Crianças e adolescentes com câncer no ES ficam sem quimioterapia por falta de medicamento

Medicamento dactinomicina, que deveria estar sendo fornecido pelo Ministério da Saúde, está em falta no Hospital Infantil de Vitória.

Por Fábio Linhares, TV Gazeta

03/08/2017 19h23

Crianças e adolescentes com câncer estão tendo que suspender o tratamento por causa da falta de uma remédio, que deveria estar sendo fornecido pelo Ministério da Saúde. Sem a medicação dactinomicina, a quimioterapia não pode ser feita em alguns casos.

É o caso do estudante Jhonatan Moraes, de 17 anos, que descobriu o câncer no início de 2016 e desde então vem se tratando no setor de oncologia do Hospital Infantil de Vitória. O problema com o medicamento começou no mês passado, quando o tratamento precisou ficar incompleto.

"Eu faço quimioterapia uma vez por mês. São três dias de procedimento, mas no mês passado eu só fiz um porque não tinha o remédio para eu fazer os três dias seguidos", falou.

Um documento foi entregue pelo hospital à família de Jhonatan, informando a falta do remédio dactinomicina e que a falta de tratamento coloca em risco o tratamento e reduz as chances de cura. Não há previsão de quando o medicamento vai chegar.

"Ele passou um ano e seis meses fazendo tudo certinho, mas aí chega agora e para. É muito triste, mas a gente vai fazer o que?", falou a tia de Jhonatan, Jane Moraes.

A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou, por meio de nota, que a compra do medicamento é de responsabilidade do Ministério da Saúde e 500 frascos do remédio foram solicitados ao governo federal, mas só chegaram 200. A Sesa ainda informou que buscou parcerias com outros estados para conseguir o medicamento, que durou até o final de julho.

O próprio Hospital Infantil orientou as famílias a procurar a Defensoria Pública e entrar na justiça para conseguir o medicamento. "Se todas as mães se unirem e pedirem, quem sabe não funciona? Deus ajuda que eles mandem logo o medicamento, porque é muito importante para os nossos filhos", falou a tia.

Pelo menos 15 famílias já procuraram a Defensoria Pública com o mesmo problema. "Há casos que a criança acabou de ser diagnosticada e iria começar o tratamento, mas não vai poder, por causa da falta do medicamento, e há casos também da criança que estava na última sessão de quimioterapia e que não conseguiu fazer porque o medicamento acabou", falou a defensora pública estadual Thaiz Onofre.

As defensorias públicas estadual e federal entraram na justiça com uma ação civil pública. "Como se trata de uma questão muito urgente, a gente já entrou com uma ação para que esse medicamento volte a ser distribuído em todo o estado", falou o defensor Frederico Soares.

Segundo os médicos, a dactinomicina é um medicamento indispensável para o tratamento de câncer, principalmente o infantil. O remédio não é de alto custo e está na lista de remédios oferecidos pelo Ministério da Saúde. A falta desse medicamento tão importante surpreendeu os defensores.

"Não deveria ter esse atraso, principalmente porque é para o tratamento de crianças", frisou o defensor.

Enquanto o remédio não chega, Jhonatan estuda e sonha em conquistar a cura da doença e poder ajudar outras crianças.

"Eu pretendo fazer faculdade de direito, para que no futuro eu possa lutar para que outras crianças não passem pelo que estou passando hoje", falou o estudante.

Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde disse, em nota, que concentrou a compra da dactinomicina por causa do risco de desabastecimento do remédio. A única empresa que tinha o registro de importação do medicamento parou de importar o produto.

O Ministério também afirmou que o medicamento já foi comprado e está em processo de liberação, mas não informou quando o medicamento chega no Espírito Santo.

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