Cientistas desenvolvem remédios capazes de deter superbactérias

Medicamentos à base de inibidores de enzima não são tóxicos nem têm efeitos colaterais

Rio de Janeiro. A guerra contra as superbactérias ganhou mais um capítulo importante. Pesquisadores descobriram que medicamentos à base de inibidores da enzima LpxC são capazes de tratar doenças causadas por micróbios muito difíceis de serem combatidos atualmente. Os resultados do estudo, realizado nos Estados Unidos, foram publicado no periódico científico “mBio”.

“A rápida disseminação da resistência antimicrobiana destaca a necessidade urgente de novos antibióticos. Aqui, descrevemos uma nova classe de antibióticos sem resistência cruzada com antibióticos convencionais”, dizia um trecho do estudo.

De acordo com os estudiosos da Universidade Duke, nos Estados Unidos, vários experimentos em laboratório – com pelo menos 12 diferentes tipos de superbactérias – demonstraram a eficiência do inibidor da enzima LpxC para tratar infecções bacterianas graves. O composto, batizado de LPC-069, não foi considerado tóxico pelos pesquisadores.

A droga desenvolvida a partir dessa mistura, de acordo com os autores do estudo, não apresentou efeitos colaterais sérios em nenhuma das doses testadas, incluindo a mais alta. A enzima, inclusive, surtiu efeitos satisfatórios no combate à peste bubônica – doença pulmonar infecciosa diagnosticada em mais de mil pessoas ao ano no mundo, que é fatal caso não seja tratada de maneira adequada.

Os testes. Em modelos in vivo, os pesquisadores perceberam que o composto LPC-069 provocava uma atividade antibiótica nas células contra diversas doenças bacterianas, incluindo linhagens resistentes a múltiplos fármacos.

Em outra parte do estudo, os pesquisadores relatam que injetaram a bactéria que causa a peste bubônica em 15 camundongos, divididos em dois grupos. Após 18 horas de exposição à infecção, parte dos camundongos foram tratados com alta dose de LPC-069. Cinco dias depois, os ratos que não receberam o composto estavam mortos, enquanto os ratos tratados com LPC-069 haviam sobrevivido.

As bactérias também foram cultivadas em pacientes do Hospital Universitário de Lille, na França, com exceção da Yersinia pestis, que causa a peste bubônica, testada apenas em camundongos.

Dominação

Habilidade. A capacidade de bactérias de passar por mutações para vencer medicamentos desenvolvidos para matá-las é chamada de resistência antimicrobiana – ou resistência a antibióticos.

Rio de Janeiro. O total de bactérias que não podem ser combatidas por antibióticos vem aumentando no Brasil e já responde por 23 mil mortes anuais no país, afirmam especialistas, apesar de não haver números oficiais. Por isso, as chamadas superbactérias são consideradas a próxima grande ameaça global em saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um exemplo é a Acinetobacter spp. A bactéria pode causar infecções de urina e da corrente sanguínea e pneumonia. Ela foi incluída na lista da OMS como uma das 12 bactérias de maior risco à saúde humana por sua alta resistência.

Dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostraram que 77,4% das infecções da corrente sanguínea registradas em hospitais pela Acinetobacter spp. Em 2015, foram causadas por uma versão resistente a antibióticos poderosos.

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