Bunge quer ‘reiventar’ acordos com produtores de soja do Brasil
São Paulo – Com os produtores brasileiros estocando soja em razão dos baixos preços, a Bunge está buscando mudar a forma como compra a oleaginosa em um esforço para impulsionar as vendas e restabelecer as margens de lucro.
A Bunge, uma das maiores processadoras globais de oleaginosas, quer que os produtores concordem em vender suas safras futuras, antes da colheita, oferecendo a eles ajuda extra com serviços, tais como financiamento e gerenciamento de risco de preço, disse o presidente-executivo da companhia, Soren Schroder, em uma teleconferência com analistas.
"Sentimos que podemos intensificar isso", afirmou. "É nosso objetivo reinventar a maneira como negociamos com o produtor", disse o executivo da empresa.
A Bunge e seus concorrentes sofreram com o fato de os produtores brasileiros estocarem a soja da safra deste ano, em vez de comercializá-la em meio às cotações baixas. Isso reduziu as margens, forçando as companhias a competir entre si para adquirir o produto, apesar das amplas reservas.
No Brasil, empresas como Cargill geralmente fornecem insumos aos produtores, como químicos e sementes, em troca da venda futura de parte da colheita deles para elas, disse John Baize, consultor de política e comércio agrícola internacional. Com esses acordos, os produtores não precisam fazer empréstimos para adquirir os produtos necessários ao plantio das culturas.
A empresa não tinha um comentário sobre o plano da Bunge de fortalecer as ofertas.
A Archer Daniels Midland (ADM), outra concorrente, informou em comunicado que está "sempre evoluindo sobre como pode trazer mais valor a essas relações" com produtores brasileiros.
A Bunge foi a mais recente companhia dentre as grandes empresas de grãos a se movimentar para lidar com a ampla oferta global, que pressionou os preços e reduziu a volatilidade essencial para ganhos.
Na quarta-feira (2), a Bunge manteve as portas abertas para uma possível venda após reportar queda de 33% no lucro do segundo trimestre sobre um ano antes, para US$ 81 milhões. A trading de commodities agrícolas rejeitou uma abordagem de sua rival Glencore em maio deste ano.
A empresa ainda cortou suas projeções para os ganhos do segmento de agronegócio justamente em razão das vendas menores por produtores brasileiros e da América do Sul como um todo. A estimativa de ganhos é de US$ 550 milhões a 650 milhões de dólares, ante US$ 800 milhões a US$ 925 milhões previstos anteriormente.
Da Redação e Agências
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