Será que o remédio genérico é mais barato?
24 de agosto de 2017 Rebeca Petrucci
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Alguns remédios genéricos custam mais barato que os de marca, mas outros custam bem mais caro
Compostos pelos mesmos componentes, como os genéricos podem ser mais baratos? Eles realmente funcionam? Realmente todos eles saem mais em conta do que os remédios de marca? São muitas as dúvidas quando se fala em medicamento genérico. É assim ainda hoje, 16 anos depois de entrarem no mercado brasileiro. Tribuna fez um levantamento para saber se é sempre mais vantajoso optar pelo medicamento genérico.
A descoberta foi de que alguns genéricos custam mais caro que os de marca, ou com o mesmo preço, variando de laboratório. A diferença chega a 54% em alguns produtos. A reportagem encontrou em farmácias da cidade (grandes redes e independentes) e online, alguns remédios com preços até 54% superiores em relação ao medicamento de referência, quando deveriam custar, por lei (9.787, de fevereiro de 1999), no mínimo 35% menos.
Para análise, foram escolhidos alguns dos medicamentos mais comercializados nos últimos anos como: omeprazol, azitromicina, sinvastatina e cloridrato de sertralina, rosuvastatina (para colesterol) e amoxicilina + clavulanato de potássio A (antibiótico).
A reportagem consultou o preço dos medicamentos e constatou que os medicamentos que levam omeprazol, azitromicina, sinvastatina e cloridrato de sertralina na sua formulação são, significativamente, mais baratos quando são genéricos. Em geral, chegam a 50% mais em conta.
Também atingem diferença de pelo menos 50% entre o genérico e de marca, os analgésicos em geral como: dipirona e paracetamol e antialérgicos. Já entre as maiores diferenças, que tornam o remédio de marca uma melhor opção, estão a rosuvaltatina e amoxicilina + clavulanato de potássio.
O primeiro, a rosuvastatina de 5 mg com 30 comprimidos, pode custar cerca de R$ 77 (genérico) e R$ 50 (de referência) em estabelecimentos da cidade. Diferença de 54%. Em sites da internet, algumas farmácias tem o remédio de marca a R$ 57 e o genérico (de alguns laboratórios) por R$ 63 – diferença de 10,5%.
No caso dos antibióticos compostos com amoxicilina + clavulanato , a caixa com 14 comprimidos pode ser encontrada por R$ 117 (genérico) e R$ 79 (de referência). Diferença de 48,01% entre farmácias locais. Algumas farmácias da cidade quando o preço do genérico não é maior, pode ser encontrado então pelo mesmo preço.
De acordo com o proprietário da Farmácia Romana, Edson José Rodrigues, a porcentagem de genéricos mais caros que os remédios de referência é pequena e o fenômeno se deve a concorrência de mercado. “Quando os genéricos surgiram eram muito mais baratos e os laboratórios para recuperarem mercado passaram a baixar o valor dos seus produtos e brigar com a concorrência e vender mais”, disse ele.
Ainda segundo Rodrigues, o consumidor deve ficar atento para diferença de preço e sempre perguntar o preço tanto do genérico, quanto do de marca. Pesquisar é fundamental. “Pergunte para ver se é mais barato. Se perguntou e o genérico for mais caro, negocie. A vantagem que ele pode levar neste caso pode ser ainda maior, já que o genérico permite descontos muito maiores do que os de marca e podemos chegar a um valor mais baixo no final”, emendou Rodrigues.
E a lei para custar 35% mais barato?
Diante das diferenças detectadas pela Tribuna e a constatação de que o preço dos remédios genéricos estão mais caros que os de marca, a reportagem entrou em contato com a Anvisa para saber se esta política de preço é legal.
A Lei 9.787 de 1999 determina que os remédios genéricos devem custar, no mínimo, 35% a menos que os remédios de referência. O órgão informou que pela lei, o remédio genérico já entra no mercado a um preço mais barato que o produto de marca. Essa redução representa um desconto de pelo menos 35% em relação ao preço máximo da tabela da Anvisa.
“Acontece que em razão da concorrência, alguns medicamentos de referência aplicam descontos e vendem medicamentos abaixo do preço máximo permitido, chegando até a serem comercializados com preços mais baratos que os genéricos. Em resumo, a comparação deve ser feita entre os preços máximos. Um medicamento não pode ser vendido com preço maior do que o teto, mas pode sim aplicar descontos e ser comercializado com preços inferiores ao teto. Pode verificar os preços máximos autorizados em:http://portal.anvisa.gov.br/consulta-lista-de-preco-de-medicamento”, informou em nota a Anvisa.
A Anvisa também orienta o consumidor que quando identificado o descumprimento da lei, eles devem procurar seus direitos. “Caso o teto não esteja sendo respeitado, o consumidor deve procurar as autoridades de defesa do consumidor ou os órgãos de vigilância locais (vinculados às Secretarias de Saúde dos estados e municípios).
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Rebeca Petrucci