Alimento mais barato inibe retomada do GPA
Enquanto o setor varejista como um todo sente os efeitos dos juros menores e maior confiança do cliente, o Grupo Pão de Açúcar prevê que a queda no preço siga até 2018
São Paulo – Os sinais de melhora no varejo, evidenciados pela queda no juro e melhora dos indicadores de confiança, não são o bastante para sustentar a retomada do Grupo Pão de Açúcar. Segundo o presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi, o efeito do menor preço dos alimentos manteve pressão no caixa do grupo no terceiro trimestre.
"Do ponto de vista macro econômico, além da queda dos juros, a gente tem visto uma pequena retomada do emprego e melhora do poder de compra (..), mas a gente não está vendo essa mudança refletir no caixa ou nas lojas. Dentro do cenário macro, o que vemos é uma forte deflação, sobretudo de alimento, que no curto prazo tem um peso", comentou o Iabrudi, durante teleconferência na última sexta-feira (27).
O posicionamento do GPA vem em linha com as estimativas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que considera que a melhora das vendas no faturamento das redes no acumulado deste ano seja ofuscado pela queda dos preços nas gôndolas. "Se não fosse a queda nos preços poderíamos estimar um crescimento a cima de 1,5% este ano, mas com a deflação não sabemos se vamos chegar aos 1,5%", disse recentemente o presidente Abras, João Sanzovo Neto, recentemente.
De acordo com o presidente da bandeira de atacarejo Assaí, Belmiro Gomes, de um ano para outro a variação no preço de alguns produtos chegou a 20%, o que teve efeito grande na operação da bandeira. "Ainda assim vimos um aumento grande no fluxo de pessoas, mas principalmente no volume de vendas", disse.
Ronaldo Iabrudi, presidente do GPA, avaliou ainda que a deflação de alimentos deverá continuar no quarto trimestre, passando a voltar a "patamares mais normalizados" no início de 2018.
Investimento e venda
Independente dos efeitos inicias da deflação dos alimentos, o GPA pretende continuar investindo. Ano que vem os aportes da companhia deve envolver R$ 1,2 bilhão, em linha com o aplicado neste ano, dando continuidade a estratégia da companhia em focar em atacarejo e reforçar presença no comércio eletrônico.
Com relação a decisão de vender a rede de móveis e eletrodomésticos Via Varejo, Iabrudi garante que está mantido o plano. "Estamos muito satisfeitos com a Via Varejo, [mas] continuamos focados em alimentar. Há uma perspectiva enorme de crescimento da bandeira Pão de Açúcar e muito grande de Assaí. A decisão tomada de alienação da Via Varejo está mantida", diz.
Na última semana o GPA reportou lucro líquido de R$ 72 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 308 milhões de um ano antes.
Paula Cristina
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