Conselho Regional de Farmácia se posiciona contra o ensino à distância para cursos de graduação em saúde e delibera sobre conteúdo presencial obrigatório
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Rodolfo Moreira –
25 de setembro de 2017
Entidade considera que este tipo de formação trará sérios riscos à saúde da população
O Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, CRF-SP, após discussão realizada em plenário, emitiu parecer no qual a entidade se posiciona fortemente contrária à medida do Ministério da Educação (MEC) que autorizou mais de 528 mil vagas de cursos de graduação na área da saúde em formato 100% EaD. Destas, 36.269 vagas são para cursos de Farmácia, distribuídas em oito instituições no Brasil.
A formação de profissionais de saúde, entre eles o farmacêutico, exclusivamente pela modalidade EAD, coloca em risco a saúde da população. A graduação na área farmacêutica requer contato com pacientes reais, aulas práticas de manipulação de substâncias e medicamentos, controle de qualidade, análises clínicas, análises de alimentos, cuidados farmacêuticos, entre outras importantes habilidades e competências que devem ser desenvolvidas de forma prática e não apenas teórica.
“Que condições têm um farmacêutico, um dentista, um enfermeiro ou outro profissional de saúde de lidar com vidas se estudou apenas teoricamente pela internet? Se não teve contato com pacientes, aulas práticas, experiências em laboratórios? Como um profissional que tem a responsabilidade de cuidar de vidas humanas pode se formar sem contato com pessoas?”, questiona o presidente do CRF-SP, Dr. Pedro Eduardo Menegasso.
Segundo o presidente do CRF-SP, a formação exclusiva por EaD é uma forma de iludir a sociedade, além de ser prejudicial ao próprio aluno, que gastará seu tempo e dinheiro para se graduar em algo que não o capacitará para exercer plenamente e de forma segura a profissão. “Esses profissionais poderão colocar vidas em risco. ”
A deliberação do CRF-SP determina, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Farmácia no Brasil, as disciplinas fundamentais que a entidade considera que devam ser ministradas de forma presencial, entre elas as ciências químicas e físico-químicas; bases moleculares e celulares; assistência farmacêutica, serviços farmacêuticos, farmacoepidemiologia, farmacoeconomia, farmacovigilância, hemovigilância e tecnovigilância, em todos os níveis de atenção à saúde; análises de água, de alimentos, de medicamentos.
A favor da tecnologia
O CRF-SP esclarece que não é contra as novas tecnologias, aliás, elas são essenciais para o aprimoramento profissional, no entanto é a favor da saúde, da vivência e do desenvolvimento que um curso 100% à distância não proporciona.
O desenvolvimento de habilidades que utilizam as Tecnologias de Informação e Comunicação está contemplado na Portaria nº 1.134/2016 que permite à IES utilizar vinte por cento da carga horária total do curso presencial na modalidade a distância.
Sobre o CRF-SP
Entidade responsável pela fiscalização e habilitação legal do farmacêutico para o exercício de suas atividades no Estado, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo tem como missão ser referência na orientação, fiscalização e desenvolvimento do farmacêutico para o ético exercício da profissão e garantir atendimento confiável e de qualidade à sociedade.
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