Alimento mais barato responde por quase 2 pontos da queda na inflação, diz presidente do BC

Inflação somou 2,54% em doze meses até setembro e pode ficar abaixo do piso da meta em 2017. Em audiência no Senado, Ilan Goldfajn apontou que alimentos acumulam queda de 5% no ano.

Por Alexandro Martello, G1, Brasília

10/10/2017 11h12

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avaliou nesta terça-feira (10) que a queda no preço dos alimentos neste ano responde por um recuo de quase 2 pontos percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em doze meses até setembro o IPCA somou 2,54% e há a possibilidade de fechar o ano de 2017 abaixo do piso, de 3%, da meta de inflação que precisa ser perseguida pela Banco Central.

"Houve um choque de preços de alimentos, que às vezes depende de safra, de clima. Neste ano, tivemos uma mudança relevante da inflação de alimentos, que acumula uma queda de mais de 5%, contra uma alta de mais de 10% no ano passado", disse Goldfajn durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal.

Goldfajn informou que, sem essa forte queda dos alimentos neste ano, o IPCA, em doze meses até setembro, somaria 4,2%.

De acordo com ele, o BC não deve reagir a esse tipo de fenômeno baixando ainda mais a taxa Selic, os juros básicos da economia, para impedir que a inflação fique abaixo do piso da meta de inflação para 2017.

Ao baixar mais os juros, o BC daria um sinal que poderia elevar o consumo no país e, consequentemente, fazer a inflação subir. Goldfajn, porém, disse que a política de juros deve responder apenas às consequências de eventuais choques na economia.

"A dosagem da política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação] se mostrou até o momento adequada", disse ele.

Sistema de metas de inflação

Pelo sistema brasileiro, a meta central de inflação foi fixada neste ano, e também em 2018, em 4,5%. Essa é a meta na qual o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve mirar, baixando ou elevando os juros.

Em torno dessa meta central, há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, de modo que o IPCA pode oscilar entre 3% e 6% nestes anos, sem que a meta seja formalmente descumprida.

Se a inflação não ficar dentro desse intervalo, o presidente do BC deve escrever uma carta pública ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicando o que aconteceu.

Juros devem cair menos

Durante a audiência pública na CAE do Senado, o presidente do Banco Central repetiu o recado de que julga adequada, neste momento, "uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária", ou seja, do ritmo de corte dos juros.

Nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic sofreu cortes de 1 ponto percentual e, atualmente, está em 8,25% ao ano. Para o próximo encontro do comitê, no fim de outubro, a estimativa do mercado já é de um corte menor, de 0,75 ponto percentual, que levaria a taxa para 7,5% ao ano.

E, no último encontro deste ano, em dezembro, os economistas dos bancos preveem um corte menor ainda, de 0,5 ponto percentual, para 7% ao ano. Depois disso, o mercado financeiro vê a taxa estável até o fim de 2018.

"O cenário básico para a inflação não se alterou de forma material desde a última reunião do Copom e o Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central no dia 21 de setembro", afirmou Goldfajn.

Ele acrescentou que o processo de corte dos juros continuará dependendo da "evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Fique a vontade para contribuir!

Deixe uma resposta