Alto consumo de sódio e açúcar são problema de saúde pública
Governo resolveu intervir e cobrar da indústria alimentícia a redução gradativa do sal nos produtos. Já no segundo semestre, é a vez do açúcar. Na mira, produtos lácteos, bebidas adoçadas, biscoitos, bolos e achocolatados
25/06/2017 11:00:00
Rosayne Macedo
Rio – A glicose passava de 400, os triglicerídeos já batiam 600 e a pressão chegava a 17 por 10. Em 2014, o advogado Marcelo Campos de Oliveira anos recebeu o diagnóstico de uma síndrome metabólica. Dali em diante, decidiu mudar. Modificou hábitos alimentares, ganhou energia para praticar atividades físicas e, de quebra, perdeu 32 quilos. Aos 45 anos, ele correu os 42 km da última maratona no Rio e hoje coleciona medalhas de várias outras corridas. “Cortei totalmente o açúcar, só usava adoçante. Depois até o adoçante cortei, inclusive na limonada suíça. Consegui limpar o meu paladar e comecei a apreciar o sabor dos alimentos que não têm açúcar nem sal. Todas as taxas estabilizaram”, conta, orgulhoso, o morador de Irajá.
O alto consumo de sódio é um problema de saúde pública. Tanto que o governo resolveu intervir e cobrar da indústria alimentícia a redução gradativa do sal nos produtos. Desde 2011 já foram retiradas 17 mil toneladas de sódio dos alimentos. A meta é baixar ainda mais até 2020. Já no segundo semestre, o vilão da vez a ser atacado é outro “veneno branco”: o açúcar. Na mira, produtos lácteos, bebidas adoçadas, biscoitos, bolos e achocolatados.
O bancário Flávio Marsillac, de 52, hipertenso desde os 23, também apostou em moderar o consumo de sal na dieta, entre várias outras mudanças acompanhadas por uma nutricionista. Para temperar a salada, prefere aceto balsâmico, azeite e limão. Para adoçar, açúcar artesanal. Em oito meses, já perdeu sete quilos. “Hoje consigo subir uma escada tranquilamente, coisa que antes era impossível”, afirma.
Quem consome muito sal tem o paladar desvirtuado. Às vezes por puro hábito de salgar ou adoçar sem provar Márcia Daskal, nutricionista
Ivan Ferraz, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), afirma que a ingestão excessiva de sódio pode causar hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão, além de AVC. “Com relação ao açúcar, os principais vilões são a obesidade e o diabetes”, destaca.
Nutricionistas recomendam substitutos
Para a nutricionista Gabriela Benedetti, do Hospital Quinta D’Or, o sódio só é vilão se consumido em excesso. “Em doses moderadas, é necessário para funções vitais do organismo. Sem o sódio a circulação não funcionaria direito”, pondera. O ideal é que, sempre que possível, seja feita a opção por alimentos naturais, reduzindo o consumo de produtos industrializados.
De acordo com Matheus Motta, nutricionista do Vigilantes do Peso, o sal pode ser substituído por temperos e especiarias como pimenta moída, cominho, noz moscada, ervas frescas como orégano, manjericão, alecrim, tomilho e outros como gergelim. Já o açúcar não deve ser consumido na forma refinado e pode ser substituído por outras especiarias como canela, cravo moído, noz moscada. Outros substitutos devem ser utilizados com cuidado, como mel, açúcar mascavo e demerara (mais naturais e menos processados) e adoçantes, preferindo os naturais, como a stevia.
Mas é importante não ficar neurótico e tentar se organizar. “Se você ficar muito preocupado em não comer sal ou açúcar a dieta vai ficar muito chata, monótona. O equilíbrio é sempre um caminho mais aceitável”, recomenda a nutricionista Márcia Daskal.
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