Faltam antibióticos e remédio para pressão alta nos postinhos

Pacientes que procuram as farmácias de Unidades Básicas de Saúde de Rio Preto saem de mãos vazias. Alguns suplementos e anti-inflamatórios também estão em falta

Tatiana Pires

O ano de 2018 começou mal para os moradores de Rio Preto que precisam retirar medicamentos na rede pública de saúde. Pacientes que fazem tratamentos e necessitam de remédios para pressão, anti-inflamatórios e antibióticos, além de suplemento de cálcio e vitamina D estão voltando para casa sem os medicamentos. A Prefeitura informou que soube que poderia ter falta de medicamentos desde o dia 10 de dezembro e que a falta ocorreu pelo atraso na entrega dos produtos, em razão das empresas fornecedoras darem férias coletivas aos seus funcionários.

O aposentado Adão Pereira da Silva, 76 anos, chegou na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Vetorazzo com uma receita contendo seis medicamentos e só conseguiu pegar dois: a losartana e anlodipino, ambos no tratamento da hipertensão. Ele sofre de problemas cardíacos e pressão alta. "Tenho medo de ficar sem o medicamento, porque o médico disse que se não tratar direitinho, que se eu esquecer de tomar um só dia, é um caminho para o São João Batista e eu quero viver muito ainda", afirmou o aposentado.

Acompanhando a mãe, que tentou retirar os suplementos de cálcio e vitamina D, Neuza Dalceco de Moura, 49 anos, também não conseguiu os remédios para o marido que tem hipertensão. "Meu marido passa pelo médico de seis em seis meses e a gente sempre ouve que não pode descuidar. E agora não tem o remédio para ele", disse, acrescentando que fica preocupada também com a falta dos medicamentos para a mãe, Lurdes Albertini, 69. "Se é para tomar todos os dias, ficar sem prejudica, não é mesmo?".

Sem o medicamento Enalapril, que trata da hipertensão, José Rubem Zaqueu disse que ainda têm alguns comprimidos em casa. "Vou torcer para que dê até chegar aqui. Se não, terei que comprar. Não posso ficar sem".

Sorridente, a aposentada Iraci Lima Sousa, 92 anos, está cheia de vida e precisa dos suplementos de cálcio e vitamina D para controlar a osteoporose. A falta desses itens não a preocupa: "Isso acontece sempre. A gente vai levando. Não disseram quando vai chegar, então, vou voltar semana que vem para ver se tem".

Riscos

Medicamentos para tratar hipertensão são de uso contínuo e, de acordo com o cardiologista Antônio Hélio Pozetti, a falta pode comprometer o tratamento. "Os remédios são para o controle e o uso é crônico. A pessoa não tem como usar por um período e depois parar. Ela tem que usar, provavelmente, pelo resto da vida. A falta pode levar a problemas agudos como um AVC (Acidente Vascular Cerebral), um infarto e problemas crônicos, como insuficiência renal, insuficiência cardíaca, entre outros problemas."

No caso da falta de antibióticos, os problemas são agudos, conforme o cardiologista. "A pessoa não vai tratar adequadamente a infecção, por exemplo, uma pneumonia, uma infecção de urina. Isso pode fazer com que o quadro se agrave e a paciente tenha que ser internada, gerando mais custos para o SUS, além disso com risco de vida, porque a doença, a infecção, não está sendo tratada."

Os anti-inflamatórios, geralmente, não oferecem risco de morte. A falta desse medicamento está relacionada à qualidade de vida do paciente. "Analgésicos e anti-inflamatórios são para melhorar os sintomas da dor. Determinados tipos de dor só resolve com anti-inflamatórios", explica Antônio.

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