Composto da maconha usado para tratar convulsões muda níveis de outras drogas

Regularizado no Brasil em 2015 para terapias experimentais, canabidiol interage com outros medicamentos antiepiléticos e pode alterar função hepática, aponta estudo publicado no 'Epilepsia'.

Por G1

07/08/2017 08h03

Estudo publicado nesta segunda-feira (7) no "Epilepsia", revista científica do League Against Epilepsy, mostrou que o derivado da maconha canabidiol altera os níveis de outras drogas antiepiléticas no sangue. O composto é usado experimentalmente para o tratamento de convulsões ligadas a epilepsias resistentes a tratamentos.

O achado é uma observação de estudo em andamento da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, que está testando a eficácia do canabidiol em convulsões ligadas à epilepsia. No Brasil, testes estão sendo conduzidos na USP em Ribeirão Preto.

O grupo do Alabama incluiu 39 adultos e 42 crianças. Como a maioria delas usa outras drogas, pesquisadores começaram a observar também como o CBD mudava o nível de medicamentos antiepiléticos no sangue.

Eles observaram mudanças significativas em drogas como clobazam, topiramato e rufinamida em adultos e crianças — todas usadas também para o controle de convulsões. Em relação ao clobazam, adultos registraram maior sensação de "sedação".

Os pesquisadores também mostraram que os participantes que tomavam valproato e CBD apresentaram função hepática alterada temporariamente. Exames indicaram níveis elevados de ALT e AST, testes que indicam função anormal do fígado. No entanto, elevação considerada significativa ocorreu apenas em um pequeno número de pacientes (4 crianças e 1 adulto).

Com os achados, cientistas chamam a atenção para a importância da observação de como o canabidiol interage com outras drogas, bem como a necessidade de se acompanhar a função do fígado nesses usuários.

O uso do canabidiol foi regularizado no Brasil em 2015 para epilepsias resistentes a outras formas tratamento. A importação é concedida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mediante laudo médico.

Há, no entanto, ainda muitas dúvidas quanto à interação do composto com outros medicamentos – já que a maioria dos usuários usa a substância combinada com outras drogas.

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