Consumo de espumantes reage e anima vinícolas
Daniel Salton, presidente da Vinícola Salton, diz que último bimestre concentra 60% das suas vendas
As vinícolas brasileiras apostam no último bimestre para interromper a trajetória de queda nas vendas de espumantes no mercado interno iniciada ainda em 2016. De janeiro a outubro as entregas do setor recuaram 1,9% ante igual período do ano passado, para 11,2 milhões de litros, influenciadas pela crise econômica, pelo avanço dos importados e pela demora do varejo em fazer as encomendas para o fim de ano, mas a expectativa é fechar 2017 pelo menos com o mesmo volume registrado no exercício anterior.
"Esperamos um equilíbrio com 2016 em volumes", diz o gerente de promoção do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), Diego Bertolini. No ano passado as vendas haviam recuado 10,1% frente a 2015 devido aos mesmos fatores negativos deste ano e também à redução na safra de uvas viníferas no Rio Grande do Sul provocada por más condições climáticas. Para 2018, o executivo confia em uma alta de até 5% graças à esperada recuperação da economia.
Os índices de desempenho variam de empresa para empresa, mas o otimismo médio do setor é reforçado pela melhora gradual dos números gerais ao longo deste ano. Conforme o Ibravin, no primeiro quadrimestre a queda sobre igual período de 2016 foi de 17,1%, mas diminuiu para 8,8% no segundo e para 1,9% nos dez meses. As exportações cresceram 17,3% de janeiro a outubro, para 179,9 mil litros, mas ainda são incipientes.
Os importados também tiveram impacto, favorecidos por vantagens tributárias na importação direta por grandes redes de supermercados ou lojas online, diz Bertolini. Embora o crescimento dos estrangeiros seja visto como normal em um mercado em expansão, o volume praticamente dobrou no acumulado até outubro, de 2,6 milhões de litros em 2016 para 5 milhões de litros neste ano, e tomou algum espaço dos nacionais. "Mais de 50% dos produtos chegam ao Brasil por menos de US$ 2 a garrafa", afirma Bertolini.
"Foi um ano difícil", diz o presidente da Salton, maior produtora de espumantes do Brasil, Daniel Salton. De acordo com ele, com a recessão o varejo atrasou em cerca de um mês os pedidos de fim de ano, que normalmente começam a entrar no fim de setembro, e até outubro a empresa acumulava uma queda de 12% nas vendas, para 2,9 milhões de litros. Mas, depois disso, os ventos mudaram e ele espera fechar o ano com 5,4 milhões de litros, 5,9% acima dos 5,1 milhões de litros de 2016.
A expectativa dos produtores é fechar 2017 pelo menos com o mesmo volume registrado em 2016. Uma virada tão radical na taxa de desempenho na reta final de 2017 é possível porque, em geral, o último trimestre responde por até 60% das vendas de espumantes da empresa. Assim como a maior parte das vinícolas, a Salton também manteve os preços praticamente inalterados desde o ano passado para dar fôlego aos negócios e, para 2018, se a recuperação da economia se confirmar, ela espera voltar aos níveis de 2015, quando vendeu 6 milhões de litros de espumantes.
A Cave Geisse, que produz espumantes premium, com preços a partir de R$ 60 a garrafa em lojas especializadas, deve fechar o ano com as mesmas 430 mil garrafas (o equivalente a 322,5 mil litros) de 2016. Segundo o diretor de marketing Daniel Geisse, as vendas absorvem toda a produção, limitada pelo tamanho das áreas selecionadas para o cultivo das videiras, mas o faturamento deve seguir o padrão de crescimento de 15% a 20% dos últimos anos em função da entrega de produtos mais caros.
A Casa Perini deve encerrar 2017 com crescimento acima dos 30%, mas reconhece que o desempenho é um ponto fora da curva no ano difícil para o setor graças a "prêmios importantes" que ampliaram os espaços para a marca, diz o diretor comercial Franco Perini, sem informar volumes. Segundo ele, que também espera um ano melhor para a indústria em 2018, o mais importante foi o reconhecimento do espumante moscatel da empresa como o quinto melhor vinho do mundo pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores (WAWWJ), em setembro.
Na Cooperativa Vinícola Aurora, as vendas acumuladas até outubro empataram com o mesmo período de 2016, em 2 milhões de litros, porque o mercado estava "retraído" e o varejo esperou mais para fazer as encomendas de fim de ano, explica o diretor geral Hermínio Ficagna. Mesmo assim, ele espera uma alta de 4% a 9% no ano cheio com o aumento forte das encomendas no último bimestre. "Novembro está muito bom", diz.
A Cooperativa Garibaldi já conseguiu aumentar em 10% as vendas nos dez primeiros meses e espera fechar o ano no mesmo ritmo de crescimento, para 2 milhões de litros, afirma o presidente Oscar Ló. Segundo ele, a vinícola fez lançamentos de produtos mais caros neste ano, na faixa de R$ 60 e R$ 70 a garrafa, e tem uma concentração de vendas um pouco menor no quarto trimestre, em torno de 40% do total do ano.
Fonte: Valor Econômico
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