Carrefour levanta R$ 5,125 bilhões na abertura de capital

Arrecadação é a soma da emissão de novas ações na B3 e da venda de papéis que pertenciam a acionistas como a Península, da família Diniz

O Estado de S.Paulo

18 Julho 2017 | 20h37

O Carrefour levantou nesta terça-feira, 18, R$ 5,125 bilhões em sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil. Apesar de ter sido o maior IPO realizado no País neste ano – até então, o recorde era da companhia aérea Azul, com R$ 2 bilhões –, o valor movimentado ficou abaixo dos R$ 5,6 bilhões esperados pelos acionistas da varejista francesa. Os papéis da companhia saíram por R$ 15, o piso da faixa indicativa – o teto era R$ 19.

Do valor total captado, R$ 3,1 bilhões são da oferta primária, ou seja, das novas ações emitidas, o que significa dinheiro novo no caixa da empresa. Já R$ 2 bilhões são da oferta secundária, da venda de ações dos atuais acionistas – a Península, braço de investimentos de Abilio Diniz, e o grupo Carrefour. Terceiro maior acionista da rede, Abilio chegou ao Carrefour no fim de 2014 tendo como uma de suas metas contribuir para promover a abertura de capital da subsidiária brasileira da rede.

O resultado da precificação das ações do Carrefour reflete preocupações do mercado com a maior rede de varejo de alimentos do País, segundo fontes ouvidas pela Reuters. Gestores de fundos disseram que o preço na metade superior da faixa indicativa garantiria ao Carrefour um grande prêmio sobre seu maior concorrente, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), apesar da falta de vantagens competitivas significativas.

O Carrefour assumiu a liderança no varejo de alimentos brasileiro em 2014, em meio a uma piora das vendas dos hipermercados Extra, do GPA, controlado pela companhia francesa Casino. A diferença no desempenho dos dois rivais foi encolhendo gradualmente a partir do segundo semestre de 2016, até ser zerada nos primeiros meses deste ano.

De acordo com um relatório do banco Brasil Plural, o Carrefour tem entre suas vantagens um modelo de atacarejo mais maduro e lucrativo, mas que vem perdendo força à medida em que o Assaí, também do Pão de Açúcar, avança.

O IPO, porém, deverá ajudar o Carrefour Brasil a ganhar força financeira para enfrentar o GPA, que se beneficia do fato de possuir uma rede de lojas com diferentes perfis, como o Pão de Açúcar (voltado para classes mais alta) e o atacarejo Assaí.

O Carrefour estreia na B3 na quinta-feira (20) e será listado no Novo Mercado, segmento de exigências de governança corporativa mais elevado da Bolsa.

Movimento. Na próxima sexta-feira, será precificada a oferta da companhia do setor farmacêutico Biotoscana, que, após questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), postergou a precificação de sua oferta, para ter tempo de reapresentar demonstrativos financeiros.

Na próxima semana estão previstas ainda as definições de valor das ofertas da resseguradora IRB Brasil Re e da companhia do setor de energia renovável Ômega Geração.

A despeito da crise política criada após a delação do empresário Joesley Batista, as companhias preferiram seguir com seus planejamentos e garantir a captação o mais cedo possível. Segundo fontes, a percepção é que o ambiente econômico corre o risco de ficar ainda mais obscuro à medida que a eleição de 2018 se aproximar.

Além disso, tem contado a favor o excesso de liquidez global e investidores com baixa exposição em emergentes, o que contribui para a chegada de fluxo de capital ao País. /FERNANDA GUIMARÃES, FERNANDO SCHELLER, MONICA SCARAMUZZO, COM REUTERS

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