CERVEJAS NA PAUTA

Domingo – 25 de Fevereiro de 2018 às 08:39

Por: Tempo

As melhores cervejas do BrasilConcurso vai revelar os rótulos premiados; público pode degustar 800 cervejas diferentes na Vila Germânica

Nas próximas semanas, as atenções do meio cervejeiro de todo o país estarão voltadas para uma única cidade: Blumenau. E não estamos falando de uma possível Oktoberfest fora de época. A cidade catarinense, que recebeu o título oficial de Capital Nacional da Cerveja, de acordo com o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 39/2016, vai abrigar a décima edição do Festival Brasileiro da Cerveja.

De 7 a 10 de março, o evento vai preencher o Parque Vila Germânica com os aromas e sabores provindos de mais de 800 cervejas produzidas Brasil afora, que poderão ser degustadas por um público exigente e aberto a novas experiências.

“Percebemos que as pessoas buscam novos estilos e novos sabores, fugindo do tradicional que encontramos nos supermercados.

O festival é um dos principais incentivadores para que o público experimente esses novos sabores de cervejas. Hoje são mais de 700 cervejarias artesanais inscritas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e o festival é uma das principais formas de exposição das novas fórmulas e das novas marcas”, explica Guilherme Guenther, diretor administrativo financeiro do Parque Vila Germânica.

A procura é tão grande que os estandes do festival foram todos comercializados desde julho do ano passado. Vão participar 130 cervejarias, e 40 empresas estão na lista de espera.

Concurso

Uma das principais atrações da programação do festival é o Concurso Brasileiro da Cerveja, que é considerado o maior da América Latina e o segundo maior do mundo em número de rótulos. Ter uma cerveja premiada pode significar a ascensão de uma microcervejaria ou de um cervejeiro cigano (que não possui equipamentos próprios e produz em fábricas de terceiros).

No dia 6 de março, antes da abertura do festival, são reveladas as melhores cervejas de cada estilo, bem como as melhores do evento, com direito a cerimônia de premiação no nível de um “Oscar da Cerveja”.

Este ano, o concurso registrou recorde de inscrições, com a participação de 2.859 rótulos diferentes de cervejas brasileiras, 40% a mais do que em 2017, quando foram registradas 2.034 inscrições. “Foram inscritas cervejas de mais de 470 cervejarias. Isso significa que praticamente 70% das cervejarias do Brasil enviaram amostras para o concurso”, destaca Guenther.

O concurso também é um indicador de como a cultura cervejeira está se disseminando pelo país. Além dos tradicionais Estados cervejeiros do Sul e do Sudeste, Alagoas, Amazonas e Rio Grande do Norte têm representantes na competição pela primeira vez.

Minas Gerais

Os mineiros também estão conquistando espaço no concurso. No ano passado, nove cervejarias, localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte e no interior, alcançaram premiações e voltaram para casa com pelo menos 20 medalhas.

De acordo com Cristiano Lamego, superintendente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral de Minas Gerais (Sindbebidas-MG), o volume de produção mensal no Estado é de 1,8 milhão de litros. Já o crescimento médio do setor foi de 14%.

“Em janeiro deste ano, houve a entrada das microcervejarias no Simples Nacional. Então, achamos que isso vai reduzir o custo tributário das cervejarias, os preços vão ficar mais competitivos e devem chegar mais baixos ao consumidor final. Em função disso, a nossa expectativa é que o setor cresça de 19% a 20% em 2018”, pontua Lamego.

[entrevista olho] Foram inscritas bebidas de mais de 470 cervejarias. Isso significa que quase 70% das indústrias brasileiras do setor enviaram amostras [/entrevista olho]
Resultado está nas mãos dos juízes

As amostras dos 2.859 rótulos inscritos serão divididas em 150 estilos e serão analisadas por uma comissão formada por 84 juízes nacionais e internacionais.

“Nenhum juiz sabe o que está julgando. Nós não temos acesso aos rótulos que caem em nossas mesas, então não tem como escolher a cerveja dos amigos para ganhar prêmios. A análise exige do juiz uma concentração muito grande para não cometer a injustiça de desclassificar uma cerveja por gosto pessoal. Isso não é o que impera, a gente julga por meio de critérios técnicos descritos nos guias”, afirma Fabiana Arreguy, beer sommelier e uma entre os três juízes mineiros que participarão do concurso.

De acordo com Marco Falcone, professor e juiz, as cervejas com defeitos graves (os chamados “off- flavors”) são desclassificadas. Ele destaca a importância dessa análise como incentivo para as cervejarias. “É uma missão de muita responsabilidade, porque, naquele momento, fazemos o papel de consultores desse fabricante. A opinião que eu dou pode ajudar a melhorar a cerveja ou ignorar erros que podem estar prejudicando a venda dela. É um trabalho voluntário e de entusiasmo que completa o trabalho no meio cervejeiro”, afirma Falcone.

Agenda

Festival Brasileiro da Cerveja
Data: 7 a 10/3
Local: Parque Vila Germânica, em Blumenau

Concurso Brasileiro da Cerveja
Data: 3 a 5/3
Premiação: 6/3 (evento fechado)

Feira Brasileira da Cerveja
Data: 7 a 10/3

Indústria
Europeias de olho no Brasil
A Feira Brasileira da Cerveja, que também ocorre no Parque Vila Germânica, é voltada para maquinários, serviços e insumos cervejeiros. “Pela primeira vez, contamos com uma área específica para empresas internacionais que estão enxergando no Brasil um mercado atrativo”, informa Guilherme Guenther, diretor administrativo do parque.

Defeitos
‘Off-flavor’ elimina rótulos
Os “off-flavors” são os defeitos das cervejas. Eles podem ser percebidos durante a análise sensorial. “Os mais comuns são o diacetil (lembra manteiga rançosa), o dimetilsulfureto (ou DMS, que remete à água de milho verde) e a oxidação (parecida com papelão molhado), muito comum nas cervejas transportadas em viagens”, explica o juiz Marco Falcone.

Inscrições
Número não é qualidade
A beer sommelier e juíza Fabiana Arreguy alerta que o grande número de rótulos inscritos no concurso não significa qualidade. “A gente tem acesso a muitas cervejas bem ruins, o que mostra que nosso mercado ainda está bem imaturo”, afirma.

0 respostas

Deixe uma resposta

Quer participar da discussão?
Fique a vontade para contribuir!

Deixe uma resposta