Sem medicamentos, renais crônicos acionam Ministério Público Estadual

" Quando o paciente não toma o medicamento, corre o risco do corpo começar agir e rejeitar o rim transplantado. Com isso, o paciente pode perder o órgão e ter que voltar para uma máquina de hemodiálise. Isso, se ele não morrer"

26/10/2017 06h28 – Por: Valéria Araújo

A Associação dos Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Dourados (Renassul) denunciou a falta de medicamentos para os pacientes, junto ao Ministério Público Estadual. De acordo com o presidente da entidade, Feliciano Paiva, desde junho, ou seja, há cinco meses, os medicamentos Azatiaprina e Ciclosporina de 100 mg e 50 mg não são fornecidos na rede estadual.

De acordo com José Feliciano, tratam-se de remédios de alto custo que dificilmente são encontrados para venda nas farmácias e os valores podem chegar a R$ 600,00 no caso da Ciclosporina. "Cada caixa com 50 comprimidos não dá para 30 dias porque o paciente, na maioria dos casos, toma dois por dia. É um custo alto para as pessoas que hoje ganham apenas um salário mínimo", destaca.

No caso do Ciclosporina, trata-se de um medicamento imunossupressor que atua controlando o sistema de defesa do organismo, sendo utilizado para evitar a rejeição de órgãos transplantados. "A situação é gravíssima. Quando o paciente não toma o medicamento, corre o risco do corpo começar agir e rejeitar o rim transplantado. Com isso, o paciente pode perder o órgão e ter que voltar para uma máquina de hemodiálise. Isso, se ele não morrer.", lamenta.

De acordo com professor universitário Fernando Augusto Alves Mendes, há cinco meses ele não recebe o medicamento. Para não ficar sem, ele comprou pela internet, tendo em vista que o produto não é facilmente encontrado nas farmácias. Para isso, ele teve que desembolsar R$ 430,00 numa caixinha com 50 comprimidos. "Tendo em vista a quantidade de impostos que pagamos, é revoltante não receber serviços básicos", destaca, observando que há 15 anos é transplantado e que é a primeira vez que passa por esse transtorno.

Calvário

O presidente da Associação José Feliciano de Paiva disse ainda que considera a falta de distribuição do medicamento como um descaso com a saúde pública. "Já fazem cinco meses que estamos indo no Núcleo de Medicamentos do Estado e não encontramos o remédio. A Associação vinha buscando com familiares de pacientes que morreram, para ver se sobraram alguns comprimidos para doar, mas isso é humilhante. Mais de 40 pessoas são transplantadas em Dourados, boa parte dessas estão sem o remédio e cada dia que passa pode ser uma vida que estamos perdendo. Precisamos de uma resposta urgente", explica.

Outro lado

De acordo com o Governo do Estado a Azatioprina está com estoque regular, de acordo com a Casa da Saúde, que faz o encaminhamento dos medicamentos aos municípios. A Ciclosporina 25 mg também está com estoque regular. A de 50 mg estamos atendendo com de 25mg, por que a de 100 mg ainda estamos esperando entrega. A distribuidora está com problemas junto ao laboratório. A previsão de entrega é em torno do dia 1 de novembro.

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