Processamento de Cacau no Brasil deve fechar 2017 no mesmo patamar do ano anterior
Importação da amêndoa de cacau tem sido alternativa à baixa produção nacional, para que as indústrias processadoras mantenham as atividades
As indústrias processadoras de cacau tiveram de importar 46 mil toneladas da amêndoa nos seis primeiros meses de 2017, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), deste total, considera-se apenas a importação que de fato entrou no país este ano, desconsiderando-se eventuais quantidades que foram importadas em dezembro de 2016, mas recebidas nas fábricas no último janeiro.
Restando poucos meses para o fim do ano, a AIPC estima que a indústria encerre 2017 com números de moagem muito próximos do que foi contabilizado em 2016, chegando a 220 mil toneladas. No primeiro semestre, a indústria processou 113 mil toneladas da amêndoa. O recebimento de cacau nacional neste período foi de 59,5 mil toneladas, com uma melhora a partir de junho, chegando a 88 mil toneladas nos oito primeiros meses do ano. Tal cenário aponta para uma estimativa parecida com 2016, quando a indústria recebeu 155,4 mil toneladas das lavouras brasileiras.
Em relação ao recebimento de cacau das lavouras nacionais, a visão da entidade é otimista para o cenário, embora ainda haja a preocupação com o baixo volume da produção interna, tendo em vista a severa seca e estiagem nas lavouras que assolou as plantações e vem reduzindo as colheitas nos últimos anos. Por conta disso, a oferta nacional do insumo permanece abaixo da quantidade satisfatória para atender à demanda da indústria processadora nacional, cuja capacidade de moagem é de 275 mil toneladas.
Enquanto as lavouras de cacau brasileiras não retomam a produtividade suficiente para o abastecimento interno, o setor conta com a importação da amêndoa que tem vindo, unicamente, de Gana. Há expectativa de que o governo brasileiro volte a permitir a importação do cacau também da Costa do Marfim, origem autorizada desde 2001, já que todas as medidas de segurança sanitária exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) são praticadas regularmente nos processos de importação.
Para a AIPC, a necessidade de importação não é a opção ideal, mas tem sido a única alternativa para que as fábricas mantenham suas atividades e os postos de trabalho. "A importação nunca é a opção mais vantajosa, pois temos a elevação de custos e temos de lidar com processos mais burocráticos. Entretanto tem sido a única maneira de cobrir a instabilidade da produção nacional nas últimas décadas", observa o diretor executivo da AIPC, Eduardo Bastos.
Sobre a AIPC – A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau, representa 97% do parque processador de cacau no Brasil, gerando mais de 4.200 empregos diretos nas cinco fábricas instaladas na Bahia e em São Paulo. As empresas associadas à AIPC (BARRY CALLEBAUT, CARGILL, INDECA E OLAM/JOANES) instalaram-se no Brasil há mais de 40 anos, quando havia abundância de cacau e grandes excedentes de exportação. Hoje, o país é o sexto maior produtor mundial. Na área de confeitos, o Brasil tem o terceiro maior parque confeiteiro do mundo, atrás dos Estados Unidos e Alemanha; e se esforça para tornar-se o segundo nos próximos anos, mas carece do suprimento regular e seguro de matéria-prima para sua indústria, em meio a uma cadeia de cacau e chocolates que participa do PIB BRASIL com mais de R$ 20 bilhões.
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