Cervejaria investe R$ 2 milhões para abrigar produção de terceiros
Modelo resulta em ganho de competitividade do setor
Mara Bianchetti
A cervejaria reúne cerca de 40 produtores e mais de 100 rótulos produzidos no mesmo local
Assim como outros segmentos, as microcervejarias também têm encontrado nas parcerias uma alternativa para o ganho de competitividade e elevação do faturamento em um mercado que não para de crescer. A chamada “produção cigana” tem ganhado cada vez mais espaço entre as fábricas já estruturadas existentes em Minas Gerais e garantido uma importante fatia do mercado entre as gigantes do setor.
Este é o caso, por exemplo, da Cervejaria Capim Branco, produtora da cerveja Artesamalte. Localizada no município de mesmo nome, na região Central do Estado, a microcervejaria realizou recentemente um investimento de R$ 2 milhões, com parte do capital privado e parte proveniente de financiamento, visando abrir o parque fabril a produtores que não tivessem onde produzir suas cervejas.
E o resultado não poderia ser melhor. De acordo com o sócio-proprietário da marca, Augusto Viana de Melo Figueiredo, hoje já são cerca de 40 produtores e mais de 100 rótulos produzidos no mesmo local, com matéria-prima importada e água direto da fonte.
Melo aponta que as parcerias trazem competitividade em um mercado muito desigual, por conta da elevada carga tributária. “Juntos temos força para comprar e para vender, uma vez que rateamos os custos com insumos e mão de obra. Somente assim, conseguimos entrar nesse mercado complexo, mas tão promissor”, explicou.
Ele se refere às grandes marcas e à complexa e elevada tributação do mercado de bebidas alcoólicas. “A carga tributária já é elevada, quando falamos de um produto diferenciado o peso fica ainda maior. Para piorar, as grandes cervejarias vendem um produto tradicional como se fosse artesanal e intitulam suas cervejas como ‘Premium’ ou ‘Puro Malte’, mesmo sabendo que não são”, completou.
Justamente diante desses desafios que os sócios-proprietários da Artesamalte resolveram ampliar o negócio e abrir a produção para terceiros. “Vimos na produção cigana uma maneira de conseguir viabilizar o nosso próprio negócio. Montamos uma espécie de cooperativa de produtores, investimos, potencializamos o que tínhamos em mão e hoje produzimos cerca de 25 mil litros de cervejas para terceiros por mês”, contou.
E a cervejaria ainda tem espaço para crescer. Conforme Figueiredo, com a compra de novos tanques e ampliação da fábrica a capacidade fabril da Cervejaria Capim Branco foi ampliada para 80 mil litros mensal. O investimento de R$ 2 milhões contemplou ainda a criação de um museu.
Expectativas – Com tantos números positivos, a expectativa é encerrar 2017 com crescimento de 20% sobre o ano passado. O desempenho deverá acompanhar a média alcançada nos últimos exercícios. Tanto sucesso, mesmo em meio ao cenário turbulento da economia nacional, é atribuído pelo empresário ao momento vivido pelo setor de cervejaria artesanal, que tem crescido em todo o País.
“A área tem ganhado cada vez mais espaço, com cartas em restaurantes e preços acessíveis nas redes de supermercados. Além disso, com a crise, as pessoas têm trocado os vinhos pelas cervejas artesanais, justamente por possuírem um preço mais acessível e uma qualidade igualmente superior às demais”, concluiu.
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