BRF volta a crescer com ganho de participação de mercado no Brasil

Fabricante avança em categorias importantes como de pratos prontos, margarinas e embutidos; enfraquecimento da Seara, controlada pela JBS, também contribuiu para expansão da empresa

São Paulo – A BRF voltou a conquistar fatia de mercado no Brasil, em meio ao enfraquecimento da Seara e à recuperação dos resultados, após perdas acumuladas no ano passado – como consequência da alta no preços dos grãos – e no início deste ano, em razão da Operação Carne Fraca.

A participação total da BRF no terceiro trimestre atingiu 54,6%, um incremento de 0,2 ponto percentual (p.p.) em comparação ao segundo trimestre deste ano, de acordo com dados da Nielsen, informados pela BRF. O resultado é um alívio à empresa que vinha perdendo espaço no mercado, sobretudo ao longo do ano passado para a Seara, controlada pelo Grupo JBS. O fortalecimento da concorrente, adquirida pela JBS em meados de 2013, começou a reduzir a participação da companhia, que registrava perdas consecutivas de espaço no mercado desde o quarto trimestre de 2015. Esse quadro, porém, foi revertido desde o início deste ano.

Ao mesmo tempo em que prejudicou a BRF, a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano, desestruturou principalmente a Seara. Além disso, o inferno astral da JBS se acentuou com a delação premiada envolvendo o presidente Michel Temer, em maio, o que levou à saída dos irmãos Batista do comando.

"Mais do que uma recuperação deliberada de mercado, houve uma oportunidade de ganho de participação pelo enfraquecimento da concorrência, que a BRF soube aproveitar", comenta o analista da Planner, Victor Martins, em relação ao avanço da BRF sobre a Seara. "Vamos ver se essa recuperação vai se sustentar ao longo dos próximos trimestres. Mas não vejo uma tentativa de ganho de mercado a qualquer custo da BRF."

No relatório de administração que acompanhou o balanço, a fabricante informou que os preços médios seguiram pressionados, ainda impactados pelo efeito dos maiores descontos em função de prazo de validade. "No mercado brasileiro há uma deflação dos alimentos, o que dificulta uma alta das margens. A nossa estratégia é tentar melhorar nos volumes", disse, em teleconferência com analistas, o diretor vice-presidente para o Brasil da BRF, Alexandre de Almeida. "Não estamos reduzindo preços para ganhar mercado, mas pela consistência operacional", acrescentou.

Produção

A BRF registrou um incremento de 8,8% da produção em relação ao segundo trimestre e de 4,5% frente ao terceiro trimestre do ano passado, para 539 mil toneladas. "Revertemos o período ruim de 2016 e o do início deste ano pela Carne Fraca", comentou o presidente do conselho de administração, Abilio Diniz.

No Brasil, o volume de processados da BRF cresceu 3,1% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Nielsen, enquanto o mercado como um todo recuou 3,3%. O avanço, especificamente da BRF, foi puxado pela categoria de pratos prontos, com uma alta de 3,1 p.p. de fatia de mercado, para 57,2%, impulsionado pela volta, entre outros itens, da lasanha da Perdigão. Esse produto, informou a empresa, já conta com fatia de 6,3% de mercado, contribuindo para o ganho consolidado da empresa. A BRF registrou avanços sobre a concorrência em embutidos (+0,8 p.p.), puxado por mortadelas, e em margarinas (+0,9 p.p.). Já em frios, teve recuo de 0,8 p.p., para uma fatia de 56,4%.

Baixa renda

Outra frente para manter o crescimento é o ingresso no mercado de baixa renda, onde a BRF ainda não atua com uma marca própria, o que deverá ocorrer em fevereiro de 2018. A expectativa da empresa é maximizar as operações das fábricas para a nova linha.

Na última linha do balanço, a BRF voltou a registrar lucro líquido, com ganhos de R$ 138 milhões, após prejuízo de R$ 166 milhões do segundo trimestre. A receita líquida consolidada, por sua vez, avançou 7,5%, para R$ 8,732 bilhões.

Rodrigo Petry

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