Premiação, realizada em parceria com a Economática, analisou as empresas de capital aberto com melhor desempenho em 2016
Luana Pavani, O Estado de S.Paulo
15 Julho 2017 | 05h00
Resistência à instabilidade econômica sem perda da capacidade de investimento. Esta foi a tônica das estratégias de negócio das vencedoras do ‘Prêmio Broadcast Empresas’, ranking de companhias de capital aberto da Agência Estado em parceria com a Economática, referente ao ano de 2016. A 17.ª edição do levantamento mostra que o investidor que procurou na Bolsa empresas de horizonte bem definido e foco no longo prazo teve um rendimento acima da média do mercado, apesar das adversidades do cenário.
A vencedora foi a RD, novo nome da Raia Drogasil, que atua em um segmento mais resistente à recessão, o varejo farmacêutico. A RD também levou o prêmio especial Novo Mercado, destacando-se entre as listadas no mais alto nível de governança corporativa da Bolsa.
Ainda que a crise tenha atingido a renda dos consumidores, a vencedora do ranking bateu seu recorde de abertura de lojas em 2016. Além da expansão, a companhia viu as vendas nas unidades antigas crescerem 14% e contou com alguns fatores favoráveis, como o reajuste de 12,5% nos preços dos medicamentos a partir de abril do ano passado.
Mas, para 2017, o reajuste foi menor, de 4,76%. “Acreditamos que 2017 é um ano bom, mas não de ganhos de margem como no ano passado”, diz o presidente da rede, Marcílio Pousada.
Também do setor de saúde, o Grupo Fleury segue com o plano de expansão tanto via abertura de unidades quanto em busca de aquisições. O espaço para crescer surgiu com a estratégia traçada no ano passado, de mirar o atendimento em clientes de maior renda. “Focamos no público premium e no intermediário, que buscam reestruturar suas finanças e preservar seus planos de saúde”, afirma o presidente do Grupo Fleury, Carlos Marinelli.
A companhia sagrou-se campeã ainda em mais dois prêmios, o de Small Cap, por ser a mais bem posicionada no ranking geral, que pertence à carteira da B3 de empresas de médio e pequeno porte, o índice SMLL; além do Sustentabilidade, seguindo o mesmo critério, para o índice ISE.
“Em um cenário no qual alcançar bons resultados é um dos maiores desafios de grandes empresas, o ranking confirma que por meio de competência e boa governança é possível estar entre os principais e melhores investimentos na Bolsa”, explica Daniel Parke, diretor geral da Agência Estado.
A terceira colocada, a Wiz Corretora, é do setor de seguros, também considerado uma opção de proteção em meio à turbulência por analistas do mercado financeiro. Por ser forte geradora de caixa, a empresa divide com acionistas 100% de seu resultado. O presidente da Wiz, João Francisco da Silveira Neto, lembra que a corretora tem reforçado sua relevância, buscando diversificação.
“O ranking mostra que a rentabilidade das vencedoras foi uma recompensa pela coragem de investir em meio às adversidades”, diz o presidente da Economática, Fernando Exel. Segundo ele, 2016 foi o quinto ano seguido de rentabilidade das empresas de capital aberto na casa de um dígito. As dez vencedoras obtiveram média de 22,1% no indicador, medido pela razão do lucro líquido sobre patrimônio líquido, em 2016.
Método. A presente edição do Prêmio Broadcast Empresas teve participação de 185 empresas com ações negociadas na B3, patrimônio líquido acima de R$ 10 milhões divulgado seus balanços e em dia com credores no período analisado.
A metodologia avalia sete indicadores. As menores pontuações representam as melhores posições. Dessa forma, a primeira colocada em liquidez, por exemplo, recebe a nota 1. Para chegar ao resultado final, é feita uma média simples de todos os pontos obtidos nos sete critérios: a variação da rentabilidade patrimonial; pagamento de dividendos em relação ao patrimônio; índice preço/lucro (PL); preço/valor patrimonial da ação (P/VPA); oscilação da ação; volatilidade da ação; e liquidez. Cada empresa é representada pela ação mais líquida (ON ou PN). / COLABORARAM DAYANNE SOUSA, ALINE BRONZATI e CYNTHIA DECLOEDT