Falta de medicamento no AP impede que paciente continue tratamento contra câncer
Fluorouracila é utilizada nas sessões de quimioterapia. Secretaria de Saúde diz que produção do remédio foi cancelada pelos laboratórios; médicos da Unacon deverão prescrever outra fórmula.
Por Jéssica Alves, G1 AP, Macapá
17/07/2017 07h45
Sem dar continuidade ao tratamento há três meses, a vendedora Janilda dos Santos enfrenta aos 27 anos a batalha contra um câncer nos ovários e intestino. A doença foi descoberta em dezembro e ela depende de uma medicação específica para fazer as sessões de quimioterapia. O remédio está em falta na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá.
De acordo com o pai da paciente, Elias Nogueira, de 56 anos, Janilda precisa de pelo menos seis doses, por sessão, de um medicamento chamado fluorouracila, que inibe o crescimento de células cancerígenas. Ele diz que desde abril vai quase todos os dias a Unacom em busca do remédio, mas sem sucesso.
“A administração do hospital sempre informa que vai conseguir os medicamentos, mas chego lá e não consigo. Ela iniciou a quimioterapia em janeiro. Mas com a falta do remédio, o tratamento foi interrompido”, disse Nogueira.
Sobre a falta do medicamento, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse, em nota, que "orienta aos pacientes que retornem ao médico para substituição da prescrição do medicamento sem que haja prejuízo com relação ao tratamento".
A Sesa explicou ainda que os laboratórios responsáveis pela produção do medicamento encaminharam à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o cancelamento definitivo e/ou temporário, sem previsão de retorno".
A paciente fez uma cirurgia, em janeiro, para retirar um tumor, mas não houve melhora, de acordo com a família. A vendedora está afastada do trabalho desde dezembro, devido à dores no intestino e dificuldades para se alimentar.
“Não tenho condições de comprar os medicamentos porque eles custam muito caro. Até pedi encaminhamento para que ela fosse transferida para outra cidade, mas o hospital diz ter o tratamento no estado. Mas onde estão os medicamentos e porque não são fornecidos a quem precisa?”, questionou.
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