Aché fecha colaboração científica com Laboratório de Biocatálise e Síntese Orgânica da UFRJ

O Aché Laboratórios Farmacêuticos anunciou uma colaboração científica voltada ao desenvolvimento da inovação farmacêutica com o Laboratório de Biocatálise e Síntese Orgânica do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ), pioneiro na introdução da tecnologia de fluxo contínuo na síntese de moléculas de interesse para o setor farmacêutico e farmoquímico no Brasil.

Paulo Nigro, presidente do Aché, diz que "para manter nossa liderança em inovação entre as farmacêuticas nacionais, é necessário fortalecer a colaboração científica com universidades e institutos de pesquisa brasileiros, e esta é uma iniciativa alinhada ao planejamento estratégico de longo prazo da empresa, que busca o crescimento constante por meio da inovação, excelência operacional e foco no cliente, de forma sustentável".

O Laboratório da UFRJ é coordenado pelos professores Rodrigo O. M. A. de Souza e Leandro S. M. Miranda e desenvolveu rotas em fluxo contínuo para moléculas importantes para a saúde pública, como o antirretroviral atazanavir, o inibidor de proteases tenofovir, o daclatasvir para tratamento de hepatite C, o anestésico mepivacaína, entre outras.

Para o diretor do Núcleo de Inovação do Aché, Stephani Saverio, "este é mais um passo importante após a criação do Núcleo de Inovação do Aché, que reuniu todas as áreas que trabalham com pesquisa e desenvolvimento em uma unidade integrada, e vem investindo em importantes laboratórios e firmando parcerias que são destaques no Brasil".

Inovação no processo produtivo

O mercado farmoquímico internacional mostra que as grandes empresas estão começando a adotar a tecnologia de fluxo contínuo e experts do FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora norte-americana) projetam que o processo de produção de medicamentos em batelada estará obsoleto em 20 anos. Duas aprovações recentes no FDA ilustram esta mudança de paradigma na direção da tecnologia de síntese em fluxo contínuo. A primeira foi o Orkambi (lumacaftor/ivacaftor) da Vertex em 2015 para tratamento da fibrose cística e a segunda o Prezista da J&J (darunavir) em 2016 para tratamento do vírus HIV. "É muito importante estabelecer uma parceria com uma grande indústria farmacêutica nacional que já tenha percebido esta tendência e esteja disposta a se colocar na fronteira do conhecimento", pontua o professor Rodrigo de Souza.

Como funciona

As reações em fluxo acontecem através do bombeamento dos reagentes para dentro de um microrreator, onde o produto formado, coletado em pequenas quantidades, passa para a etapa seguinte do processo de modo contínuo. Isto difere essencialmente do processo tradicional de produção, em batelada, que tem um conceito stop and go; as etapas de reação química ocorrem de forma isolada e independente em grandes reatores.

Por trabalhar em uma escala bem menor, já que o tamanho do lote não é determinado pelo volume do reator e sim pelo tempo e número de microrreatores arranjados no processo, o fluxo contínuo permite o manuseio de reagentes e solventes e a operação em faixas de temperatura e pressão que são de alto risco ou até mesmo impossíveis no processo em batelada. O fluxo contínuo fornece vantagens também do ponto de vista de automação e eficiência, além da sustentabilidade, pois demanda uma quantidade menor de solventes e gera menos resíduos.

Estrutura para inovar

Com esta colaboração, o Aché amplia as possibilidades em síntese de moléculas e se qualifica ainda mais para a descoberta de novos medicamentos. A intenção é aplicar esta metodologia para resolver sínteses de alta complexidade de moléculas de interesse da empresa e a transferência de tecnologia de síntese em Fluxo Contínuo para o Laboratório de Design e Síntese Molecular do Aché, inaugurado no fim de 2015.

Com estrutura pioneira no Brasil, o Laboratório de Design e Síntese Molecular do Aché busca internalizar as atividades de síntese de moléculas inovadoras e possibilitou, em 2016, a entrada da empresa no conceituado Structural Genomics Consortium (SGC), um consórcio internacional que busca acelerar o desenvolvimento de novos fármacos através do modelo de Open Innovation.

"Esta tecnologia é ortogonal às plataformas já utilizadas na química sintética, e nos permitirá executar reações complexas com maior rapidez e segurança, e promover a integração dos processos de síntese, purificação e escalonamento de candidatos a fármacos no futuro", pontua Cristiano Guimarães, diretor de Inovação Radical do Aché.

O Laboratório de Biocatálise e Síntese Orgânica foi fundado em 2010 pelos professores Rodrigo O. M. A. de Souza e Leandro S. M. Miranda com o objetivo principal de unir pesquisa básica e aplicada por meio do estreitamento das relações entre a indústria e universidade. Desde então, o laboratório tem se dedicado a projetos na área farmoquímica, de alimentos e cosméticos com o intuito de desenvolver tecnologias inovadoras, seja em produto ou processo, para o setor produtivo brasileiro. O laboratório é pioneiro na utilização de reatores contínuos para síntese de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) no Brasil. Nos últimos anos, foi responsável pela publicação de mais de 130 artigos em revistas indexadas internacionalmente e 4 patentes. Vale destacar também a expressiva formação de recursos humanos, com mais de 90 alunos formados em diferentes níveis (iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado).

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