contra a resistência aos fármacos do que os regimes atuais usados ??em países de renda média e baixa.
“As consideráveis ??reduções de preços podem nos render economias de até 900 milhões de dólares nos próximos seis anos, o que significa que podemos iniciar mais pacientes no tratamento com a mesma quantidade de recursos”, afirmou o ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi.
A Fundação Bill e Melinda Gates concluiu recentemente acordos de preços com a Mylan e a Aurobindo. Objetivo das negociações era acelerar a disponibilidade da nova combinação para o setor público em mais de 90 países de renda média e baixa, com preços reduzidos.
Algumas estimativas apontam para uma expectativa de economia de mais de 1 bilhão de dólares para o setor estatal nos próximos seis anos, em função desses compromissos que estabelecem um teto para o preço do Dolutegravir.
“Esta parceria inédita, a maior desse tipo já vista na saúde global, vai transformar milhões de vidas, tornando o medicamento altamente eficaz mais acessível para países com o maior número de pessoas vivendo com HIV”, explicou a diretora-executiva da Fundação, Sue Desmond-Hellmann.
Noventa e dois países estão cobertos pelos acordos de licenciamento e redução de custos das farmacêuticas parceiras. O conjunto dessas nações responde por mais de 90% de toda a população vivendo com HIV em países de média e baixa renda.
Para familiarizar profissionais de saúde com o medicamento em situações onde os recursos são limitados, a UNITAID, começou, ao final de 2016, a disponibilizar comprimidos genéricos com DTG em três países pioneiros na adoção do medicamento — Quênia, Nigéria e Uganda. Iniciativa contou com o apoio da Iniciativa Clinton de Acesso a Saúde.
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