Brasil fecha acordo para testar medicamento contra gonorreria superresistente

São diagnosticados em torno de 500 mil novos casos da doença por ano no País 17/07/2017 16:40 17/07/2017 16:44

O Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde (DIAHV) anunciou que irá fechar parceria com a Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi) para estudo de teste de nova droga para combater a bactéria causadora da gonorreia (gonococo) – que já vem se mostrando resistente a todos os antibióticos disponíveis em várias partes do mundo. No Brasil, o cenário de infecção por gonorreia acompanha os altos índices globais. Estima-se que a prevalência da doença na população de 15 a 49 anos seja de aproximadamente 1,4% – e que a incidência na população geral esteja em torno de 500 mil novos casos por ano.

Gonorreia está mais resistente a antibióticos

A decisão para o estudo sobre o novo medicamento foi tomada em reunião com os representantes do organismo e com o corpo técnico do DIAHV durante o STI and HIV World Congress (Congresso Mundial de IST/Aids) que ocorre no Rio de Janeiro até quinta-feira (20). “O estudo será iniciado até o início de 2018 e deverá estar concluído até 2020. Além do Brasil, farão parte da iniciativa outros países como África do Sul, Quênia e Tailândia”, explica o diretor da Global Antibiotic R&D Partnership (GARDP), Manica Balasegaram. Ele destacou, ainda, que a gonorreia resistente não é um problema que afeta somente os países pobres ou em desenvolvimento, mas sim o mundo todo.

A diretora do DIAHV, Adele Benzaken, enfatiza que o gonococo ainda não é resistente à última opção disponível para tratamento (ceftriaxona e cefixima) aqui no Brasil, como já é em outros países. “Apesar disso, é muito importante que o nosso país participe desse estudo para que possamos estar um passo à frente, antes que isso aconteça”.

O DIAHV, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolve o projeto Sengono para monitorar a resistência do gonococo em sete sítios-sentinela nas cidades de Brasília, Salvador, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Florianópolis.

O que é gonorreia?

A gonorreia é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e, na maioria das vezes, está associada com a bactéria Chlamydia trachomatis, causando a infecção que atinge os órgãos genitais, a garganta, olhos e ânus. Qualquer prática sexual pode transmitir a gonorreia – seja o contato oral, vaginal ou anal, por isso, o uso da camisinha masculina ou feminina é a melhor forma de prevenção. A bactéria se prolifera em áreas quentes e úmidas do corpo, incluindo o canal que leva a urina para fora do corpo, a uretra. Pode ser encontrada também no sistema reprodutor feminino, que inclui as tubas uterinas, o útero e o colo do útero. Há ainda a transmissão de mãe para filho durante o parto. Em bebês, a gonorreia costuma se manifestar principalmente nos olhos, na forma de conjuntivite grave, mas também pode haver infecção disseminada.

Os principais sintomas são dor ao urinar ou no baixo ventre, corrimento amarelado ou claro, fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual. A maioria das mulheres infectadas não apresentam sinais e sintomas. Os homens podem apresentar ardor e esquentamento ao urinar, podendo haver corrimento ou pus, além de dor nos testículos.

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