Boldrini: asparaginase alemã só dura até o fim do ano

Novo lote adquirido pelo hospital só chega em 3 meses; ministério segue ignorando liminar

22/12/2017 17:58 ACidadeON ACidade ON

Leuginase, de fabricação chinesa, não tem eficácia comprovada

A polêmica envolvendo a asparaginase no Centro Infantil Boldrini, em Campinas, continua. A diretora do hospital, Silvia Brandalise, disse nesta sexta-feira (22) que o estoque do remédio importado da Alemanha deve durar apenas até o fim deste ano.

A asparaginase é utilizada no tratamento de leucemia. Até o começo deste ano, o Ministério da Saúde repassava a L-Asparaginase, de fabricação alemã, para os hospitais credenciados ao SUS.

Em março, no entanto, o governo passou a adquirir a Leuginase, fabricada na China, que não tem eficácia comprovada. Em outubro, o Boldrini conseguiu uma liminar na Justiça que obriga o ministério a fornecer 150 frascos da L-Asparaginase por mês ao Boldrini, mas a medida não foi respeitada.

Para complicar ainda mais, o Ministério abriu um novo pregão para a compra do medicamente e o vencedor foi a mesma fabricante chinesa, agora com outro remédio, o Leucospar. Foram adquiridos 50 mil frascos, conforme publicação no Diário Oficial.

"Só nesta semana, recebemos mais dois pacientes com leucemia. Um deles com 2 anos", disse Silvia.

Ela explicou que o hospital conseguiu, por conta própria, importar 500 frascos do remédio alemão, mas a Anvisa só deve autorizar a importação na próxima terça (26). "A chegada dos frascos só deve acontecer em dois ou três meses", disse Silvia.

Diante da falta de opções, ela diz que vai aos EUA na primeira semana de janeiro para trazer frascos da L-Asparaginase na bagagem. "Vou levar os nomes dos pacientes e comprovar a necessidade de uso. Não é contrabando, porque não vou revender", desafiou.

Silvia disse que usar o medicamento chinês está fora de cogitação. "Não uso nem para experimentar em animais. Ele só tem 30% de ação. Desse remorso eu não morro", afirmou.

OUTRO LADO

Em nota, o Ministério da Saúde informou que todos os hospitais do SUS habilitados em oncologia recebem mensalmente recursos federais para a compra e oferta de medicamentos.

"Mesmo assim, desde 2013, o Ministério da Saúde passou a adquirir o medicamento L-Asparaginase devido a sua indisponibilidade no mercado farmacêutico, pois trata-se de um medicamento sem registro no Brasil. Assim, esta compra é mais uma alternativa aos hospitais. Caso algum hospital não deseje usar a L-Asparaginase disponibilizada pelo ministério, ele continua a receber financiamento federal e pode optar por fazer a aquisição direta do produto", diz a nota.

O ministério também informou que o pregão com participação de empresas estrangeiras que está em andamento é justamente para garantir a continuidade do abastecimento do produto nos hospitais. Segundo o ministério, "o processo (de compra do Leucospar) está em curso e ainda não foi finalizado".

"Conforme mencionado, a licitação ainda está em andamento, mas vale mencionar que a empresa que apresentou a melhor proposta neste Pregão fez a um valor 34,21% inferior ao da última aquisição, o que resultará em uma economia na ordem de R$ 1,2 milhão", diz a nota.

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Fique a vontade para contribuir!

Deixe uma resposta