Alimentos básicos têm queda no varejo
Rafaela Tavares 07.09.17 15h08
Uma produção agrícola robusta combinada com um consumo ainda fraco elevou a disponibilidade de produtos nas gôndolas e estoques dos supermercados, o que reflete em recuo nos preços de alimentos básicos nas lojas de Araçatuba. A redução dos valores não é um fenômeno isolado da cidade – ela acompanha a queda na inflação dos supermercados em território estadual.
Conforme dados mais recentes, o IPS (Índice de Preços dos Supermercados), calculado pela Apas/Fipe (Associação Paulista de Supermercados/ Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apresentou em julho diminuição de preços tanto na variação mensal, quanto no acumulado do ano e em 12 meses, o que não acontecia desde dezembro de 2009. Os preços paulistas recuaram 0,24% entre junho e julho, 0,54% nos primeiros sete meses de 2017, e 1,12% em 12 meses até julho deste ano.
Na avaliação da associação, o encolhimento da renda provocado pelo desemprego, a demanda reprimida pela economia em crise e as grandes safras favorecidas pelo clima formam um conjunto de fatores que expandiu a oferta de produtos no mercado interno.
CESTA BÁSICA
A dobradinha arroz e feijão, o açúcar e o leite foram algumas das mercadorias que ficaram mais baratas em Araçatuba, segundo o proprietário de rede de supermercados, Carlos Fernandes Felipe, "Houve uma queda bem acentuada, que se refletiu principalmente em itens da cesta básica."
Ele conta que o pacote de cinco quilos de açúcar cristal caiu de R$ 9 para R$ 5,99, em um ano. No mesmo período, o quilo do feijão saiu do patamar de R$ 10 para R$ 3,40 e R$ 2,90, no mesmo período. Já o litro do leite passou de R$ 3, para R$ 1,89. Felipe também acredita que a superprodução agrícola sustentada por condições climáticas favoráveis e o poder aquisitivo ainda baixo do consumidor causaram o preço mais baixo.
De acordo com a Apas, os alimentos da categoria carnes, cereais e leite foram os que tiveram a maior queda em julho (-2,45%), no acumulado do ano até aquele mês (-3,21%) e em 12 meses (-9,07%). Em São Paulo, o feijão ficou 54,32% mais barato em um ano; o arroz teve redução de 3,18% no mesmo período. O frango é destaque entre as carnes, com valor 3,49% menor em um mês, queda de 1,5% em 12 meses, e 9,66% no acumulado de janeiro a julho. Os produtos in natura tiveram recuo de 15,53% em um ano, com destaque para a batata que ficou 61,14% mais barata, no período.
FAVORECIDO
Para Felipe, o consumidor é a parte mais favorecida. "É ele quem vai aproveitar esses preços." Apesar disso, o consumidor que ainda sofre com desemprego ou perda do poder de compra, não aumenta a quantidade comprada mesmo com a desaceleração da inflação, segundo o empresário. Com isso, o faturamento dos supermercados encolhe.
A dona de casa Aurora da Silva, 71, de Araçatuba diz que a queda nos preços das mercadorias na comparação com 2016 é perceptível, porém o volume de itens de suas cestas de compras se estabilizou desde o ano passado. Ela conta que, no entanto, se sente mais tranquila para comprar produtos com o feijão. "Agora não tenho mais que pôr muita água nele."
Na outra ponta, o produtor sofre com a queda, já que os custos de produção com defensivos e mão de obra não diminuíram, de acordo com Felipe. Na visão do empresário, falta uma política que proteja o setor agrícola das oscilações muito grandes de preço. Ele também acredita que com os produtos rendendo menos, os agricultores vão reduzir o plantio, o que em um ou dois anos ocasionará escassez e, por consequência, uma disparada dos preços dos mesmos itens ao consumidor.
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